Unicamp: bagaço da uva pode ajudar na redução de processos inflamatórios
Um estudo da Unicamp, coordenado pela pesquisadora Isabela Mateus Martins, mostrou que cerca de 40% dos compostos fenólicos da uva são desprezados junto com o bagaço da fruta durante o processo de produção de vinho no Brasil. Estes compostos podem ser benéficos ao organismo humano, reduzindo processos inflamatórios.
O resíduo da fruta tratado com uma enzima1 produzida em laboratório, a tanase, tem altos valores de fenólicos bioativos. O estudo conduzido na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) demonstrou ainda que os fenólicos extraídos apresentaram eficácia na redução do processo inflamatório de células2 intestinais (CACO-2). Os biomarcadores de inflamação3 reduzidos foram a prostaglandina4 E2 (PGE2), a interleucina 8 (IL-8) e o fator de transcrição kappa B (NF-κB). Na comparação, o bagaço da uva tinta também indicou melhores resultados que o da branca.
Segundo a pesquisadora, o tratamento com a enzima1 tanase em células2 intestinais resultou em um aumento de aproximadamente 25% na atividade anti-inflamatória do extrato obtido a partir do bagaço da uva. Houve ainda aumento da atividade antioxidante e da quantidade de compostos fenólicos, que previnem e retardam a formação de radicais livres no organismo.
Conforme dados coletados por Isabela Martins, a produção mundial de vinho e suco gera, anualmente, cerca de 13 milhões de toneladas de resíduos. No Brasil, a estimativa é que sejam gerados em torno de 150 mil toneladas por ano de bagaço de uva.
A autora do estudo esclarece que apenas o extrato da uva tinta, antes e após o tratamento com a tanase, foi submetido aos testes de atividade anti-inflamatória em células2 intestinais. A pesquisadora utilizou ainda outras duas enzimas para promover a extração dos compostos fenólicos biativos: a celulase e a pectinase, mas a tanase se mostrou melhor nesta comparação.
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Fonte: Jornal da Unicamo, em 2 de março de 2017