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Primeiro tratamento de VSR para bebês e crianças foi aprovado nos EUA

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A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o primeiro tratamento para prevenir infecções1 graves pelo vírus2 sincicial respiratório (VSR) em crianças e bebês3.

O VSR é um vírus2 comum que circula no outono e no inverno. A maioria das crianças com VSR geralmente apresenta sintomas4 leves de resfriado, mas algumas – especialmente aquelas expostas ao vírus2 pela primeira vez – podem desenvolver doenças respiratórias com risco de vida, como pneumonia5 e bronquiolite. Bebês3 prematuros e aqueles com doença pulmonar crônica da prematuridade ou doença cardíaca congênita6 significativa correm maior risco de doença grave por VSR.

O tratamento, chamado Beyfortus (nirsevimabe), é uma dose única administrada por injeção7 antes ou durante a primeira temporada de VSR do bebê. Crianças de até 2 anos que permanecem vulneráveis ao VSR durante sua segunda temporada de VSR, como aquelas com doença pulmonar ou cardíaca crônicas, também são elegíveis para a injeção7.

Saiba mais sobre "O que são vírus2", "Doenças respiratórias" e "Resfriado comum: como é".

Aproximadamente 1 a 3 por cento das crianças menores de 1 ano são hospitalizadas por VSR a cada ano nos EUA, de acordo com a FDA. No ano passado, houve uma temporada notavelmente ruim de VSR, já que os hospitais de todo o país lutavam para acompanhar o aumento de casos, o que causou escassez de medicamentos.

“O VSR pode causar doenças graves em bebês3 e algumas crianças e resulta em um grande número de atendimentos de emergência8 e em consultórios médicos a cada ano”, disse John Farley, do Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos da FDA, em um comunicado. “A aprovação de hoje atende à grande necessidade de produtos para ajudar a reduzir o impacto da doença por VSR em crianças, famílias e o sistema de saúde9.”

Beyfortus, fabricado pela empresa farmacêutica AstraZeneca, não é uma vacina10. Em vez disso, usa anticorpos11 monoclonais contra o VSR. Estas são proteínas12 projetadas para imitar os anticorpos11 produzidos pelo sistema imunológico13 para afastar patógenos nocivos. Ao contrário de uma vacina10, o tratamento não treina o corpo para identificar o VSR ou produzir seus próprios anticorpos11 em resposta à infecção14. Os efeitos colaterais15 incluem erupção16 cutânea17 e dor, inchaço18 ou vermelhidão no local da injeção7.

A FDA tomou sua decisão com base em dados de três ensaios clínicos19 (Ensaios 03, 04 e 05), que incluíram quase 4.000 bebês3. Nesses ensaios, uma única dose de Beyfortus reduziu o risco de bebês3 precisarem de cuidados médicos para uma infecção14 por VSR entre 70 e 75 por cento.

O principal parâmetro de eficácia foi a incidência20 de infecção14 do trato respiratório inferior por VSR com atendimento médico (ITRI VSR AM), avaliada durante os 150 dias após a administração de Beyfortus. ITRI VSR AM incluiu todas as consultas com um prestador de cuidados de saúde9 (consultório médico, atendimento de urgência21, atendimentos de emergência8 e hospitalização) para doença do trato respiratório inferior com agravamento da gravidade clínica e um teste de VSR positivo. Os ensaios 03 e 04 foram ensaios clínicos19 randomizados, duplo-cegos, controlados por placebo22 e multicêntricos.

O ensaio 03 incluiu 1.453 bebês3 prematuros (nascidos com idade gestacional maior ou igual a 29 semanas até menos de 35 semanas de gestação) que nasceram durante ou entrando em sua primeira temporada de VSR. Dos 1.453 bebês3 prematuros no estudo, 969 receberam uma dose única de Beyfortus e 484 receberam placebo22. Entre as crianças que foram tratadas com Beyfortus, 25 (2,6%) apresentaram ITRI VSR AM em comparação com 46 (9,5%) crianças que receberam placebo22. Beyfortus reduziu o risco de ITRI VSR AM em aproximadamente 70% em relação ao placebo22.

Para o ensaio 04, o grupo de análise primária dentro do ensaio incluiu 1.490 bebês3 nascidos a termo e prematuros tardios (nascidos com idade gestacional maior ou igual a 35 semanas), 994 dos quais receberam uma dose única de Beyfortus e 496 dos quais receberam placebo22. Entre as crianças que foram tratadas com Beyfortus, 12 (1,2%) apresentaram ITRI VSR AM em comparação com 25 (5,0%) crianças que receberam placebo22. Beyfortus reduziu o risco de ITRI VSR AM em aproximadamente 75% em relação ao placebo22.

