Células-tronco: RS inicia etapa clínica do maior estudo do mundo para tratar doenças cardíacas
Começa, no Rio Grande do Sul, a fase clínica do maior estudo com células-tronco1 adultas já realizado no mundo e financiado pelo Ministério da Saúde2. O primeiro procedimento no estado foi realizado na última terça, dia 21, no Hospital São Lucas, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), pela equipe liderada pelo professor Luiz Carlos Bodanese. No último dia 10, o estudo, que vai envolver 33 instituições e 1,2 mil pacientes em nove estados e no Distrito Federal, teve início simultaneamente no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.
O estudo randomizado3 funciona da seguinte maneira: os voluntários são divididos em dois grupos. A metade recebe células-tronco1 e a outra parcela, o tratamento mais moderno para sua patologia4. O estudo sobre a eficácia de células-tronco1 adultas em portadores de cardiopatias dividiu os 1,2 mil voluntários selecionados em quatro grupos, com 300 pessoas cada, de acordo com a doença cardíaca. Os quatro grupos foram subdivididos em um grupo controle e outro de teste, mas apenas os pacientes selecionados aleatoriamente para o grupo de teste receberão agora o implante5 de células-tronco1. No final do período, os dois grupos serão comparados.
O paciente gaúcho, portador de cardiomiopatia dilatada, será submetido a uma punção da medula óssea6 para retirada das células7 que se encontram no interior do osso da bacia. Depois, esse material será tratado e preparado para ser reinjetado. Caso o paciente seja um dos selecionados para receber células-tronco1, elas serão injetadas. Do contrário, o material será congelado para utilização futura e uma solução placebo8 será utilizada. Em qualquer das alternativas, serão assegurados ao doente que participa do estudo as melhores condições de tratamento, incluindo medicação e acompanhamento médico.
O estudo está orçado em R$13 milhões e, caso os resultados sejam positivos, calcula-se que o SUS poderá economizar até R$ 500 milhões por ano com transplantes, internações, cirurgias e reinternações de pacientes com doenças do coração9, liberando recursos para outras demandas do sistema. Mas o ganho mais importante será para os pacientes: melhor qualidade de vida, menos medicamentos para tomar e, principalmente, menos retornos ao hospital. Calcula-se que 4 milhões de pessoas sofram de insuficiência cardíaca10 grave. Se ficar comprovado que as células-tronco1 podem melhorar as condições desses pacientes, na mesma proporção que os estudos preliminares têm indicado, estima-se que 200 mil vidas poderão ser salvas em três anos.
Além da importância estratégica para o país e as indicações positivas dos resultados, o estudo também chama a atenção pelo tamanho. É o maior do tipo já feito no mundo, tanto pelo número de pacientes pesquisados (1,2 mil) quanto pelo de instituições envolvidas (33, em nove estados brasileiros e Distrito Federal). O estudo deverá ser concluído no prazo de 18 meses a três anos.
Fonte: Ministério da Saúde2
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