Vírus Epstein-Barr foi associado ao câncer de estômago, com uma prevalência de 7,5% do vírus em células tumorais
Uma proporção substancial de cânceres de estômago1 em todo o mundo foi associada ao vírus2 Epstein-Barr (VEB), de acordo com uma metanálise publicada no jornal científico Clinical Gastroenterology and Hepatology.
Em uma análise conjunta envolvendo mais de 68.000 pacientes com adenocarcinoma3 gástrico convencional em 37 países, a prevalência4 de vírus2 Epstein-Barr em células5 tumorais foi de 7,5% e foi semelhante entre as regiões.
Se houvesse uma relação causal, cerca de 81.000 casos de adenocarcinoma3 gástrico convencional (71.000 homens e 10.000 mulheres) seriam potencialmente atribuíveis ao VEB em todo o mundo, “além de 150.000 casos de outros cânceres causalmente associados ao VEB, como câncer6 de nasofaringe7, linfoma8 não Hodgkin, e linfoma8 de Burkitt”, observaram os pesquisadores.
Evidências crescentes apontam para um papel etiológico9 do ubíquo herpesvírus gama, que muitas vezes leva à mononucleose10, também no câncer6 gástrico. Como o quarto câncer6 mais comum e mortal em todo o mundo, o câncer6 gástrico foi responsável por mais de um milhão de novos casos e 770.000 mortes em 2020 em todo o mundo, observou o grupo.
“O desenvolvimento de uma vacina11 contra o VEB pode ser a chave para a prevenção do câncer6 associado ao VEB”, sugeriram.
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Um mecanismo potencial é que o VEB pode aumentar o risco de transformação maligna no estômago1 por meio de microRNAs reguladores da expressão gênica, como o BARF1, “que são fortemente expressos em células5 de câncer6 de estômago1 e demonstraram atuar como oncogenes, promovendo a proliferação celular por regulação positiva dos sinais12 do fator de transcrição e redução dos inibidores do ciclo celular”, observaram os pesquisadores. Além disso, a proteína de membrana latente 2A (LMP2A) do VEB, frequentemente expressa no câncer6 de estômago1 associado ao VEB, induz a metilação do DNA, eles apontaram.
“Embora represente um subconjunto bastante menor de malignidades gástricas, o câncer6 gástrico associado ao VEB (que representa aproximadamente 7,5% dos adenocarcinomas gástricos nesta metanálise) ainda representa uma carga global bastante significativa e única da doença”, disse Adrienna Jirik, MD, da Cleveland Clinic, que não participou deste estudo.
“O que chama a atenção nesse subtipo de câncer6 gástrico é a apresentação clínico-patológica peculiar da doença, com doença localizada principalmente na cárdia/estômago1 proximal13 ou coto pós-cirúrgico, o achado de proliferação linfocítica do tecido14 afetado e predominância de quase duas vezes em homens versus mulheres”, disse Jirik ao MedPage Today. “Além disso, não há associação com o grau de viremia do VEB em si”.
No artigo publicado, os pesquisadores buscaram estimar a carga global do câncer6 de estômago1 associado ao vírus2 Epstein-Barr.
Evidências sugerem que uma fração dos novos casos de câncer6 de estômago1 pode estar etiologicamente associada ao vírus2 Epstein-Barr (VEB), um conhecido agente carcinogênico. O objetivo, portanto, foi explorar sistematicamente a proporção de câncer6 de estômago1 VEB-positivo.
Foi feita uma revisão sistemática de janeiro de 1990 a agosto de 2021. Para cada país e região geográfica com dados disponíveis, a prevalência4 combinada e os ICs de 95% correspondentes de VEB em tumores gástricos foram calculados para três subtipos de adenocarcinoma3 gástrico (adenocarcinoma3 convencional, carcinoma15 gástrico tipo linfoepitelioma (LELC) e carcinoma15 remanescente/coto). Para o adenocarcinoma3 convencional, foram apresentadas razões de prevalência4 (RPs) para sexo, classificação de Lauren, estágio do câncer6 gástrico e localização anatômica do estômago1.
Em 220 estudos elegíveis, incluindo mais de 68.000 casos de adenocarcinoma3 gástrico convencional, a prevalência4 de VEB em células5 tumorais foi de 7,5% (IC 95% 6,9-8,1) e foi maior em homens em comparação com mulheres (RP 2,1, IC 95% 1,9-2,4), no tipo difuso em relação ao tipo intestinal (1,3, 1,1-1,5), e na região proximal13 em relação à região distal16 (2,5, 2,0-3,1).
Não houve diferença na prevalência4 de VEB por estágio de câncer6 gástrico. A prevalência4 de VEB foi de 75,9% (62,8-85,5) entre LELC e 26,3% (22,2-32,0) entre carcinoma15 remanescente/coto.
Assumindo uma associação causal entre Vírus2 Epstein-Barr e câncer6 de estômago1, os achados, quando aplicados à incidência17 de câncer6 de estômago1 do estudo GLOBOCAN 2020, sugerem que a prevenção primária, como o desenvolvimento de uma vacina11 eficaz contra o VEB, pode prevenir 81.000 casos de câncer6 de estômago1 associados ao Epstein-Barr em todo o mundo anualmente.
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Fontes:
Clinical Gastroenterology and Hepatology, publicação em 10 de agosto de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 12 de agosto de 2022.