Gostou do artigo? Compartilhe!

54% dos exames pélvicos e 71% dos testes de Papanicolau realizados em mulheres jovens dos Estados Unidos são potencialmente desnecessários

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

O exame pélvico1 não é mais recomendado para mulheres assintomáticas e não grávidas e pode causar danos, como resultados de testes falso-positivos, superdiagnóstico, ansiedade e custos desnecessários. O exame pélvico1 bimanual (EPB) é um componente invasivo e controverso do exame. O rastreamento do câncer2 do colo do útero3 não é recomendado para mulheres com menos de 21 anos.

O objetivo deste estudo, publicado pelo periódico JAMA Internal Medicine, foi estimar a prevalência4 de testes potencialmente desnecessários de EPB e Papanicolau5 realizados entre meninas adolescentes e mulheres com menos de 21 anos (doravante denominadas mulheres jovens) nos Estados Unidos, e identificar fatores associados ao recebimento desses exames.

Leia sobre "Preventivo6 ou papanicolau5" e "Exames preventivos que toda mulher deve fazer".

Uma análise transversal do National Survey of Family Growth, de setembro de 2011 a setembro de 2017, enfocou uma amostra populacional de mulheres jovens de 15 a 20 anos (n = 3.410). A análise utilizou pesos da pesquisa para estimar a prevalência4 e o número de pessoas representadas na população dos EUA. Os dados foram analisados ​​de 21 de dezembro de 2018 a 3 de setembro de 2019.

Os principais resultados foram o recebimento de um EPB ou Papanicolau5 nos últimos 12 meses e a proporção de exames e testes potencialmente desnecessários.

As respostas de 3.410 mulheres jovens de 15 a 20 anos foram incluídas na análise com pesos amostrais de 6 anos aplicados. Entre essas mulheres representadas durante o período de estudo de 2011-2017, 4,8% (IC 95%, 3,9%-5,9%) estavam grávidas, 22,3% (IC 95%, 20,1%-24,6%) foram submetidas a testes de IST (Infecções7 Sexualmente Transmissíveis) e 4,5% (IC 95%, 3,6%-5,5%) receberam tratamento ou medicação para uma IST nos últimos 12 meses. Apenas 2,0% (IC 95%, 1,4%-2,9%) relataram usar DIU e 33,5% (IC 95%, 30,8%-36,4%) usaram pelo menos um outro tipo de contracepção8 hormonal nos últimos 12 meses.

Entre as mulheres jovens americanas pesquisadas, aproximadamente 2,6 milhões (22,9%; IC 95%, 20,7%-25,3%) relataram ter recebido um EPB nos últimos 12 meses. Aproximadamente metade desses exames (54,4%; IC 95%, 48,8%-59,9%) eram potencialmente desnecessários, representando cerca de 1,4 milhão de indivíduos.

O recebimento de um EPB foi associado a um teste de Papanicolau5 (razão de prevalência4 ajustada [aPR], 7,12; IC 95%, 5,56-9,12), teste de infecções7 sexualmente transmissíveis (aPR, 1,60; IC 95%, 1,34-1,90) e uso de contracepção8 hormonal que não seja um dispositivo intrauterino (aPR, 1,31; IC 95%, 1,11-1,54).

Além disso, estima-se que 2,2 milhões de mulheres jovens (19,2%; IC 95%, 17,2%-21,4%) relataram ter feito um exame de Papanicolau5 nos últimos 12 meses e 71,9% (IC 95%, 66,0%-77,1%) desses testes eram potencialmente desnecessários.

Essa análise constatou que mais da metade dos EPBs e quase três quartos dos exames de Papanicolau5 realizados entre mulheres jovens de 15 a 20 anos durante os anos de 2011 a 2017 eram potencialmente desnecessários, expondo-as a danos evitáveis. Os resultados sugerem que pode estar faltando o cumprimento das diretrizes profissionais atuais sobre o uso adequado desses exames e testes.

Veja também sobre "Doenças Sexualmente Transmissíveis", "Dispositivo intrauterino" e "Pílulas anticoncepcionais".

 

Fonte: JAMA Internal Medicine, publicação em 06 de janeiro de 2020.

 

NEWS.MED.BR, 2020. 54% dos exames pélvicos e 71% dos testes de Papanicolau realizados em mulheres jovens dos Estados Unidos são potencialmente desnecessários. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1356103/54-dos-exames-pelvicos-e-71-dos-testes-de-papanicolau-realizados-em-mulheres-jovens-dos-estados-unidos-sao-potencialmente-desnecessarios.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.

Complementos

1 Pélvico: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
2 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
3 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
4 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
5 Papanicolau: Método de coloração para amostras de tecido, particularmente difundido por sua utilização na detecção precoce do câncer de colo uterino.
6 Preventivo: 1. Aquilo que previne ou que é executado por medida de segurança; profilático. 2. Na medicina, é qualquer exame ou grupo de exames que têm por objetivo descobrir precocemente lesão suscetível de evolução ameaçadora da vida, como as lesões malignas. 3. Em ginecologia, é o exame ou conjunto de exames que visa surpreender a presença de lesão potencialmente maligna, ou maligna em estágio inicial, especialmente do colo do útero.
7 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
8 Contracepção: Qualquer processo que evite a fertilização do óvulo ou a implantação do ovo. Os métodos de contracepção podem ser classificados de acordo com o seu objetivo em barreiras mecânicas ou químicas, impeditivas de nidação e contracepção hormonal.
Gostou do artigo? Compartilhe!