Quanto maior o consumo de leite, menor a progressão da osteoartrite de joelho em mulheres, segundo artigo do Arthritis Care & Research
Pesquisa publicada pelo Arthritis Care & Research mostra que o consumo frequente de leite parece estar associado à progressão mais lenta da osteoartrite1 do joelho em mulheres de uma maneira dose-dependente. Não houve associação significativa entre o consumo de leite e a progressão da osteoartrite1 de joelho em homens.
A osteoartrite1 (OA) é a forma mais comum de artrite2 e a principal causa de incapacidade física em pessoas idosas. A porcentagem da população com 65 anos ou mais está aumentando no mundo e vários desses idosos têm evidência radiológica de osteoartrite1 em pelo menos uma articulação3.
Em comparação com mulheres que nunca beberam leite, cuja diminuição do espaço articular foi de 0,38 milímetros em quatro anos, aquelas que bebiam até seis copos por semana tiveram diminuições de 0,29 milímetros e aquelas cujo consumo semanal foi de sete copos ou mais tiveram diminuições de 0,26 milímetros (P=0,014), de acordo com Lu Bing, da Harvard Medical School e seus colaboradores. Este achado foi observado apenas em mulheres; nenhuma relação de dose-resposta foi observada para os homens (P=0,618).
Para ver os efeitos potenciais do consumo de leite na progressão da osteoartrite1, os pesquisadores analisaram os resultados de 2.148 participantes do estudo Osteoarthritis Initiative que tinham evidências radiográficas da doença em pelo menos um joelho. A amostra do estudo consistiu de 3.064 joelhos com alterações radiológicas de osteoartrite1 graus 2 ou 3, segundo a classificação pela grade de escore de Kellgren e Lawrence.
O consumo de leite foi avaliado em um questionário de frequência alimentar administrado no início do estudo. A idade média dos participantes era de 62 anos. Mais da metade eram mulheres. Aqueles que relataram beber leite regularmente com mais frequência eram brancos e não-fumantes. Foram feitos ajustes para várias covariáveis, incluindo idade, sexo, educação, emprego, renda e apoio social.
Para as mulheres, um aumento de dez copos de leite por semana durante o período de estudo de quatro anos foi associado a uma alteração na largura do espaço articular de 0,06 mm (p=0,020), observaram os autores.
Resultados diferentes foram verificados para outros tipos de produtos lácteos. No caso do queijo, o consumo de sete ou mais porções por semana foi associado a maior diminuição da largura do espaço articular, quando comparado com nenhum consumo de queijo (P=0,003), enquanto que comer iogurte não mostrou nenhum efeito.
Os queijos podem conter altos níveis de gorduras saturadas4, que têm sido associadas à patogênese5 da doença, observaram os autores.
As limitações observadas no estudo foram o desenho observacional, a causalidade não poder ser assumida e a falta de informações sobre se o leite era de alto, de baixo ou isento de teor de gordura6, o que pode contribuir para outras doenças crônicas relacionadas, tais como a obesidade7.
Os autores afirmam que o estudo não fornece evidências suficientes para os profissionais de saúde8 começarem a aconselhar os pacientes a beber leite para evitar a progressão da osteoartrite1 de joelho. Ainda são necessárias mais investigações para esclarecer o mecanismo biológico que liga os alimentos lácteos e a osteoartrite1 e para replicar os resultados antes de considerar sua incorporação às atuais diretrizes para o manejo da osteoartrite1 do joelho.