Instituto Nacional de Câncer divulga as estimativas de incidência de câncer para o ano de 2010 no Brasil
As neoplasias1 malignas são a segunda causa de morte na população, representando quase 17% dos óbitos de causa conhecida, notificados em 2007 no Sistema de Informações sobre Mortalidade2. Para fornecer informação de qualidade e regionalizada, ajudando a controlar o câncer3 no país, o Instituto Nacional de Câncer3 (INCA) lançou a edição das Estimativas 2010: Incidência4 de Câncer3 no Brasil, com informações de referência para os anos 2010 e 2011.
Câncer3 de mama5
O número de casos novos de câncer3 de mama5 esperados para o Brasil em 2010 será de 49.240, com um risco estimado de 49 casos a cada 100 mil mulheres.
Na Região Sudeste, o câncer3 de mama5 é o mais incidente6 entre as mulheres, com um risco estimado de 65 casos novos por 100 mil. Sem considerar os tumores de pele7 não melanoma8, este tipo de câncer3 também é o mais frequente nas mulheres das regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste (30/100.000). Na Região Norte é o segundo tumor9 mais incidente6.
No Brasil, o rastreamento mamográfico para mulheres de 50 a 69 anos é a estratégia recomendada para controle do câncer3 de mama5. O Consenso para Controle do Câncer3 de Mama5, de 2004, considera como principais estratégias de rastreamento um exame mamográfico, pelo menos a cada dois anos, para mulheres de 50 a 69 anos, e o exame clínico anual das mamas10, para mulheres de 40 a 49 anos. Para as mulheres consideradas de risco elevado para câncer3 de mama5 (com história familiar de câncer3 de mama5 em parentes de primeiro grau), recomenda-se o exame clínico da mama5 e a mamografia11, anualmente, a partir de 35 anos.
Câncer3 de pulmão12
O número de casos novos de câncer3 de pulmão12 estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 17.800 entre homens e de 9.830 nas mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 18 casos novos a cada 100 mil homens e 10 para cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele7 não melanoma8, o câncer3 de pulmão12 em homens é o segundo mais frequente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, sendo nas regiões Nordeste e Norte o terceiro mais frequente. Para as mulheres, é o quarto mais frequente nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte, sendo o quinto mais frequente na Região Nordeste.
O hábito de consumo de tabaco é o mais importante fator de risco13 para o desenvolvimento do câncer3 de pulmão12. Comparados com os não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer3 de pulmão12.
Câncer3 de estômago14
O número de casos novos de câncer3 de estômago14 estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 13.820 entre homens e de 7.680 nas mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 14 casos novos a cada 100 mil homens e 8 para cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele7 não melanoma8, o câncer3 de estômago14 em homens é o segundo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste. Na Região Centro-Oeste é o terceiro e nas regiões Sul e Sudeste, o quarto. Para as mulheres é o terceiro mais frequente na Região Norte; é o quarto na Região Nordeste e nas demais regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, é o quinto.
Estratégias para a prevenção do câncer3 de estômago14 incluem melhorias no saneamento básico, mudanças no estilo de vida da população, modificação do consumo alimentar (aumento da ingestão de frutas, legumes e verduras, redução do uso do sal, melhores métodos de conservação alimentar), bem como atitudes individuais como não fumar e manutenção do peso corporal.
A infecção15 por Helicobacter pylori continua sendo o maior fator de risco13 para o desenvolvimento deste tumor9, aumentando cerca de seis vezes a incidência4 desse tipo de câncer3.
Câncer3 do colo do útero16
O número de casos novos de câncer3 do colo do útero16 esperado para o Brasil no ano de 2010 será de 18.430, com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele7 não melanoma8, o câncer3 do colo do útero16 é o mais incidente6 na Região Norte. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, ocupa a segunda posição mais frequente e nas regiões Sul e Sudeste, a terceira posição.
Com exceção do câncer3 de pele7, é o câncer3 que apresenta maior potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente.
