Estudo sugere que três xícaras de café ao dia reduzem a mortalidade prematura entre 8% e 18%
O trabalho foi publicado pelo periódico Annals of Internal Medicine e avaliou a relação entre o consumo de café e a mortalidade1 em diversas populações europeias com métodos variáveis de preparação do café. O objetivo foi examinar se o consumo de café está associado à mortalidade1 por todas as causas e por causas específicas.
Trata-se de um estudo prospectivo2 de coorte3, envolvendo dez países europeus, com 521.330 pessoas inscritas no estudo EPIC (European Prospective Investigation in Cancer4 and Nutrition). As taxas de risco ou Hazard ratios (HRs) e os intervalos de confiança de 95% (ICs de 95%) foram estimados utilizando modelos multivariáveis de riscos proporcionais de Cox. A associação do consumo de café com biomarcadores no soro5 mostrando função hepática6, inflamação7 e saúde8 metabólica foi avaliada na subcoorte EPIC Biomarkers (n=14.800).
Durante um seguimento médio de 16 anos, ocorreram 41.693 mortes. Em comparação com os não consumidores, os participantes no quartil mais alto do consumo de café tiveram uma menor mortalidade1 por todas as causas estatisticamente significativa (homens: HR 0,88 [IC 95% 0,82 a 0,95]; P para tendência <0,001; mulheres: HR 0,93 [IC 95% 0,87 a 0,98]; P para tendência = 0,009).
Foram também observadas associações inversas para a mortalidade1 por doença digestiva para homens (HR 0,41 [IC 0,32 a 0,54]; P para tendência <0,001) e mulheres (HR 0,60 [IC 0,46 a 0,78]; P para tendência <0,001). Entre as mulheres, houve uma associação inversa estatisticamente significativa do consumo de café com mortalidade1 por doença circulatória (HR 0,78 [IC 0,68 a 0,90], P para tendência <0,001) e mortalidade1 por doença cerebrovascular9 (HR 0,70 [IC 0,55 a 0,90], P para a tendência = 0,002) e uma associação positiva com a mortalidade1 por câncer4 de ovário10 (HR 1,31 [IC 1,07 a 1,61], P para tendência = 0,015).
Na subcoorte EPIC Biomarkers, o maior consumo de café foi associado à menor fosfatase alcalina11 sérica, alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase, gama-glutamiltransferase, e, nas mulheres, menores níveis de proteína C-reativa, lipoproteína (a) e de hemoglobina glicosilada12.
Nas limitações do estudo encontram-se a causalidade reversa, que pode ter influenciado os achados; no entanto, os resultados não diferiram após a exclusão de participantes que morreram dentro de 8 anos do início do estudo. Os hábitos de consumo de café foram avaliados apenas uma vez.
Concluiu-se que o consumo de café foi associado a um risco reduzido de morte por várias causas e que essa relação não variou de acordo com o país considerado. Beber três ou mais cafés por dia reduz a mortalidade1 prematura em cerca de 18% em homens e 8% em mulheres, sugere o maior estudo sobre o assunto até o momento. Já o consumo de apenas um café diário esta ligado a uma redução da mortalidade1 prematura de 3% em homens e de 1% em mulheres.
A diminuição na mortalidade1 foi observada para todas as causas, mas sobretudo para doenças cardiovasculares13 e do sistema digestivo14.
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Fonte: Annals of Internal Medicine, de 11 de julho de 2017