Efeito do tratamento anti-inflamatório sobre a depressão, sintomas depressivos e os seus efeitos adversos: revisão sistemática e meta-análise divulgada pelo JAMA Psychiatry
Uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos1 randomizados avaliou os efeitos antidepressivos do tratamento anti-inflamatório. Até o momento, os resultados têm sido conflitantes e os efeitos adversos prejudiciais podem contraindicar o uso de agentes anti-inflamatórios.
O objetivo da presente meta-análise foi revisar sistematicamente os efeitos antidepressivos e efeitos adversos possíveis das intervenções anti-inflamatórias. As fontes de dados utilizadas foram ensaios publicados antes de 31 de dezembro de 2013, identificados por busca no Cochrane Central Register of Controlled Trials, PubMed, EMBASE, PsychINFO, Clinicaltrials.gov e artigos de revisão relevantes.
A seleção foi de ensaios controlados por placebo2 para avaliar os efeitos de eficácia e os efeitos adversos do tratamento farmacológico anti-inflamatório em adultos com sintomas3 depressivos, incluindo aqueles que preenchem critérios diagnósticos para a depressão.
A extração de dados foi realizada por dois revisores independentes e foram realizadas as análises estatísticas necessárias. Os principais resultados foram os escores de depressão após o tratamento anti-inflamatório e os efeitos adversos.
Dez publicações relatadas em catorze estudos (6.262 participantes) foram incluídas: dez estudos avaliando o uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) (n=4.258) e quatro investigando os inibidores de citocinas4 (n=2.004). A estimativa de efeito combinado sugeriu que o tratamento anti-inflamatório reduziu os sintomas3 depressivos em comparação com o placebo2. Este efeito foi observado em estudos com pacientes com depressão e sintomas3 depressivos. A heterogeneidade dos estudos não foi explicada por diferenças de inclusão de depressão clínica versus sintomas3 depressivos ou uso de AINEs versus inibidores de citocinas4. Subanálises enfatizaram as propriedades antidepressivas dos inibidores específicos da cicloxigenase 2 (celecoxibe) na remissão e na resposta clínica. Entre os seis estudos que relatam efeitos adversos, não houve evidência de um aumento do número de eventos gastrointestinais ou cardiovasculares após seis semanas ou infecções5 após doze semanas de tratamento anti-inflamatório em comparação com o placebo2. Todos os ensaios foram associados a um alto risco de viés devido à validade interna potencialmente comprometida.
A presente análise sugere que o tratamento anti-inflamatório, especialmente o celecoxibe, diminui os sintomas3 depressivos, sem aumento do risco de efeitos adversos. No entanto, um alto risco de viés e alta heterogeneidade fez a estimativa média tornar-se incerta. Este estudo dá uma prova de suporte sobre o uso de tratamento anti-inflamatório na depressão. A identificação dos subgrupos que poderiam se beneficiar de tal tratamento deve ser realizada.
Fonte: JAMA Psychiatry, publicação online de 15 de outubro de 2014