Sabe-se hoje que, para o desenvolvimento da lesão17 intraepitelial de alto grau e do câncer3 invasivo do colo do útero16, o Papilomavírus Humano (HPV) é condição necessária; porém, por si só não é uma causa suficiente, uma vez que, para o desenvolvimento, manutenção e progressão das lesões18 intraepiteliais faz-se necessária, além da persistência do HPV, a sua associação com os outros fatores de risco como tabagismo, multiplicidade de parceiros sexuais, uso de contraceptivos orais, multiparidade, baixa ingestão de vitaminas, iniciação sexual precoce e coinfecção por agentes infecciosos como o Vírus19 da Imunodeficiência20 Humana (HIV21) e Chlamydia trachomatis.
No Brasil, o exame citopatológico é a estratégia de rastreamento recomendada pelo Ministério da Saúde22 prioritariamente para mulheres de 25 a 59 anos.
Câncer3 de próstata23
O número de casos novos de câncer3 de próstata23 estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 52.350. Estes valores correspondem a um risco estimado de 54 casos novos a cada 100 mil homens.
Na Região Centro-Oeste o câncer3 de próstata23 é o mais incidente6 entre os homens. Sem considerar os tumores de pele7 não melanoma8, é o mais frequente nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte.
Este é considerado o câncer3 da terceira idade, uma vez que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.
A dieta tem sido apontada em alguns estudos como fator importante na etiologia24 desse câncer3. Uma dieta baseada em gordura25 animal, carne vermelha e cálcio tem sido associada ao aumento no risco de desenvolver câncer3 de próstata23. Já uma dieta rica em vegetais, selênio, vitaminas D e E, licopeno e ômega-3 tem indicado proteção para o desenvolvimento dessa neoplasia26. Alguns estudos apontam a obesidade27 como fator de risco13 para a mortalidade2 por câncer3 de próstata23.
Os métodos de rastreamento disponíveis atualmente, como o PSA, não mostraram, até o momento, sucesso em reduzir a mortalidade2, além de levarem a muitas cirurgias desnecessárias, causando prejuízos tanto financeiros, quanto em qualidade de vida.
Câncer3 de cólon28 e reto29
O número de casos novos de câncer3 de cólon28 e reto29 estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 13.310 casos em homens e de 14.800 em mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 14 casos novos a cada 100 mil homens e 15 para cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele7 não melanoma8, o câncer3 de cólon28 e reto29 em homens é o terceiro mais frequente nas regiões Sul e Sudeste. Na Região Centro-Oeste ocupa a quarta posição. Nas regiões Nordeste e Norte ocupam a quinta posição. Para as mulheres, é o segundo mais frequente nas regiões Sul e Sudeste; o terceiro nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, e o quinto na região Norte.
A história familiar de câncer3 de cólon28 e reto29 e a predisposição genética ao desenvolvimento de doenças crônicas do intestino (como as poliposes adenomatosas) configuram-se como o mais importante fator de risco13 para o desenvolvimento desse tipo de neoplasia26. Além disso, uma dieta baseada em gorduras animais, baixa ingestão de frutas, vegetais e cereais, assim como consumo excessivo de álcool e tabagismo são fatores de risco para o aparecimento da doença. A idade também é considerada um fator de risco13, uma vez que tanto a incidência4 como a mortalidade2 elevam-se com o aumento da idade. A prática de atividade física regular está associada a um baixo risco de desenvolvimento do câncer3 de cólon28 e reto29.
Câncer3 de pele7
O número de casos novos de câncer3 de pele7 não melanoma8 estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 53.410 entre homens e de 60.440 nas mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 56 casos novos a cada 100 mil homens e 61 para cada 100 mil mulheres.
O câncer3 de pele7 não melanoma8 é o mais incidente6 em homens na maioria das regiões do Brasil, com um risco estimado de 85/100.000 na Região Sul, 55/100.000 na Região Nordeste, 53/100.000 na Região Sudeste e 25/100.000 na Região Norte; enquanto na Região Centro-Oeste (44/100.000) é o segundo mais frequente. Nas mulheres é o mais frequente nas regiões Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Norte, enquanto na Região Sudeste o mesmo é o segundo.
Quanto ao melanoma8, sua letalidade é elevada, mas sua incidência4 é baixa (2.960 casos novos em homens e 2.970 casos novos em mulheres). As maiores taxas estimadas em homens e mulheres encontram-se na Região Sul.
