Privação de sono aumenta a atividade cerebral do núcleo anatômico das reações instintivas de fuga e luta
Imagens de ressonância magnética1 de homens e mulheres saudáveis mostraram que a privação de sono durante dois dias completos reprograma o cérebro2 redirecionando a atividade cerebral do córtex pré-frontal para o “centro do medo”, a amídala. O medo é uma das emoções animais mais primitivas, instintivas e essenciais para a sobrevivência3, mas também é uma das que mostram respostas comportamentais mais rápidas, menos elaboradas e irracionais.
Sem sono, o cérebro2 volta a um padrão de atividade mais primitivo, no qual é inviável controlar respostas emocionais apropriadas, segundo relata Matthew Walker, coordenador do estudo da Universidade de Berkeley na Califórnia.
Todos nós conhecemos implicitamente a relação entre uma noite mal dormida e o mal humor no dia seguinte. O estudo atual acrescenta quais são as modificações que ocorrem nas atividades cerebrais para o que todos já sabem. Walker e colaboradores da Escola Médica de Harvard usaram imagens de ressonância magnética1, as quais podem mapear as atividades cerebrais em tempo real, para observar o que aconteceu no cérebro2 de 26 adultos jovens voluntários.
Metade manteve-se acordado durante 48 horas ininterruptas. A outra metade dormiu normalmente. Os pesquisadores observaram uma profunda mudança na atividade cerebral dos voluntários que ficaram acordados. Foi como se o cérebro2 destes fosse reprogramado e conectado nas regiões cerebrais de medo, “fuga e luta” e impulso.
Walker pretende estudar pessoas que são cronicamente privadas de sono, talvez permitindo que elas durmam apenas 5 horas por noite durante vários dias - a média de necessidade de sono de um adulto é de 7 a 9 horas por noite. Ele acredita que estes estudos futuros podem melhorar o conhecimento sobre algumas doenças psiquiátricas, já que a pesquisa atual foi a primeira a mostrar como o cérebro2 de pessoas saudáveis mimetiza padrões patológicos cerebrais de certas doenças psiquiátricas quando privado de sono.
Fonte: Current Biology