O estudo 05, um estudo multicêntrico randomizado23, duplo-cego, controlado por ativo (palivizumabe), apoiou o uso de Beyfortus em crianças de até 24 meses de idade que permanecem vulneráveis à doença grave por VSR durante a segunda temporada de VSR. O estudo inscreveu 925 bebês3 prematuros e bebês3 com doença pulmonar crônica da prematuridade ou doença cardíaca congênita6. Os dados de segurança e farmacocinética do ensaio 05 forneceram evidências para o uso de Beyfortus para prevenir ITRI VSR AM nesta população.

Beyfortus não deve ser administrado a bebês3 e crianças com histórico de reações graves de hipersensibilidade aos ingredientes ativos de Beyfortus ou a qualquer um de seus excipientes.

Beyfortus vem com advertências e precauções sobre reações graves de hipersensibilidade, incluindo anafilaxia24, que foram observadas com outros anticorpos11 monoclonais IgG1 humanos. Beyfortus deve ser administrado com cautela a lactentes25 e crianças com distúrbios hemorrágicos26 clinicamente significativos.

No início deste ano, a FDA aprovou duas vacinas contra o VSR para idosos. No final deste ano, a agência também deve decidir sobre uma vacina10 materna contra o VSR, que protegeria os recém-nascidos da doença.

Leia sobre "Pneumonia5 na infância" e "Bronquiolite em bebês3 e crianças pequenas".

 

Fontes:
Food and Drug Administration, publicação em 17 de julho de 2023.
New Scientist, notícia publicada em 17 de julho de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. Primeiro tratamento de VSR para bebês e crianças foi aprovado nos EUA. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/novos-medicamentos/1442405/primeiro-tratamento-de-vsr-para-bebes-e-criancas-foi-aprovado-nos-eua.htm>. Acesso em: 28 abr. 2024.

Complementos

1 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
2 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
3 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
4 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
5 Pneumonia: Inflamação do parênquima pulmonar. Sua causa mais freqüente é a infecção bacteriana, apesar de que pode ser produzida por outros microorganismos. Manifesta-se por febre, tosse, expectoração e dor torácica. Em pacientes idosos ou imunodeprimidos pode ser uma doença fatal.
6 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
7 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
8 Emergência: 1. Ato ou efeito de emergir. 2. Situação grave, perigosa, momento crítico ou fortuito. 3. Setor de uma instituição hospitalar onde são atendidos pacientes que requerem tratamento imediato; pronto-socorro. 4. Eclosão. 5. Qualquer excrescência especializada ou parcial em um ramo ou outro órgão, formada por tecido epidérmico (ou da camada cortical) e um ou mais estratos de tecido subepidérmico, e que pode originar nectários, acúleos, etc. ou não se desenvolver em um órgão definido.
9 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
10 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
11 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
12 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
13 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
14 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
15 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
16 Erupção: 1. Ato, processo ou efeito de irromper. 2. Aumento rápido do brilho de uma estrela ou de pequena região da atmosfera solar. 3. Aparecimento de lesões de natureza inflamatória ou infecciosa, geralmente múltiplas, na pele e mucosas, provocadas por vírus, bactérias, intoxicações, etc. 4. Emissão de materiais magmáticos por um vulcão (lava, cinzas etc.).
17 Cutânea: Que diz respeito à pele, à cútis.
18 Inchaço: Inchação, edema.
19 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
20 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
21 Urgência: 1. Necessidade que requer solução imediata; pressa. 2. Situação crítica ou muito grave que tem prioridade sobre outras; emergência.
22 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
23 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
24 Anafilaxia: É um tipo de reação alérgica sistêmica aguda. Esta reação ocorre quando a pessoa foi sensibilizada (ou seja, quando o sistema imune foi condicionado a reconhecer uma substância como uma ameaça ao organismo). Na segunda exposição ou nas exposições subseqüentes, ocorre uma reação alérgica. Essa reação é repentina, grave e abrange o corpo todo. O sistema imune libera anticorpos. Os tecidos liberam histamina e outras substâncias. Esse mecanismo causa contrações musculares, constrição das vias respiratórias, dificuldade respiratória, dor abdominal, cãimbras, vômitos e diarréia. A histamina leva à dilatação dos vasos sangüíneos (que abaixa a pressão sangüínea) e o vazamento de líquidos da corrente sangüínea para os tecidos (que reduzem o volume de sangue) o que provoca o choque. Ocorrem com freqüência a urticária e o angioedema - este angioedema pode resultar na obstrução das vias respiratórias. Uma anafilaxia prolongada pode causar arritmia cardíaca.
25 Lactentes: Que ou aqueles que mamam, bebês. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
26 Hemorrágicos: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
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