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Publicada a primeira Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial na Diálise

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A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) publicou, no Brazilian Journal of Nephrology, a I Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial1 na Diálise2. O documento, elaborado pelos Departamentos de Hipertensão3 e de Diálise2 da SBN, é inédito e representa um marco na padronização do manejo da hipertensão arterial1 (HA) em pacientes dialíticos no Brasil.

A hipertensão3 acomete mais de 80% dos pacientes em terapia dialítica, seja hemodiálise4 (HD) ou diálise peritoneal5 (DP), mas seu tratamento ainda é, em muitos casos, heterogêneo e baseado na experiência clínica individual.

Nesses pacientes com doença renal6 crônica avançada, é preciso conhecimentos e abordagens específicos para definir a HA, conhecer a fisiopatologia7, diagnosticar, acompanhar e tratar a condição com mudanças no estilo de vida, além de adequar os medicamentos anti-hipertensivos para alcançar a meta de pressão arterial8 (PA) recomendada, com vistas à redução da morbidade9 e mortalidade10.

A nova diretriz traz orientações práticas, baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis e, quando estas são escassas, na opinião de especialistas.

Leia sobre "Hipertensão Arterial1" e "Insuficiência renal11 crônica".

Entre os principais pontos de destaque, o documento recomenda:

  • Definir corretamente a hipertensão arterial1 na diálise2 (PA pré-HD ≥140/90 mmHg e PA pós-HD ≥130/80 mmHg) e compreender sua fisiopatologia7 complexa, que envolve hiper-hidratação, disfunção endotelial, ativação do sistema nervoso12 simpático e do sistema renina-angiotensina-aldosterona;
  • Realizar o diagnóstico13 preferencialmente fora do ambiente de diálise2, com uso de monitorização ambulatorial (MAPA 44h) ou residencial (MRPA), considerando PA ≥130/80 mmHg como limiar diagnóstico13;
  • Acompanhar o paciente de forma integral, combatendo a inércia terapêutica14 com estratégias proativas para atingir as metas pressóricas;
  • Investir em medidas não farmacológicas, como controle do ganho interdialítico de peso, ajuste da ultrafiltração e restrição de sódio na dieta, com suporte de equipe multidisciplinar;
  • Individualizar a escolha e ajuste de medicamentos anti-hipertensivos, levando em conta as comorbidades15, o risco cardiovascular, as preferências do paciente e a possibilidade de remoção dialítica dos medicamentos;
  • Estabelecer metas individualizadas de pressão arterial8: pré-HD ≤140/90 mmHg e pós-HD ≤130/80 mmHg para hemodiálise4, e <140/90 mmHg para diálise peritoneal5;
  • Atentar para complicações cardiovasculares, que são a principal causa de morte em pacientes renais crônicos, adotando condutas que possam mitigar16 esse risco, como o controle rigoroso da pressão arterial8 e da sobrecarga volêmica.

A diretriz ainda aborda situações especiais, como a hipertensão3 intradialítica, e destaca a importância de ferramentas como os peptídeos natriuréticos e a rigidez arterial (avaliada por velocidade da onda de pulso) na estratificação de risco cardiovascular.

No Brasil, a HA é a principal causa de doença renal6 crônica dialítica. Seu controle eficaz durante a diálise2 é um fator decisivo para reduzir eventos cardiovasculares e melhorar a sobrevida17 desses pacientes. Com esta diretriz, a SBN oferece aos nefrologistas um instrumento padronizado e baseado em evidências para decisões clínicas mais assertivas e personalizadas.

Acesse a diretriz completa:

I Diretriz Brasileira de hipertensão arterial1 na diálise2 da Sociedade Brasileira de Nefrologia

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Nefrologia, notícia publicada em 10 de março de 2025.

 

NEWS.MED.BR, 2025. Publicada a primeira Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial na Diálise. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/1490050/publicada-a-primeira-diretriz-brasileira-de-hipertensao-arterial-na-dialise.htm>. Acesso em: 16 mai. 2025.

Complementos

1 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
2 Diálise: Quando os rins estão muito doentes, eles deixam de realizar suas funções, o que pode levar a risco de vida. Nesta situação, é preciso substituir as funções dos rins de alguma maneira, o que pode ser feito realizando-se um transplante renal, ou através da diálise. A diálise é um tipo de tratamento que visa repor as funções dos rins, retirando as substâncias tóxicas e o excesso de água e sais minerais do organismo, estabelecendo assim uma nova situação de equilíbrio. Existem dois tipos de diálise: a hemodiálise e a diálise peritoneal.
3 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
4 Hemodiálise: Tipo de diálise que vai promover a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. A hemodiálise, em geral, é realizada 3 vezes por semana, em sessões com duração média de 3 a 4 horas, com o auxílio de uma máquina, dentro de clínicas especializadas neste tratamento. Para que o sangue passe pela máquina, é necessária a colocação de um catéter ou a confecção de uma fístula, que é um procedimento realizado mais comumente nas veias do braço, para permitir que estas fiquem mais calibrosas e, desta forma, forneçam o fluxo de sangue adequado para ser filtrado.
5 Diálise peritoneal: Ao invés de utilizar um filtro artificial para “limpar“ o sangue, é utilizado o peritônio, que é uma membrana localizada dentro do abdômen e que reveste os órgãos internos. Através da colocação de um catéter flexível no abdômen, é feita a infusão de um líquido semelhante a um soro na cavidade abdominal. Este líquido, que chamamos de banho de diálise, vai entrar em contato com o peritônio, e por ele será feita a retirada das substâncias tóxicas do sangue. Após um período de permanência do banho de diálise na cavidade abdominal, este fica saturado de substâncias tóxicas e é então retirado, sendo feita em seguida a infusão de novo banho de diálise. Esse processo é realizado de uma forma contínua e é conhecido por CAPD, sigla em inglês que significa diálise peritoneal ambulatorial contínua. A diálise peritoneal é uma forma segura de tratamento realizada atualmente por mais de 100.000 pacientes no mundo todo.
6 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
7 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
8 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
9 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
10 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
11 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
12 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
13 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
14 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
15 Comorbidades: Coexistência de transtornos ou doenças.
16 Mitigar: Tornar mais brando, mais suave, menos intenso (geralmente referindo-se à dor ou ao sofrimento); aliviar, suavizar, aplacar.
17 Sobrevida: Prolongamento da vida além de certo limite; prolongamento da existência além da morte, vida futura.
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