Coronavírus: COVID-19 matou mais pessoas do que SARS e MERS combinados, apesar da menor taxa de mortalidade
O novo coronavírus que até agora se espalhou da China para 26 países em todo o mundo não parece ser "tão mortal quanto outros coronavírus, incluindo SARS e MERS", afirmou a Organização Mundial da Saúde1 (OMS).
Em um briefing de 17 de fevereiro, o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que mais de 80% dos pacientes com COVID-19 têm uma "doença leve e se recuperam" e que a doença é fatal em 2% dos casos relatados. Em comparação, o surto de 2003 da síndrome2 respiratória aguda grave (SARS) teve uma taxa de mortalidade3 de casos de cerca de 10% (8.098 casos e 774 mortes), enquanto a síndrome2 respiratória do Oriente Médio (MERS) matou 34% das pessoas com a doença entre 2012 e 2019 (2.494 casos e 858 mortes).[1,2]
No entanto, apesar da menor taxa de mortalidade3, a COVID-19 até agora resultou em mais mortes (1.871) do que SARS e MERS combinadas (1.632).
Saiba mais sobre "Nova cepa4 do coronavírus (COVID-19)".
A última atualização da Comissão Nacional de Saúde1 da China disse que em 17 de fevereiro havia 72.436 casos confirmados da infecção5 e 1.868 mortes no país. Mais de 12.500 pacientes se recuperaram e receberam alta do hospital, enquanto cerca de 58.000 pacientes com casos confirmados (incluindo 11.741 em estado grave) e 6.242 com casos suspeitos permanecem.
Fora da China, a OMS registrou 794 casos em 26 países e três mortes.
Fazendo referência a um novo artigo da China baseado em 44.000 casos confirmados, Tedros disse que 14% dos casos de COVID-19 eram graves, causando pneumonia6 e falta de ar, e que cerca de 5% dos pacientes tinham doenças críticas, incluindo insuficiência respiratória7, choque8 séptico e falência de vários órgãos.
"À medida que mais dados chegam da China, começamos a ter uma imagem mais clara do surto, como está se desenvolvendo e para onde pode ir", disse Tedros. Ele acrescentou que, embora os dados pareçam mostrar um declínio na taxa de novos casos, a tendência pode mudar à medida que novas populações são afetadas.
Este comentário veio depois que o primeiro caso da COVID-19 foi confirmado na África (no Egito). Comentando esse marco no surto, Trudie Lang, diretora da Rede Global de Saúde1 da Universidade de Oxford, disse que era "importante, mas não inesperado". Ela destacou o fato de que a OMS declarou o surto uma "emergência9 de saúde1 pública" para "apoiar nações com menos recursos na resposta e preparação para os casos".
Lang elogiou a resposta do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças, sediado na Etiópia e que apoia os países com vigilância, respostas de emergência9 e prevenção de doenças infecciosas. Ela disse que o paciente havia sido isolado e todos os contatos foram encontrados e testados (todos negativos). No entanto, ela acrescentou que um "desafio-chave" seria garantir que os países da África tivessem capacidade de diagnóstico10.
A OMS está pedindo doações para ajudar os países a se prepararem. Disse que eram necessários US$ 675 milhões e que, embora tenham sido feitas algumas contribuições, "eles não viram a urgência11 no financiamento de que precisamos".
A OMS vem fornecendo aos países kits de teste, equipamento de proteção individual e treinamento para profissionais de saúde1, além de conselhos sobre como fazer triagem, testes, rastreamento de contatos e tratamento.
Tedros disse: “Temos uma janela de oportunidade agora. Precisamos de recursos agora para garantir que os países estejam preparados agora. Não sabemos por quanto tempo essa janela de oportunidade permanecerá aberta. Não vamos desperdiçar isso."
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Fonte: The British Medical Journal, publicação em 18 de fevereiro de 2020.
[1] Centers for Disease Control and Prevention. Frequently asked questions about SARS. 2005. https://www.cdc.gov/sars/about/faq.html.
[2] World Health Organization. Middle East respiratory syndrome coronavirus (MERS-CoV). https://www.who.int/emergencies/mers-cov/en.