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JAMA: associação do consumo de nozes e amendoins com a mortalidade geral e por causa específica

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O consumo elevado de nozes tem sido associado a um risco reduzido de mortalidade1. Estudos anteriores, no entanto, foram realizados principalmente entre as pessoas de ascendência europeia, particularmente aquelas de alto nível socioeconômico.

Para examinar a associação entre o consumo de nozes com a mortalidade1 geral e por causa específica, em indivíduos de baixo nível socioeconômico predominantemente, foi realizada uma avaliação prospectiva de três grandes grupos: uma coorte2 incluiu 71.764 residentes dos EUA, descendentes de africanos ou de europeus, participantes do estudo de coorte3 Southern Community Cohort Study (SCCS), no sudeste dos Estados Unidos (março de 2002 a setembro de 2009). As outras duas coortes incluíram 134.265 participantes nos estudos Shanghai Women’s Health Study (SWHS) (Dezembro de 1996 a Maio de 2000) e Shanghai Men’s Health Study (SMHS) (Janeiro de 2002 a setembro de 2006), em Xangai, na China. O consumo de nozes no SCCS era autorrelatado (cerca de 50% consumiam amendoins) e o consumo somente de amendoim no SMHS/SWHS foi avaliado através de questionários validados de frequência alimentar.

As mortes foram apuradas pelos arquivos do National Death Index and Social Security Administration, no SCCS, e pelos arquivos do Shanghai Vital Statistics Registry e visitas domiciliares bianuais no SWHS/SMHS. Modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox foram utilizados para calcular as taxas de risco (HRs) e os intervalos de confiança (IC 95%).

Com um período de acompanhamento médio de 5,4 anos no SCCS; 6,5 anos no SMHS e 12,2 anos no SWHS, foram identificadas 14.440 mortes. Mais da metade das mulheres no SCCS nunca foram fumantes em comparação com apenas 2,8% no SWHS. A taxa de homens que já haviam fumado foi de 77,1% no SCCS e 69,6% no SMHS. A ingestão de nozes foi inversamente associada ao risco de mortalidade1 geral em todos os três grupos (todos com p<0,001 para a tendência). Esta associação inversa foi predominantemente impulsionada pela mortalidade1 por doença cardiovascular. Quando tipos específicos de doenças cardiovasculares4 foram examinados, uma associação inversa significativa foi consistentemente vista para a doença isquêmica do coração5 em todos os grupos étnicos. As associações com acidente vascular cerebral6 isquêmico7 e acidente vascular cerebral6 hemorrágico8 foram significativas apenas nos asiáticos. A associação entre o consumo de nozes e mortalidade1 foi semelhante para homens e mulheres e para os negros, brancos e asiáticos e não foi modificada pela presença de condições metabólicas incluídas no estudo.

Concluiu-se que o consumo de nozes foi associado à diminuição da mortalidade1 geral e por doenças cardiovasculares4 em diferentes grupos étnicos, entre indivíduos de baixo nível socioeconômico. O consumo de nozes, particularmente o de amendoins, dada a sua acessibilidade geral, pode ser considerado como uma medida de baixo custo para melhorar a saúde9 cardiovascular.

Fonte: JAMA Internal Medicine, publicação online, de 2 de março de 2015

NEWS.MED.BR, 2015. JAMA: associação do consumo de nozes e amendoins com a mortalidade geral e por causa específica. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/752382/jama-associacao-do-consumo-de-nozes-e-amendoins-com-a-mortalidade-geral-e-por-causa-especifica.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
2 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
3 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
4 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
5 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
6 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
7 Isquêmico: Relativo à ou provocado pela isquemia, que é a diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea, numa parte do organismo, ocasionada por obstrução arterial ou por vasoconstrição.
8 Hemorrágico: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
9 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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