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A velocidade da perda de peso corporal não afetou o ritmo de recuperação do peso perdido, segundo estudo do The Lancet Diabetes & Endocrinology

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As diretrizes atuais recomendam uma perda de peso gradual para o tratamento da obesidade1, indicando uma opinião generalizada de que o peso perdido rapidamente é mais velozmente recuperado. O objetivo do trabalho, publicado pelo The Lancet Diabetes2 & Endocrinology, foi investigar o efeito da velocidade de perda de peso sobre o ritmo de recuperação do peso corporal em pessoas obesas.

Um estudo de intervenção dietética, em duas fases, controlado, randomizado3, não-mascarado, foi feito em um hospital metropolitano de Melbourne, Austrália, com 204 participantes inscritos (51 homens e 153 mulheres). A idade dos participantes variou entre 18 e 70 anos, com índice de massa corporal4 (IMC5) entre 30 e 45 kg/m². Durante a fase 1, os participantes foram distribuídos aleatoriamente (1:1) em um programa de 12 semanas para perda de peso rápida ou em um programa de perda de peso gradual de 36 semanas, ambos visando 15% de perda de peso. Aqueles que perderam 12,5% ou mais de peso durante a fase 1 foram colocados em uma dieta de manutenção de peso por 144 semanas (fase 2). O desfecho primário foi a perda de peso média mantida nas 144 semanas da fase 2.

Duzentos participantes foram aleatoriamente designados para um programa de perda de peso gradual (n=103) ou rápida (n=97), entre 08 de agosto de 2008 e 09 de março de 2010. Após a fase 1, 51 participantes (50%) do grupo de perda de peso gradual e 76 (81%) no grupo de perda de peso rápida alcançaram 12,5% ou mais de perda de peso no tempo alocado e começaram a fase 2. No final da fase 2, tanto os participantes do grupo da perda de peso gradual (n = 43), quanto do grupo da perda de peso rápida (n=61) que completaram o estudo tinham recuperado a maior parte do peso corporal perdido (perda gradual de peso com 71,2% de peso perdido recuperado, IC 95% 58,1-84,3 versus perda de peso rápida com 70,5% de peso perdido recuperado, 57,8-83,2). A análise de intenção de tratar mostrou resultados semelhantes (perda de peso gradual 76,3% recuperado, IC 95% 65,2-87,4 versus perda de peso rápida 76,3% recuperado, 65,8-86,8). Na fase 1, um participante no grupo da perda de peso rápida desenvolveu colecistite6, exigindo uma colecistectomia. Na fase 2, dois participantes do grupo de perda de peso rápida desenvolveram câncer7.

No presente estudo, o ritmo de perda de peso corporal não afetou a velocidade de peso recuperado dentro das 144 semanas de acompanhamento dos pacientes. Estes resultados não são consistentes com as atuais orientações alimentares que recomendam uma perda de peso gradual, baseadas na crença de que a perda rápida de peso é mais rapidamente recuperada.

Fonte: The Lancet Diabetes2 & Endocrinology, publicação online de 16 de outubro de 2014

NEWS.MED.BR, 2014. A velocidade da perda de peso corporal não afetou o ritmo de recuperação do peso perdido, segundo estudo do The Lancet Diabetes & Endocrinology. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/580012/a-velocidade-da-perda-de-peso-corporal-nao-afetou-o-ritmo-de-recuperacao-do-peso-perdido-segundo-estudo-do-the-lancet-diabetes-amp-endocrinology.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
2 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
3 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
4 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
5 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
6 Colecistite: Inflamação aguda da vesícula biliar. Os sintomas mais freqüentes são febre, dor na região abdominal superior direita (hipocôndrio direito), náuseas, vômitos, etc. Seu tratamento é cirúrgico.
7 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
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