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Perder peso aos 40 ou 50 anos reduz significativamente o risco de doenças crônicas

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Pessoas que reduzem o excesso de peso na meia-idade podem diminuir aproximadamente pela metade o risco de desenvolver doenças crônicas mais tarde. Essa é a conclusão de três estudos de longo prazo realizados no Reino Unido e na Finlândia, analisados por uma equipe liderada por Timo1 E. Strandberg, MD, PhD, professor de geriatria na Universidade de Helsinque, em Helsinque, Finlândia, e médico-chefe do hospital universitário.

Os resultados, baseados em mais de 23.000 participantes, foram publicados no JAMA Network Open.

Embora os efeitos negativos da obesidade2 na saúde3 sejam bem conhecidos, “poucos estudos examinaram os benefícios a longo prazo para a saúde3 entre indivíduos com perda de peso sustentada, além de sua associação com a redução do risco de diabetes”, escreveram Strandberg e colegas. A análise também avaliou ataques cardíacos, derrames, câncer4, asma5, doença pulmonar obstrutiva crônica e mortalidade6 geral.

“Esta publicação demonstra, mais uma vez, de forma contundente, que as pessoas têm um alto grau de controle sobre sua própria saúde3 e podem se proteger de muitas doenças, incluindo doenças relacionadas à idade, prevenindo ou reduzindo o excesso de peso”, afirmou Stephan Martin, médico-chefe de diabetologia do Catholic Hospital Group Düsseldorf e diretor do Centro de Diabetes7 e Saúde3 da Alemanha Ocidental, em Düsseldorf, Alemanha.

“Outro ponto positivo é que esses resultados foram alcançados sem injeções para perda de peso ou intervenções cirúrgicas”, acrescentou Martin.

Comentando a análise, Ga Eun Nam, MD, PhD, da Faculdade de Medicina da Universidade da Coreia, em Seul, República da Coreia, e Yong-Moon Park, MD, PhD, da Universidade de Ciências Médicas do Arkansas, em Little Rock, EUA, observaram que indivíduos que atingiram um peso saudável na meia-idade tiveram resultados de saúde3 em longo prazo comparáveis àqueles que mantiveram um peso saudável durante toda a vida adulta.

Martin resumiu de forma mais simples: “sempre vale a pena perder peso”. Mesmo aqueles que atingem um peso normal aos 50 anos, ou mais tarde, ainda podem observar benefícios para a saúde3.

Leia sobre "Doenças crônicas" e "Tratamento da obesidade2".

Strandberg e sua equipe avaliaram três estudos longitudinais que incluíram medições repetidas de altura e peso.

  • O Whitehall II Study, lançado em 1985 (4.118 participantes; 72,1% homens)
  • O Helsinki Businessmen Study, lançado em 1964 (2.335 participantes homens)
  • O Finnish Public Sector Study, com dados a partir de 2000 (16.696 participantes; 82,6% mulheres)

Os períodos de acompanhamento variaram de 12 a 35 anos. Os participantes, com idade média inicial de aproximadamente 40 anos, foram divididos em quatro grupos:

  • Aqueles com peso consistentemente normal (IMC8 <25)
  • Aqueles que reduziram de sobrepeso9 para peso normal
  • Aqueles que ganharam peso (de normal para sobrepeso9)
  • Aqueles que permaneceram acima do peso (IMC8 ≥25)

No Whitehall II Study, com um acompanhamento médio de 22,8 anos, uma redução do IMC8 de ≥25 para <25 ao longo de aproximadamente 6 anos na meia-idade foi associada a um menor risco de desenvolver doenças crônicas.

Após o ajuste para potenciais fatores de confusão, como tabagismo, pressão arterial10 e níveis lipídicos, os pesquisadores calcularam um risco 48% menor de doenças crônicas em comparação com aqueles que permaneceram acima do peso. Notavelmente, essa associação se manteve mesmo após a exclusão dos participantes que desenvolveram diabetes7 durante o acompanhamento. Nesse caso, a redução do risco foi de 42%.

O Finnish Public Sector Study, com acompanhamento de 12,2 anos, confirmou os resultados, mostrando uma redução de 57% no risco de doenças crônicas.