Os carcinomas basocelulares e de células30 escamosas são os dois tipos mais frequentes de câncer3 de pele7 não melanoma8. O melanoma8 de pele7 é menos frequente que os outros tumores de pele7, mas sua letalidade é mais elevada.
A maioria dos cânceres de pele7 ocorre devido à exposição excessiva ao sol. A Sociedade Americana de Câncer3 estimou que, em 2007, mais de um milhão de casos de basocelulares e células30 escamosas, e cerca de 60 mil casos de melanoma8 estariam associados à radiação ultravioleta (UV). Em geral, para o melanoma8 um maior risco inclui história pessoal ou familiar de melanoma8. Outros fatores de risco para todos os tipos de câncer3 de pele7 incluem: sensibilidade da pele7 ao sol, história de exposição solar excessiva, doenças imunossupressoras e exposição ocupacional. Além disso, os pacientes imunocomprometidos (como os transplantados renais) têm um maior risco para o desenvolvimento do câncer3 de pele7 não melanoma8.
A prevenção do câncer3 de pele7, inclusive os melanomas, inclui ações de prevenção primária, por meio de proteção contra luz solar, que são efetivas e de baixo custo. O autoexame também contribui para o diagnóstico31 precoce. Ao surgimento de manchas/sinais32 novos ou mudança em alguns, o indivíduo deve procurar o dermatologista.
Tumores Pediátricos
Estima-se que, para o Brasil, no ano de 2010 ocorrerão 375.420 casos novos de câncer3, à exceção dos tumores de pele7 não melanoma8.
O câncer3 infantojuvenil, até 18 anos, é considerado raro quando comparado com os tumores que afetam os adultos. Correspondem entre 1% e 3% de todos os tumores malignos na maioria das populações. Em geral, a incidência4 total de tumores malignos na infância é maior no sexo masculino.
Do ponto de vista clínico, os tumores pediátricos apresentam menores períodos de latência33, em geral crescem rapidamente e são mais invasivos, mas respondem melhor ao tratamento e são considerados de bom prognóstico34.
Dos cânceres infantis, a leucemia35 é o tipo mais frequente na maioria das populações, correspondendo entre 25% e 35% de todos os tipos, com exceção da Nigéria, onde esse percentual é de 45%. Dentre todas as Leucemias, a Leucemia35 Linfoide36 Aguda (LLA) é de maior ocorrência em crianças de 0 a 14 anos. Os Linfomas correspondem ao terceiro tipo de câncer3 mais comum em países desenvolvidos. Já nos países em desenvolvimento correspondem ao segundo lugar, ficando atrás apenas das leucemias. Entre os Linfomas, o mais incidente6 na infância é o Linfoma37 não Hodgkin. Destes, o mais comum em crianças é o Linfoma37 de Burkitt. Os tumores do sistema nervoso central38 ocorrem principalmente em crianças menores de 15 anos, com um pico na idade de 10 anos. Estima-se que cerca de 8% a 15% das neoplasias1 pediátricas são representadas por esse grupo, sendo o mais frequente tumor9 sólido na faixa etária pediátrica. Os tumores do sistema nervoso39 simpático40 são responsáveis por 7,8% de todos os cânceres em crianças menores de 15 anos de idade, sendo o neuroblastoma o mais frequente. O retinoblastoma é responsável por cerca de 2% a 4% dos tumores infantis. Os tumores renais representam cerca de 5% a 10% de todas as neoplasias1 infantis, sendo que o mais frequente, cerca de 95%, é do tipo embrionário denominado nefroblastoma ou tumor9 de Wilms. Os tumores hepáticos são raros nas crianças, sendo o hepatoblastoma o mais frequente, e sua ocorrência é maior antes dos 5 anos de idade. Os tumores ósseos têm sua maior ocorrência nos adolescentes, sendo os mais frequentes o tumor9 de Ewing e o osteossarcoma. Os sarcomas de partes moles correspondem de 4% a 8% de todas as neoplasias1 malignas na infância, sendo o rabdmiossarcoma (RMS) o tipo mais frequente.
Fonte: INCA – Instituto Nacional de Câncer3
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