Artigo de revisão: efeitos dos anti-hipertensivos na insuficiência renal crônica, publicado pelo Hypertension Research
O principal objetivo da terapia anti-hipertensiva é a obtenção do controle ideal da pressão arterial1. Uma variedade de agentes redutores da pressão arterial1 (PA) está disponível para uso clínico. Geralmente, uma combinação de dois ou mais medicamentos anti-hipertensivos é necessária a fim de controlar a hipertensão arterial2. De fato, o tratamento anti-hipertensivo é individualizado, dependendo da tolerância e das características clínicas de cada paciente.
Os inibidores da enzima3 conversora de angiotensina (IECAs) e os bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRAs) foram, sem dúvida, os medicamentos mais estudados na pesquisa divulgada pelo periódico Hypertension Research. Sua capacidade de induzir a dilatação das arteríolas4 eferentes em glomérulos renais5, resultando em pressão intraglomerular reduzida, e de inibir ações pró-inflamatórias e proliferativas exercidas pela angiotensina II, torna estes medicamentos os mais comumente usados em pacientes com doença renal6 crônica (DRC), particularmente aqueles pacientes com diabetes7, pois essas medicações têm efeitos metabólicos neutros e têm reduzido significativamente a proteinúria8. Menos informações estão disponíveis para os efeitos em longo prazo de outros agentes na DRC. Os bloqueadores do canal de cálcio (BCC) mostraram controlar a PA de maneira eficaz, os β-bloqueadores regulam a hiperatividade do sistema nervoso9 simpático10 observada na insuficiência renal11 crônica e os diuréticos12 controlam a expansão do volume intravascular13 causada pela retenção de líquidos. Notavelmente, os β-bloqueadores reduzem a sensibilidade à insulina14, com exceção de algumas substâncias mais novas, e, portanto, devem ser evitados em pacientes com diabetes7 ou com intolerância à glicose15. Além disso, os bloqueadores de canal de cálcio podem aumentar a proteinúria8, a menos que a PA esteja bem controlada, pois dilatam a arteríola16 aferente e aumentam a pressão intraglomerular. Os estudos clínicos mostraram que, especialmente o diltiazem e o verapamil parecem ter maior papel renoprotetor do que as dihidropiridinas.
Para alcançar os níveis desejados de PA, um IECA ou um BRA pode ser combinado a um diurético17 tiazídico ou a um diurético17 de alça, e, se necessário, um BCC ou um β-bloqueador pode ser adicionado. A combinação de IECA com BRA parece reduzir ainda mais a proteinúria8 na DRC. No entanto, um risco significativo de hipercalemia18 e insuficiência renal11 aguda tem sido atribuído a esta combinação. Pesquisas descobriram novas substâncias que podem contribuir para o controle ideal da PA, tais como inibidores da renina, os novos bloqueadores do sistema renina angiotensina (RAS) e inibidores da endotelina-1, que têm efeitos benéficos, quando combinados aos inibidores da ECA.
Fonte: Hypertension Research, publicação online de 11 de outubro de 2012