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Controle intensivo versus controle padrão da pressão arterial: quais são os resultados obtidos?

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O alvo de controle mais adequado da pressão arterial sistólica1, com o objetivo de reduzir a morbidade2 e a mortalidade3 cardiovasculares entre pessoas sem diabetes4, permanece incerto. Com o objetivo de avaliar este controle foi publicado um estudo pelo The New England Journal of Medicine (NEJM).

O estudo distribuiu aleatoriamente 9.361 pessoas, com uma pressão arterial sistólica1 de 130 mmHg ou superior, com aumento do risco cardiovascular e não portadoras de diabetes mellitus5, em dois grupos: o primeiro com um alvo de pressão arterial sistólica1 inferior a 120 mmHg (com tratamento intensivo da hipertensão arterial6) e o segundo com um alvo inferior a 140 mmHg (com o tratamento padrão). O resultado primário composto foi infarto do miocárdio7, outras síndromes coronarianas agudas, acidente vascular cerebral8, insuficiência cardíaca9 ou morte por causas cardiovasculares.

Em um ano, a pressão arterial sistólica1 era de 121,4 mmHg no grupo com utilização do tratamento intensivo e 136,2 mmHg no grupo do tratamento padrão. A intervenção foi interrompida precocemente após um acompanhamento médio de 3,26 anos, pois observou-se taxa significativamente mais baixa do resultado primário composto no grupo com utilização de tratamento intensivo para a hipertensão10 sistólica do que no grupo do tratamento padrão (1,65% ao ano contra 2,19% ao ano; taxa de risco com tratamento intensivo 0,75; intervalo de confiança de 95% de 0,64-0,89; P<0,001). Todas as causas de mortalidade3 também foram significativamente menores no grupo com utilização de tratamento intensivo (hazard ratio, 0,73; IC 95% 0,60-0,90; P=0,003). As taxas de eventos adversos graves como hipotensão11, síncope12, distúrbios eletrolíticos e lesão13 renal14 aguda ou insuficiência renal15 foram maiores no grupo com utilização do tratamento intensivo do que no grupo do tratamento padrão.

Concluiu-se que entre os pacientes com alto risco para eventos cardiovasculares, mas não portadores de diabetes4, uma pressão arterial sistólica1 inferior a 120 mmHg, em comparação com uma pressão arterial sistólica1 inferior a 140 mmHg, resultou em taxas mais baixas de ocorrência dos principais eventos cardiovasculares fatais e não fatais e de diminuição de morte por qualquer causa, embora tenham sido observadas taxas significativamente maiores de alguns eventos adversos no grupo que utilizou o tratamento contra hipertensão10 de maneira intensiva.

Fonte: The New England Journal of Medicine (NEJM), de 9 de novembro de 2015

NEWS.MED.BR, 2015. Controle intensivo versus controle padrão da pressão arterial: quais são os resultados obtidos?. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/810929/controle-intensivo-versus-controle-padrao-da-pressao-arterial-quais-sao-os-resultados-obtidos.htm>. Acesso em: 17 abr. 2024.

Complementos

1 Pressão arterial sistólica: É a pressão mais elevada (pico) verificada nas artérias durante a fase de sístole do ciclo cardíaco, é também chamada de pressão máxima.
2 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
3 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
4 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
5 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
6 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
7 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
8 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
9 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
10 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
11 Hipotensão: Pressão sanguínea baixa ou queda repentina na pressão sanguínea. A hipotensão pode ocorrer quando uma pessoa muda rapidamente de uma posição sentada ou deitada para a posição de pé, causando vertigem ou desmaio.
12 Síncope: Perda breve e repentina da consciência, geralmente com rápida recuperação. Comum em pessoas idosas. Suas causas são múltiplas: doença cerebrovascular, convulsões, arritmias, doença cardíaca, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar, hipoglicemia, intoxicações, hipotensão postural, síncope situacional ou vasopressora, infecções, causas psicogênicas e desconhecidas.
13 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
14 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
15 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
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