Modelo ADNEX pode ser usado para avaliar o risco de câncer de ovário antes da cirurgia e diferenciar tumores benignos, borderline, em estágio inicial e avançado e com metástases secundárias
Um estudo diagnóstico1 prospectivo2, multicêntrico, publicado pelo British Medical Journal (BMJ), foi realizado com o objetivo de desenvolver um modelo de predição de risco no pré-operatório para discriminar entre tumores ovarianos benignos, borderline, invasivos estágio I, invasivos estágio II-IV e tumores metastáticos secundários.
Foi realizado um estudo diagnóstico1, observacional, com dados clínicos e de ultrassonografia3 coletados prospectivamente. Participaram da pesquisa 24 centros de ultrassonografia3 de dez países diferentes. As participantes foram mulheres com massa em um ovário4 (incluindo para-ovários5 e trompas), que foram submetidas a um exame de ultrassonografia3 padronizado antes da cirurgia. O modelo ADNEX (The Assessment of Different NEoplasias6 in the adneXa) foi desenvolvido em 3.506 pacientes, recrutadas entre 1999 e 2007, temporalmente validado em 2.403 pacientes recrutadas entre 2009 e 2012, e, em seguida, atualizado em todas as 5.909 pacientes. O principal resultado mediu a classificação histológica7 e o estadiamento cirúrgico da massa.
Na avaliação das diferentes neoplasias6 pelo modelo ADNEX foram envolvidos três preditores clínicos e seis de ultrassonografia3: idade, níveis séricos de CA-125, tipo de centro (centros de oncologia versus outros hospitais), diâmetro máximo da lesão8, proporção de tecido9 sólido, mais de dez cavidades císticas, número de projeções papilares, sombras acústicas e ascite10. A área sob a curva Receiver Operating Characteristic (ROC), ou seja, a AUC11 para a discriminação clássica entre tumores benignos e malignos foi de 0,94 (0,93-0,95) na validação temporal. A AUC11 foi de 0,85 para tumores benignos versus borderline; 0,92 para tumores benignos versus câncer12 em estágio I; 0,99 tumores benignos versus câncer12 em estágio II-IV e 0,95 para tumores benignos versus tumores com metástases13 secundárias. A AUC11 entre os subtipos malignos variou entre 0,71 e 0,95, com uma AUC11 de 0,75 para tumores borderline versus câncer12 em estágio I e 0,82 para tumores em estágio II-IV versus tumores com metastáticas secundárias. As curvas de calibração mostraram que os riscos estimados foram precisos.
As conclusões mostram que o modelo ADNEX discrimina bem entre tumores benignos e malignos e oferece excelente discriminação entre os quatro tipos de tumores malignos de ovário4. O uso do modelo ADNEX tem o potencial de melhorar as decisões de triagem e de gestão e, assim, reduzir a morbidade14 e a mortalidade15 associadas a doenças anexiais.
Já existem modelos de previsão que podem discriminar entre tumores de ovário4 benignos e malignos, mas eles não subclassificam os tumores malignos. O modelo ADNEX discrimina bem entre tumores de ovário4 benignos e malignos, além de ser capaz de discriminar entre benigno, borderline, no estágio I, invasivos no estágio II-IV e tumores metastáticos secundários. Por isso, ele pode ter a capacidade de melhorar a triagem das pacientes e as decisões sobre a conduta a ser escolhida. Isso pode impactar consideravelmente a morbidade14 e a mortalidade15 associadas a doenças anexiais.
Fonte: British Medical Journal (BMJ), de 15 de outubro de 2014