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Diferentes tipos e intensidades de exercícios resultam em benefícios cardiovasculares semelhantes

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O que medeia os benefícios do exercício na doença cardiovascular (DCV)? Sabe-se que o exercício físico está associado à redução do risco de mortalidade1 por todas as causas e eventos vasculares2 em pacientes com DCV.

Em um novo estudo, publicado European Heart Journal Open, o grupo UCC-SMART da Holanda e Alemanha mostrou, em mais de 8.000 pacientes, que o tempo gasto no exercício é o determinante mais importante dos benefícios do exercício, e que benefícios semelhantes podem ser alcançados com diferentes tipos e intensidades de exercício.

Leia sobre "Doenças cardiovasculares3", "Atividade física" e "Tipos de exercícios físicos".

Qualquer nível de exercício é melhor do que nenhum exercício; portanto, preferências e habilidades pessoais podem ser consideradas.

O mais interessante foi que, em pacientes com DCV bem tratados, até um terço dos efeitos do exercício são mediados pela melhora nos fatores de risco cardiovascular tradicionais, principalmente inflamação4 sistêmica e resistência à insulina5.

O objetivo do estudo foi estimar a relação entre volume, tipo e intensidade do exercício físico com mortalidade1 por todas as causas e eventos vasculares2 recorrentes em pacientes com doença cardiovascular (DCV), e quantificar em que medida os fatores de risco cardiovascular tradicionais medeiam essas relações.

Na coorte6 prospectiva UCC-SMART (N = 8.660), as associações de desfechos clínicos e volume de exercício físico (equivalente metabólico7 de horas de tarefa por semana, EMhT/semana), tipo de exercício (endurance vs. endurance + resistência) e intensidade do exercício (moderado vs. vigoroso) foram estimados usando modelos de Cox ajustados por multivariáveis.

O efeito mediado pela proporção (EMP) por meio do índice de massa corporal8, pressão arterial sistólica9, colesterol10 de lipoproteína de baixa densidade, sensibilidade à insulina11 e inflamação4 sistêmica foi avaliado usando modelos de equações estruturais.

Sessenta e um por cento dos pacientes (73% do sexo masculino, idade 61 ± 10 anos, >70% recebendo medicamentos hipolipemiantes e hipotensores) relataram que não praticavam exercícios.

Durante um acompanhamento médio de 9,5 anos (faixa interquartil [IQR] 5,1-14,0), ocorreram 2.256 mortes e 1.828 eventos vasculares2 recorrentes.

A associação entre o volume de exercício teve um formato de J reverso com um ponto mais baixo em 29 (IC 95% 24-29) EMhT/semana, correspondendo a uma razão de risco (HR) de 0,56 (IC 95% 0,48-0,64) para mortalidade1 por todas as causas e um HR de 0,63 (IC 95% 0,55-0,73) para eventos vasculares2 recorrentes em comparação com nenhum exercício.

Até 38% (IC 95% 24-61) da associação foi mediada pelos fatores de risco avaliados, dos quais sensibilidade à insulina11 (EMP de até 12%, IC 95% 5-25) e inflamação4 sistêmica (EMP de até 18%, IC 95% 9-37) foram os mais importantes.

O estudo concluiu que o exercício físico regular está significativamente relacionado com riscos reduzidos de mortalidade1 por todas as causas e eventos vasculares2 recorrentes em pacientes com DCV.

Nesta população com altas taxas de uso de medicamentos hipolipemiantes e hipotensores, os benefícios do exercício foram mediados principalmente por inflamação4 sistêmica e resistência à insulina5.

Veja também sobre "Sete passos para um coração12 saudável", "Exercícios aeróbicos" e "Treinamento funcional".

 

Fonte: European Heart Journal Open, Vol. 3, Nº 3, em maio de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. Diferentes tipos e intensidades de exercícios resultam em benefícios cardiovasculares semelhantes. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1440150/diferentes-tipos-e-intensidades-de-exercicios-resultam-em-beneficios-cardiovasculares-semelhantes.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.

Complementos

1 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
2 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
3 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
4 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
5 Resistência à insulina: Inabilidade do corpo para responder e usar a insulina produzida. A resistência à insulina pode estar relacionada à obesidade, hipertensão e altos níveis de colesterol no sangue.
6 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
7 Equivalente metabólico: O equivalente metabólico (MET), múltiplo da taxa metabólica basal, equivale à energia suficiente para um indivíduo se manter em repouso, representado na literatura pelo consumo de oxigênio (VO2) de aproximadamente 3,5 ml/kg/min. Quando se exprime o gasto de energia em METs, representa-se o número de vezes pelo qual o metabolismo de repouso foi multiplicado durante uma atividade. Por exemplo, pedalar a quatro METs implica em gasto calórico quatro vezes maior que o que vigora em repouso.
8 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
9 Pressão arterial sistólica: É a pressão mais elevada (pico) verificada nas artérias durante a fase de sístole do ciclo cardíaco, é também chamada de pressão máxima.
10 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
11 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
12 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
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