Pneumonia infantil: lançado novo protocolo de pneumonia, da Infectious Diseases Society of America (IDSA), voltado para a população pediátrica
A Infectious Diseases Society of America (IDSA) publicou recentemente um novo protocolo para manejo da pneumonia1 infantil adquirida na comunidade. John Bradley é o autor principal deste protocolo que está focado na população pediátrica, diferente da maioria dos guidelines atuais que trata a questão juntamente com a população adulta.
A pneumonia1 infantil é bem diferente daquela que acontece nos adultos e um protocolo que seja direcionado especificamente à população pediátrica é muito importante. Nas crianças, as pneumonias virais são muito mais frequentes do que as bacterianas, principalmente nos pré-escolares abaixo de dois anos de idade.
As crianças não têm um sistema imunológico2 totalmente desenvolvido, não apenas aquelas abaixo dos seis meses de idade, mas também as com mais de dois anos. Lactentes3 apresentam grande dificuldade em produzir anticorpo4 a antígenos5 polissacarídeos, mesmo após infecção6 invasiva. Este fato justifica a elevada frequência de infecções7 por bactérias como Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e Streptococcus pneumoniae em crianças pequenas, o que faz com que os pediatras sejam cautelosos em cuidar de crianças nesta faixa etária.
Quase todos que olham uma criança com dificuldade para respirar, febre8 e tosse ficam tentados a prescrever antibióticos, pois não querem deixar passar a oportunidade de tratar uma infecção6 bacteriana. Como resultado, a maioria das crianças com infecção6 viral é tratada equivocadamente com antibióticos. Este protocolo, voltado para a população infantil, traz a oportunidade de reverter esta situação.
Nos países em desenvolvimento são usados os critérios da Organização Mundial de Saúde9 para diagnóstico10 de pneumonia1 em crianças, os quais incluem principalmente a avaliação da febre8, tosse e aumento da frequência respiratória. Nos países desenvolvidos, outros testes estão mais disponíveis como a contagem de células brancas do sangue11, as técnicas de PCR12, taxas de sedimentação, radiografias de tórax13, etc. Mas mesmo esses recursos são fracos para dizer com certeza quando trata-se de uma pneumonia1 viral ou bacteriana. A reação da cadeia de polimerase, que diz sobre o patógeno viral, é uma técnica cara e a maioria dos consultórios não tem acesso a ela. Então, para diagnosticar a pneumonia1, os dados clínicos ainda são os mais usados.
Crianças hospitalizadas têm taxas de bacteremia14 mais elevadas e os recursos para fazer o diagnóstico10 aumentam. Para estas crianças, são recomendados além dos critérios clínicos testes como contagem de leucócitos15 e proteína C reativa. Entretanto, não há muitas evidências que provam que uma contagem alta de células16 brancas no sangue17 seja um teste acurado: sensível, específico, com valores preditivos positivos ou negativos altos. Esta área de diagnóstico10 precisa ser mais bem estudada.
Quanto ao tratamento, devido ao sucesso da vacina18 antipneumocócica conjugada e a diminuição documentada da resistência às penicilinas, a amoxicilina está sendo recomendada para o tratamento das pneumonias bacterianas ambulatoriais e, para as crianças hospitalizadas, a ampicilina intravenosa.
O novo protocolo traz 92 recomendações, mas destacando três delas:
- As pneumonias virais são mais frequentes em crianças pequenas do que as pneumonias bacterianas, e não necessitam de antibiótico para o seu tratamento.
- A resistência do pneumococo aos antibióticos diminuiu, então a amoxicilina e a ampicilina são medicamentos de escolha para o tratamento dessas infecções7.
- É essencial a imunização19 das crianças, não apenas com vacinas contra o Haemophilus influenzae e pneumococo, mas também com a vacina18 contra influenza20 para todas as crianças, a cada ano, de acordo com as recomendações existentes para cada faixa etária.
O protocolo completo pode ser visto em:
The Management of Community-Acquired Pneumonia1 in Infants and Children Older Than 3 Months of Age