Co-infecção intestinal por helmintos está associada a lesões nas mucosas e má resposta à terapêutica na leishmaniose tegumentar americana
A forma clínica mais grave de leishmaniose tegumentar americana (LTA), devido a Leishmania braziliensis, é a leishmaniose mucosa1 (LM). Ela é caracterizada por lesões2 destrutivas na mucosa1 facial. Os principais destaques do artigo publicado pela Acta Tropica são:
- Foi avaliada a resposta à terapia antimonial de 109 pacientes com leishmaniose tegumentar americana.
- Comparou-se pacientes com co-infecções3 parasitárias intestinais confirmadas com pacientes sem demonstração de parasitas em exame de fezes.
- A leishmaniose mucosa intestinal4 foi associada com a co-infecção5 por helmintos6.
- A co-infecção5 intestinal por helmintos6 foi associada à má resposta à terapia.
- Co-infecção5 intestinal por protozoário7 não teve efeito sobre o curso clínico da doença.
Foi realizado um estudo de coorte8 retrospectivo9 com 109 pacientes com LTA de centros médicos do Rio de Janeiro, Brasil, onde a LTA é causada por Leishmaniose braziliensis, para avaliar a influência das co-infecções3 parasitárias intestinais no curso clínico da LTA.
O exame parasitológico de fezes (EPF) foi realizado com amostras de fezes de todos os pacientes pelos métodos da sedimentação, Kato-Katz e Baermann-Moraes. O diagnóstico10 de LTA foi feito a partir de biópsias11 de lesões2 por observação direta de formas amastigotas em impressões coradas pelo Giemsa, isolamento de promastigotas de Leishmania ou exame histopatológico. Todos os pacientes foram tratados com antimoniato de meglumina.
Pacientes com EPF positivo tiveram uma frequência de lesões2 da mucosa1 significativamente maior do que aqueles com EPF negativo (p<0,005). O mesmo foi observado para as infecções3 por helmintos6 em geral (p<0,05), por nematoides (p<0,05) e por Ascaris lumbricoides (p<0,05), mas não para infecções3 por protozoários12.
Pacientes com parasitas intestinais tinham má resposta à terapia (falha terapêutica13 ou recidiva14) significativamente mais frequente do que os pacientes com exame de fezes negativo (p<0,005). Pacientes com EPF positivo levavam significativamente mais tempo para se curarem do que aqueles com EPF negativo (p<0,005). Uma diferença semelhante foi observada para as infecções3 por helmintos6 intestinais (p<0,005), mas não para infecções3 por protozoários12.
Os resultados indicam uma influência prejudicial de infecções3 helmínticas intestinais no curso clínico da LTA e mostram pela primeira vez evidências de uma associação entre a leishmaniose mucosa1 e estas co-infecções3, particularmente com nematoides e Ascaris lumbricoides.
Fonte: Acta Tropica, volume 154, páginas 42 a 49, de fevereiro de 2016