Uso de antibióticos macrolídeos em crianças novas pode alterar a microbioma intestinal e predispor a doenças metabólicas e autoimunes
Katri Korpela e colaboradores publicaram um artigo no periódico Nature Communications que mostra que o uso de antibióticos, principalmente do grupo dos macrolídeos, como a azitromicina e a claritromicina, em crianças com idades entre 2 e 7 anos, pode reduzir a flora intestinal e estar associado a doenças metabólicas e autoimunes1.
O uso de antibióticos no início da vida está associado ao aumento do risco de doenças metabólicas e imunológicas. Estudos com ratos indicam um papel causal na redução da microbioma2 intestinal com o uso de antibióticos. No entanto, pouco se sabe sobre os impactos dos antibióticos sobre a microbioma2 em desenvolvimento das crianças.
Usando a filogenia3, a metagenômica4 e os registros de dados de compras individuais de antibióticos, mostrou-se que o uso de macrolídeos, em crianças finlandesas (n=142), de 2 a 7 anos de idade, está associado a uma mudança duradoura na composição e no metabolismo5 da microbiota6 intestinal. A mudança inclui o esgotamento das Actinobacterias, o aumento das Bacteroidetes e Proteobacterias, a diminuição da hidrolase de sais biliares e o aumento da resistência aos macrolídeos. Além disso, o uso de macrolídeo precocemente na vida está associado ao risco aumentado de asma7 e predispõe ao ganho de peso associado ao uso de antibióticos. Crianças com sobrepeso8 e asmáticas têm composições distintas da microbiota6.
As penicilinas afetam menos a microbiota6 do que os macrolídeos. Os resultados suportam a ideia de que, sem comprometer a prática clínica, o impacto sobre a microbiota6 intestinal deve ser considerado ao prescrever antibióticos, principalmente para crianças mais novas.
Fonte: Nature Communications, publicado em 26 de janeiro de 2016