Injeção intravenosa da vacina BCG se mostra mais efetiva que a injeção intradérmica na proteção contra a tuberculose
Mycobacterium tuberculosis (Mtb) é a principal causa de morte por infecção1 em todo o mundo. A única vacina2 disponível, BCG3 (Bacillus Calmette-Guérin), é administrada por via intradérmica e tem eficácia variável contra a tuberculose4 pulmonar, a principal causa de mortalidade5 e transmissão da doença. Enquanto essa vacina2 protege os bebês6 contra algumas formas graves de tuberculose4, ela acaba perdendo o efeito e não protege adolescentes ou adultos contra infecções7 pulmonares.
Neste estudo publicado pela revista Nature, mostrou-se que a administração intravenosa de BCG3 altera profundamente o resultado protetor da exposição ao Mtb em primatas não humanos (Macaca mulatta).
O estudo testou diferentes maneiras de administrar a vacina2 BCG3 a seis grupos de macacos rhesus, que são ainda mais suscetíveis à tuberculose4 do que as pessoas.
O primeiro grupo recebeu a dose padrão pela via normal de injeção8 na pele9, um segundo recebeu uma dose muito mais forte, um terceiro inalou um aerossol contendo a vacina2, um quarto recebeu injeção8 e aerossol e um quinto recebeu a dose mais forte pela veia. O sexto, o grupo controle, não recebeu vacina2.
Em comparação com a administração intradérmica ou em aerossol, a imunização10 intravenosa induziu substancialmente mais respostas de células11 T CD4 e CD8 responsivas ao antígeno12 no sangue13, baço14, lavado broncoalveolar15 e linfonodos16 pulmonares. Além disso, a imunização10 intravenosa induziu uma alta frequência de células11 T responsivas ao antígeno12 em todos os tecidos do parênquima17 pulmonar.
Seis meses após a vacinação com BCG3, os macacos foram expostos ao Mtb virulento. Notavelmente, nove em cada dez macacos que receberam a vacina2 intravenosa de BCG3 foram altamente protegidos, com seis macacos não mostrando níveis detectáveis de infecção1, conforme determinado pela tomografia por emissão de pósitrons – tomografia computadorizada18, de crescimento micobacteriano, de patologia19 e de formação de granulomas20.
A descoberta de que a BCG3 intravenosa impede ou limita substancialmente a infecção1 por Mtb em macacos rhesus altamente suscetíveis tem implicações importantes para o fornecimento da vacina2 e o desenvolvimento clínico, e fornece um modelo para definir correlatos imunes e mecanismos de proteção induzida pela vacina2 contra a tuberculose4.
São necessários mais testes antes que os humanos possam ser inoculados dessa maneira.
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Fonte: Nature, publicação em 01 de janeiro de 2020.