Um medicamento reaproveitado pode oferecer alívio para pessoas com osteoartrite da mão
Nova pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, identificou uma via celular envolvida na osteoartrite1 (OA) e mostrou que o medicamento talarozol pode atingir essa via, possivelmente alterando a progressão da OA.
O estudo propõe a mecanoinflamação como o principal fator de osteoartrite1 da mão2, e identifica a importância do ácido retinoico em seu desenvolvimento.
Os pesquisadores mostraram que o talarozol aumenta os níveis de ácido retinoico na articulação3, suprimindo a mecanoinflamação – potencialmente modificando o curso da doença.
Pesquisas anteriores investigaram o fármaco4 bloqueador do metabolismo5 do ácido retinoico, talarozol, como um tratamento para distúrbios da pele6, principalmente devido à sua capacidade de reduzir a degradação do ácido retinoico.
Sabe-se que o ácido retinoico, um metabólito7 da vitamina8 A, está envolvido na comunicação celular e na resposta imune. Mais recentemente, estudos genéticos mostraram que alterações no gene ALDH1A2, que desempenha um papel na produção de ácido retinoico, são um fator de risco9 para OA da mão2 grave.
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A Dra. Tonia Vincent, professora de biologia musculoesquelética e diretora do Centro de Patogênese12 da Osteoartrite1 da Universidade de Oxford, que liderou a pesquisa, explicou que este novo estudo “mostrou que a variante no gene significava que esses indivíduos tinham níveis muito baixos de ácido retinoico para começar (que presumivelmente caem ainda mais quando a articulação3 é lesionada). Isso foi associado a maior inflamação10 no tecido”.
No artigo, os pesquisadores relaram que mais de 40% dos indivíduos desenvolverão osteoartrite1 (OA) durante a vida, mas atualmente não há tratamentos modificadores da doença licenciados para essa condição incapacitante.
Variantes polimórficas comuns no gene ALDH1A2, que codifica a enzima13 chave para a síntese do ácido all-trans retinóico (AATR), estão associadas à OA grave da mão2. No estudo, procurou-se elucidar o significado biológico dessa associação.
Primeiro, confirmou-se que as variantes de risco do ALDH1A2 estavam associadas à OA da mão2 no UK Biobank. A cartilagem articular14 foi adquirida de 33 indivíduos com OA de mão2 no momento da cirurgia de rotina de OA de mão2. Após a estratificação por genótipo15, foi realizado o sequenciamento do RNA.
Foi observada uma relação recíproca entre o RNA mensageiro do ALDH1A2 e genes inflamatórios. A lesão16 da cartilagem articular14 aumentou os níveis dos genes inflamatórios semelhantes por um processo que foi denominado anteriormente de mecanoinflamação, que acredita-se ser o principal condutor da OA.
A lesão16 da cartilagem17 também foi associada a uma queda concomitante nos genes induzíveis por AATR, que foram usados como uma medida substituta da concentração celular de AATR.
Ambas as respostas à lesão16 foram revertidas usando talarozol, um agente bloqueador do metabolismo5 do ácido retinoico. A supressão da mecanoinflamação pelo talarozol foi mediada por um mecanismo dependente de receptor gama ativado por proliferador de peroxissoma.
O talarozol foi capaz de suprimir genes mecanoinflamatórios na cartilagem articular14 in vivo 6 horas após a desestabilização da articulação do joelho18 em camundongos e reduziu a degradação da cartilagem17 e a formação de osteófitos19 após 26 dias.
Esses dados mostram que o aumento de ácido all-trans retinóico suprime a mecanoinflamação na cartilagem articular14 in vitro e in vivo e identifica os agentes bloqueadores do metabolismo5 do ácido retinoico como potenciais medicamentos modificadores da doença para a osteoartrite1.
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Fontes:
Science Translational Medicine, Vol. 14, Nº 676, em 21 de dezembro de 2022.
Medical News Today, notícia publicada em 05 de janeiro de 2023.