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Vacina contra gripe durante a gravidez está associada a menos infecções em bebês

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A vacinação materna contra a gripe1 foi associada a um risco reduzido de infecção2 por influenza3 durante os primeiros 6 meses de vida dos bebês4, idade em que eles são jovens demais para serem vacinados, segundo um estudo de coorte5 com quase 250 mil mulheres e seus bebês4, publicado na revista científica Obstetrics & Gynecology.

A vacinação contra a gripe1 durante a gravidez6 foi associada a uma redução ajustada de 44,4% no risco de infecção2 por influenza3 em bebês4, com proteção mais forte durante os primeiros meses de vida dos bebês4, relataram pesquisadores liderados por Ousseny Zerbo, PhD, da Kaiser Permanente Northern California (KPNC) nos Estados Unidos.

A redução do risco só foi significativa quando a vacinação ocorreu durante o segundo ou terceiro trimestres da gravidez6:

  • Primeiro trimestre: 11,3% (IC 95% -20,3 a 34,6)
  • Segundo trimestre: 51,5% (IC 95% 26,0-68,2)
  • Terceiro trimestre: 59,3% (IC 95% 45,0-69,9)

“Nosso estudo enfatiza que, ao se vacinar durante a gravidez6, você está se protegendo, mas também está protegendo seu bebê em um momento crucial”, disse Zerbo em um comunicado.

“Bebês com menos de 6 meses correm alto risco de complicações da gripe1 e não são elegíveis para serem vacinados”, disse Zerbo. “Este estudo mostra que a maneira mais eficaz de protegê-los é por meio da vacinação materna.”

Leia sobre "Gripe1: o que é" e "Vacina7 da gripe1".

Apesar de a vacinação nos últimos trimestres estar associada a uma proteção superior para bebês4, os pesquisadores afirmaram que os “dados não exigem mudanças nas recomendações atuais sem mais estudos, e todas as gestantes devem receber a vacina7 contra a gripe1 quando ela estiver disponível para a atual temporada de gripe1.”

Mulheres grávidas são incentivadas pelo CDC, pelo Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas e por outros órgãos e especialistas a tomar a vacina7 contra a gripe1, pois a doença pode ser mais grave na gravidez6, mas a adesão costuma ser insuficiente, observaram Zerbo e colegas. No estudo atual, menos da metade das mulheres foram vacinadas contra a gripe1 durante a gravidez6.

Quatro ensaios clínicos8 randomizados demonstraram que a vacinação contra a gripe1 durante a gravidez6, especialmente na segunda metade, reduz o risco de infecção2 por influenza3 em bebês4 em 30% a 63% durante os primeiros 6 meses, e uma análise conjunta de três desses ensaios relatou uma eficácia da vacina7 de 35% contra infecções9 confirmadas em laboratório, observaram os pesquisadores.

Além disso, estudos observacionais têm apoiado um benefício da vacinação materna para bebês4, mas a maioria dos estudos não avaliou a duração dessa proteção.

No artigo publicado, os pesquisadores tiveram o objetivo de avaliar a eficácia da vacinação contra influenza3 durante a gravidez6 em bebês4 durante os primeiros 6 meses de vida.

Foi realizado um estudo de coorte5 entre gestantes registradas no Kaiser Permanente Northern California (KPNC) e seus bebês4. Acompanhou-se todos os bebês4 desde o nascimento até a primeira ocorrência de um resultado positivo no teste de reação em cadeia da polimerase para influenza3, o bebê atingir 6 meses de idade, óbito10, desligamento do KPNC ou o final do estudo em 31 de dezembro de 2022.

Utilizou-se a regressão de Cox para comparar o risco de influenza3 em bebês4 cujas mães foram vacinadas contra influenza3 durante a gravidez6 com aqueles cujas mães não foram vacinadas. As razões de risco (HRs) foram ajustadas por tempo calendário, características sociodemográficas maternas e comorbidades11. A eficácia da vacina7 foi calculada como 100% (1 − HR ajustado). Avaliou-se a associação entre a vacinação e os desfechos de influenza3 em bebês4 em qualquer momento da gravidez6 e por trimestre de vacinação.

Dos 245.498 bebês4 incluídos no estudo, 46,0% nasceram de mães vacinadas. A incidência12 de influenza3 foi menor entre bebês4 de mães vacinadas do que entre mães não vacinadas (0,12% vs. 0,30%). Após o ajuste para co-variáveis, a vacinação durante a gravidez6 foi associada a uma redução de 44,4% na influenza3 infantil em qualquer contexto clínico (IC 95%, 31,4-54,9%).

A vacinação durante o primeiro trimestre foi associada a uma redução de 11,3% na influenza3 infantil, uma redução de 51,5% durante o segundo trimestre e uma redução de 59,3% durante o terceiro trimestre. As diferenças nas estimativas de eficácia da vacina7 que compararam o primeiro e o segundo trimestres (P = 0,02) e o primeiro e o terceiro trimestres (P <0,001) foram estatisticamente significativas.

O estudo concluiu que a vacinação contra a gripe1 durante a gravidez6 foi associada a uma redução de 44,4% na infecção2 infantil por influenza3. A redução na infecção2 infantil por influenza3 foi maior quando a vacinação ocorreu no segundo ou terceiro trimestre, em comparação com o primeiro trimestre.

As limitações incluíram o fato de o estudo ter sido composto apenas por pessoas com plano de saúde13 (95,3% sem subsídios) e a não inclusão de bebês4 com infecção2 por influenza3 que não precisaram de atendimento médico. Além disso, o estudo teria classificado erroneamente mães que receberam vacina7 contra gripe1 em outro local que não o KPNC como não vacinadas.

Veja também sobre "Gestação semana a semana" e "Quais medicamentos podem ou não ser tomados durante a gravidez6".

 

Fontes:
Obstetrics & Gynecology, Vol. 146, N° 2, em agosto de 2025.
MedPage Today, notícia publicada em 27 de junho de 2025.

 

NEWS.MED.BR, 2025. Vacina contra gripe durante a gravidez está associada a menos infecções em bebês. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1493785/vacina-contra-gripe-durante-a-gravidez-esta-associada-a-menos-infeccoes-em-bebes.htm>. Acesso em: 3 set. 2025.

Complementos

1 Gripe: Doença viral adquirida através do contágio interpessoal que se caracteriza por faringite, febre, dores musculares generalizadas, náuseas, etc. Sua duração é de aproximadamente cinco a sete dias e tem uma maior incidência nos meses frios. Em geral desaparece naturalmente sem tratamento, apenas com medidas de controle geral (repouso relativo, ingestão de líquidos, etc.). Os antibióticos não funcionam na gripe e não devem ser utilizados de rotina.
2 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
3 Influenza: Doença infecciosa, aguda, de origem viral que acomete o trato respiratório, ocorrendo em epidemias ou pandemias e frequentemente se complicando pela associação com outras infecções bacterianas.
4 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
5 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
6 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
7 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
8 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
9 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
10 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
11 Comorbidades: Coexistência de transtornos ou doenças.
12 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
13 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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