Sono NREM pode ser um novo fator protetor de reserva cognitiva diante da patologia da doença de Alzheimer
De acordo com um estudo publicado na revista BMC Medicine, o sono não REM parece ser um fator protetor de reserva cognitiva1, moderando o efeito da alta carga amiloide na função de memória em pessoas com doença de Alzheimer2.
A patologia3 da doença de Alzheimer2 (DA) prejudica a função cognitiva1. No entanto, alguns indivíduos com grande quantidade de patologia3 da DA sofrem acentuado comprometimento da memória, enquanto outros com o mesmo grau de patologia3 apresentam pouco comprometimento. Por que isso acontece?
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Uma explicação proposta é a reserva cognitiva1, ou seja, fatores que conferem resiliência ou compensação para os efeitos da patologia3 da DA. O sono de ondas lentas (SOL) profundo NREM é reconhecido por melhorar as funções de aprendizado e memória em idosos saudáveis. No entanto, não se sabe se a qualidade do SOL NREM (atividade de ondas lentas [AOL] NREM) representa um novo fator de reserva cognitiva1 em idosos com patologia3 da DA, fornecendo assim compensação contra a disfunção de memória causada por uma alta carga de patologia3 da DA.
Neste estudo, testou-se essa hipótese em idosos cognitivamente normais (N = 62) combinando tomografia por emissão de pósitrons (PET) com 11C-PiB (composto B de Pittsburgh) para a quantificação de β-amiloide (Aβ) com registros eletroencefalográficos (EEG) do sono para quantificar AOL NREM e uma tarefa de aprendizagem de nome-face4 dependente do hipocampo5.
Demonstrou-se que a AOL NREM modera significativamente o efeito do status Aβ na função de memória. Especificamente, a AOL NREM apoiou seletivamente a função de memória superior em indivíduos que sofrem de alta carga de Aβ, ou seja, aqueles que mais precisam de reserva cognitiva1 (B = 2,694, p = 0,019).
Em contraste, aqueles sem carga patológica significativa de Aβ e, portanto, sem a mesma necessidade de reserva cognitiva1, não se beneficiaram de forma semelhante da presença de AOL NREM (B = -0,115, p = 0,876). Essa interação entre AOL NREM e função de memória preditiva do status Aβ foi significativa após correção para idade, sexo, Índice de Massa Corporal6, atrofia7 da substância cinzenta e fatores de reserva cognitiva1 previamente identificados, como educação e atividade física (p = 0,042).
Essas descobertas indicam que a atividade de ondas lentas NREM é um novo fator de reserva cognitiva1 que fornece resiliência contra o comprometimento da memória que de outra forma é causado pela alta carga de patologia3 da doença de Alzheimer2.
Além disso, essa função de reserva cognitiva1 da AOL NREM permaneceu significativa ao contabilizar tanto as co-variáveis quanto os fatores anteriormente ligados à resiliência, sugerindo que o sono pode ser um recurso de reserva cognitiva1 independente.
Além dessas percepções mecanicistas, estão as potenciais implicações terapêuticas. Ao contrário de muitos outros fatores de reserva cognitiva1 (por exemplo, anos de educação, complexidade do trabalho anterior), o sono é um fator modificável. Como tal, representa uma possibilidade de intervenção que pode auxiliar na preservação da função cognitiva1 face4 à patologia3 da doença de Alzheimer2, tanto no momento presente como longitudinalmente.
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Fonte: BMC Medicine, publicação em 03 de maio de 2023.