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Estudo relaciona consumo de carne vermelha a aumento do risco de câncer de mama

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Publicado em fevereiro no British Journal of Cancer1, estudo realizado com 35.372 mulheres britânicas entre 35 e 69 anos mostrou que mulheres (antes e depois da menopausa2) que consomem mais carne apresentam maiores riscos de desenvolver câncer1 de mama3.

De acordo com o estudo, chamando UK Women's Cohort Study (UKWCS) e realizado pela Universidade de Leeds, evidências que ligam o consumo de carne com câncer1 de estômago4, colo5-retal e pâncreas6 estão aumentando. Já os estudos sobre consumo de carne e câncer1 de mama3 têm produzido resultados mais conflitantes. Por isso o UKWCS investigou a relação do câncer1 com a dieta, examinando7 a influência do consumo da carne no risco aumentado de câncer1 de mama3.

Durante os oito anos em que o estudo foi realizado, as 35.375 mulheres selecionadas preencheram questionários projetados para abranger diversas questões sobre a dieta e possibilitar testes para analisar associações significativas entre dietas específicas e a doença. As que consumiam carne vermelha foram comparadas com as que seguiam uma dieta vegetariana (28% se auto-declararam). Os especialistas também levaram em conta fatores como peso, consumo de frutas e verduras, educação e idade. No estudo, os tipos de carne e pratos foram agrupados em quatro categorias: carne vermelha, aves, vísceras e carne processada. A chamada carne total era a soma de todas as categorias. Cada tipo de carne foi agrupado em porções e o consumo foi categorizado em nenhum, baixo, médio e alto.

Os resultados mostraram que as mulheres vegetarianas eram mais jovens, mais fisicamente ativas e tinham Índice de Massa Corporal8 (IMC9) mais baixo do que o das mulheres que consumiam carne. Entre as mulheres com consumo elevado de carne estava o maior número de fumantes, maior Índice de Massa Corporal8 e a proporção mais baixa de empregabilidade em cargos profissionais/gerenciais. As mulheres com consumo médio de carne foram as que apresentaram o consumo mais baixo de frutas e vegetais (menos de 400 gramas diários).

O modelo usado mostrou o aumento do risco do câncer1 de mama3 relacionado ao consumo da carne total - HR (hazard ratios)=1.20 (95% CI: 0.86-1.68) - para mulheres com consumo elevado de carne em relação às que não consomem. O risco relativo estimado para um aumento de consumo total da carne de 50 gramas (aproximadamente meia porção) foi de 1.12 (CI de 95%: 1.02-1.23, Ptrend=0.02).

As mulheres que passaram da menopausa2 e comem mais de 103 gramas de carne por dia ou carne processada têm 64% mais chances de desenvolver o mal. Já as mulheres em período pós-menopausa2 que consomem pequenas quantidades de carne (cerca de 57 gramas por dia) têm 56% de chance de sofrer este câncer1 em comparação com as que não comem carne. Até mesmo as mulheres jovens têm leve risco de sofrer a doença se comerem carne vermelha todos os dias.

Os fatores genéticos são responsáveis por uma pequena proporção dos tumores de mama3 (aproximadamente 5-10%). Algumas das mulheres com histórico familiar de câncer1 de mama3 podem acabar adotando uma dieta vegetariana como forma de prevenção. Entretanto, de acordo com os dados encontrados no UKWCS, se estas mulheres forem geneticamente predispostas ao câncer1 de mama3, as possibilidades de desenvolver a doença continuam altas. Este caso é mais provável entre as mulheres antes da menopausa2, pois as causas genéticas tendem a conduzir ao desenvolvimento precoce do câncer1 de mama3. Tal fato poderia explicar o motivo pelo qual, nas mulheres antes da menopausa2, as vegetarianas têm um risco mais elevado do que nos outros grupos.

Veja o estudo no British Journal of Cancer1: Meat consumption and risk of breast cancer1 in the UK Women's Cohort Study

NEWS.MED.BR, 2007. Estudo relaciona consumo de carne vermelha a aumento do risco de câncer de mama. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/11024/estudo-relaciona-consumo-de-carne-vermelha-a-aumento-do-risco-de-cancer-de-mama.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.

Complementos

1 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
2 Menopausa: Estado fisiológico caracterizado pela interrupção dos ciclos menstruais normais, acompanhada de alterações hormonais em mulheres após os 45 anos.
3 Mama: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
4 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
5 Colo: O segmento do INTESTINO GROSSO entre o CECO e o RETO. Inclui o COLO ASCENDENTE; o COLO TRANSVERSO; o COLO DESCENDENTE e o COLO SIGMÓIDE.
6 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
7 Examinando: 1. O que será ou está sendo examinado. 2. Candidato que se apresenta para ser examinado com o fim de obter grau, licença, etc., caso seja aprovado no exame.
8 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
9 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
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