OMS cogita introduzir a leishmaniose visceral como doença indicadora da Aids
A infecção1 pelo HIV2 atinge mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde3 (OMS). A Aids é um desafio à saúde3 pública pelos danos que causa à saúde3 e também pela ocorrência de infecções4 oportunistas - que se desenvolvem paralelamente à Aids, agravando o quadro do paciente. Entre elas estão a pneumonia5, a tuberculose6, a citomegalovirose e o sarcoma de Kaposi7. Recentemente, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) investigam a emergência8 da leishmaniose como uma importante infecção1 oportunista ao vírus9 HIV2 tipo 1 (HIV2-1).
Causada por parasitos do gênero Leishmania transmitidos ao homem por insetos flebotomíneos, a leishmaniose pode se manifestar de forma relativamente branda, provocando lesões10 na pele11 e mucosas12 (leishmaniose tegumentar americana), ou grave, atingindo vísceras (leishmaniose visceral). De acordo com o Ministério da Saúde3, 90% dos casos de leishmaniose visceral resultam em óbito13.
O impacto epidemiológico da co-infecção1 é tão significativo que a OMS cogita introduzir a leishmaniose visceral como doença indicadora da Aids. A associação entre leishmaniose e Aids é recente e apresenta um número crescente de casos no Brasil e no mundo – sobretudo na região mediterrânea da Europa, que compreende Espanha, França, Itália e Portugal. Atualmente, no Brasil, os especialistas observam um fenômeno de sobreposição das infecções4, caracterizado pela ruralização da Aids e pela urbanização das leishmanioses, que indica a emergência8 da doença parasitária como uma importante infecção1 oportunista ao HIV2-1.
Pesquisadores do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC estudam os perfis imunológicos da co-infecção1, comparando-os aos padrões encontrados em indivíduos infectados somente pelo HIV2-1, buscando a definição dos padrões imunológicos presentes em pacientes infectados simultaneamente por HIV2-1 e Leishmania.
Ainda em fase inicial, pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária do IOC apresenta resultados preliminares que apontam uma molécula de ativação presente em células14 de defesa como possível marcador imunológico da co-infecção1. Os estudos indicam que esta molécula pode sinalizar a possibilidade de reativação da leishmaniose em pacientes assintomáticos para a doença, ou em indivíduos que já tenham sido tratados clinicamente.
Fonte: Instituto Oswaldo Cruz