Mulheres podem apresentar sintomas de derrame (acidente vascular cerebral) diferentes dos apresentados por homens
Ao chegar à emergência1 de um hospital, as mulheres nem sempre mostram os sintomas2 clássicos de um acidente vascular cerebral3 (AVC) descritos pela American Stroke Association (ASA), mesmo tendo este AVC confirmado após atendimento. É o que aponta a conclusão de um estudo apresentado na reunião anual da ASA.
Foram analisados mais de 1700 pacientes com acidente vascular cerebral3 (AVC) confirmado. As mulheres apresentaram 33% a menos de probabilidade de apresentarem qualquer um dos cinco sintomas2 clássicos de alerta de um AVC, quando comparadas aos homens. Isso significa que mulheres e homens não se queixam dos mesmos sintomas2.
As mulheres que sofrem um AVC são 40% menos prováveis de relatar tonturas4, distúrbios da marcha, do equilíbrio ou de coordenação e 20% menos prováveis de relatar problemas visuais.
"Se a queixa principal não se relaciona aos sintomas2 clássicos de derrame5 para o atendimento inicial em uma sala de emergência1, isso atrasa o diagnóstico6 e o início do tratamento com um trombolítico", diz Julia W. Gargano, uma das pesquisadoras do estudo. Estes achados são consistentes com o que já foi visto em relação ao infarto do miocárdio7 e suas diferenças de sintomas2 em homens e mulheres.
Os registros incluídos no estudo foram de hospitais de ensino, urbanos e rurais, e hospitais da comunidade de 16 grandes centros. A queixa principal de 1724 pacientes, anotada por enfermeiras chefes da triagem desses hospitais, foram avaliadas durante a pesquisa. Todos os pacientes do estudo chegaram a uma sala de emergência1 e tiveram o AVC confirmado após atendimento.
Significativamente mais mulheres que homens não relataram nenhum dos cinco sintomas2 tradicionais de derrame5 descritos pela ASA: 15% versus 10%, odds ratio 1.49, intervalo de confiança de 95% 1.19 a 1.85.
As queixas mais comuns foram:
- Perda de consciência ou desmaio (88 pacientes, 60% mulheres);
- Queixas respiratórias (65 pacientes, 58% mulheres);
- Quedas ou acidentes (32 pacientes, 63% mulheres);
- Dor (30 pacientes, 70% mulheres);
- Convulsão8 (12 pacientes, 58% mulheres).
Para os sinais9 de alerta típicos descritos pela ASA foi observado:
- Paralisia10 ou fraqueza repentina na face11, braço ou perna especialmente de um lado do corpo foram descritos tão frequentemente por mulheres quanto por homens (56% versus 58%, OR 0.95, 95% CI 0.77 a 1.17);
- Confusão mental súbita, problemas na fala ou na compreensão foram descritos tão frequentemente por mulheres quanto por homens (33% versus 31%, OR 0.96, 95% CI 0.74 a 1.24);
- Problemas de visão12 em um ou nos dois olhos13 tenderam a ser descritos menos frequentemente por mulheres do que por homens (4% versus 6%, OR 0.78, 95% CI 0.60 a 1.01);
- Problemas súbitos para andar, tontura14, perda de equilíbrio ou de coordenação foram relatos menos frequentes em mulheres que em homens (11% versus 16%, OR 0.60, 95% CI 0.50 a 0.73);
- Dor de cabeça15 súbita e severa sem causa definida foi igualmente relatada em homens e mulheres (9% cada, OR 1.23, 95% CI 1.19 a 1.85).
Os achados foram diferentes na triagem, mas os pacientes tiveram os mesmos achados clínicos quando examinados por um médico.
É importante saber que essas observações afetaram um pequeno número de pacientes, mas podem ter um impacto clínico relevante no cuidado de pacientes. Estudos futuros são necessários para elucidar as razões dessas diferenças. Os pesquisadores dizem que podem ser biológicas, de comunicação ou circunstanciais.
Fonte: Stroke Conference