Discordância diagnóstica entre patologistas na interpretação de biópsias de mama, em artigo do JAMA
Um diagnóstico1 da patologia2 mamária fornece a base para as decisões de tratamento em tumores das mamas3. No entanto, a sua precisão não está suficientemente compreendida.
Para quantificar a magnitude da discordância diagnóstica entre patologistas em comparação com o diagnóstico1 em consensos de referência e avaliar as características associadas ao paciente e ao patologista4 foi realizado um estudo com patologistas que interpretam biópsias5 de mama6 em práticas clínicas de oito estados norte-americanos. O trabalho foi divulgado no The Journal of the American Medical Association (JAMA).
Os participantes interpretaram independentemente slides de biópsia7 de mama6, entre novembro de 2011 e maio 2014, a partir de conjuntos de testes de 60 biópsias5 de mama6 (240 casos no total, um slide por caso), incluindo 23 casos de câncer8 de mama6 invasivo, 73 de carcinoma9 ductal in situ10 (CDIS), 72 com hiperplasia11 atípica (atipia) e 72 casos benignos sem atipia. Os participantes ficaram “cegos” para as interpretações de outros patologistas do estudo e de membros do painel de consenso. Entre os três membros do painel de consenso, um acordo unânime de seus diagnósticos independentes foi de 75% e, em concordância com os diagnósticos de referência derivados de consenso foi de 90,3%.
As medidas avaliadas foram as proporções de diagnósticos overinterpreted e underinterpreted em relação aos diagnósticos de referência derivados de consenso.
Os resultados mostraram que 65% dos patologistas convidados respondendo eram elegíveis e consentiram em participar. Destes, 91% (n=115) completaram o estudo, proporcionando 6.900 diagnósticos de casos individuais. Em comparação com o diagnóstico1 de referência derivados de consenso, a taxa de concordância geral de interpretações de diagnóstico1 de patologistas participantes foi de 75,3%. Entre os casos de carcinoma9 invasivo (663 interpretações), 96% foram concordantes e 4% foram underinterpreted; entre os casos de CDIS (2.097 interpretações) 84% foram concordantes, 3% foram overinterpreted e 13% foram underinterpreted; entre os casos de atipia (2.070), 48% das interpretações foram concordantes, 17% foram overinterpreted e 35% foram underinterpreted; e entre os casos benignos sem atipia (2.070 interpretações), 87% foram concordantes e 13% foram overinterpreted. O desacordo com o diagnóstico1 de referência foi significativamente maior entre as biópsias5 de mulheres com maior (n=122) vs menor (n=118) densidade mamária em mamografias anteriores (taxa global de concordância, 73% para maior vs 77% para menor densidade mamária, p<0,001), e entre os patologistas que interpretaram baixos volumes de casos semanais (p<0,001) ou trabalharam em clínicas menores (p=0,034) ou em ambientes não acadêmicos (p=0,007).
Neste estudo, em que a interpretação de diagnóstico1 foi baseada em um único slide de biópsia7 de mama6, o acordo global entre as interpretações de patologistas individuais e os diagnósticos de referência derivados de consenso feito por especialistas foi de 75,3%, com o mais alto nível de concordância para o carcinoma9 invasivo e mais baixo nível de concordância para CDIS e atipia. Mais pesquisas são necessárias para entender a relação destes achados com o manejo clínico dos doentes.