O Helsinki Businessmen Study, que teve o acompanhamento mais longo (até 43 anos; média de 35 anos), mostrou que a perda de peso na meia-idade estava associada a uma redução de 19% na mortalidade6 geral.

Análises separadas por sexo revelaram que a associação se manteve tanto para homens quanto para mulheres. Mesmo o estado da menopausa11 não afetou significativamente os resultados: efeitos protetores semelhantes foram observados em mulheres com menos e com mais de 50 anos.

“À medida que continuamos enfrentando a epidemia global de obesidade2, este estudo fornece evidências epidemiológicas valiosas sobre as associações de longo prazo entre o controle de peso e os principais resultados de saúde”, escreveram Nam e Park. Embora mais pesquisas sejam necessárias para refinar as estratégias de intervenção, “esses resultados destacam a meia-idade como uma janela potencialmente crítica para o controle de peso e reforçam a importância do controle de peso sustentado na prevenção de doenças crônicas e na longevidade”.

O estudo foi conduzido em uma época em que intervenções cirúrgicas ou farmacológicas para perda de peso não eram comuns. “A perda de peso sustentada na meia-idade, em comparação com o sobrepeso9 persistente, foi associada à redução do risco de doenças crônicas além do diabetes tipo 212 e à redução da mortalidade6 por todas as causas”, concluíram Strandberg e colegas.

Martin disse que as descobertas confirmam a importância do estilo de vida para alcançar e manter um peso saudável.

“A maioria das doenças crônicas causadas pela obesidade2 decorre da falta de atividade física e da má alimentação”, observou. Alimentos que elevam os níveis de glicose13 e insulina14 no sangue15 devem ser evitados. “A insulina14 inibe a quebra de gordura16, contribuindo para o ganho de peso”, explicou.

Saiba mais sobre "O que é uma alimentação saudável" e "O perigo dos remédios para emagrecer".

Confira a seguir o resumo do artigo publicado pela equipe de pesquisa.

Perda de peso na meia-idade, incidência17 de doenças crônicas e mortalidade6 por todas as causas durante o acompanhamento prolongado

Pontos-chave

Pergunta: A redução de peso sustentada, não cirúrgica e não farmacológica na meia-idade está associada a benefícios para a saúde3 a longo prazo, além da redução do risco de diabetes7?

Resultados: Neste estudo de coorte18 com 23.149 adultos de 3 coortes com medições repetidas de altura e peso em acompanhamentos de 12 a 35 anos, a perda de peso sustentada, de sobrepeso9 para peso saudável na meia-idade, foi associada à redução do risco de doenças crônicas, incluindo e excluindo diabetes tipo 212, e à redução da mortalidade6 por todas as causas em comparação com o sobrepeso9 persistente.

Significado: Este estudo constatou que a redução de peso sustentada na meia-idade, alcançada sem intervenções cirúrgicas ou farmacológicas, foi associada a benefícios para a saúde3 a longo prazo, além de suas associações com a redução do risco de diabetes7.

Resumo

Importância: Poucos estudos examinaram os benefícios para a saúde3 a longo prazo entre indivíduos com perda de peso sustentada para além de sua associação com a redução do risco de diabetes7.

Objetivo: Examinar a associação a longo prazo das alterações do índice de massa corporal19 (IMC8) durante a meia-idade saudável (idades nos 40-50 anos) com a morbidade20 e mortalidade6 na terceira idade.

Desenho, Cenário e Participantes: Este estudo de coorte18 analisou dados de 3 coortes que incluíram medições repetidas de altura e peso: o Whitehall II Study (WHII; linha de base, 1985-1988), o Helsinki Businessmen Study (HBS; linha de base, 1964-1973) e o Finnish Public Sector Study (FPS; linha de base, 2000). Os participantes foram categorizados em 4 grupos com base nas 2 primeiras avaliações de peso e acompanhados quanto aos desfechos de morbidade20 e mortalidade6. As análises de dados foram conduzidas entre 11 de fevereiro de 2024 e 20 de fevereiro de 2025.

Exposições: A alteração do IMC8 na meia-idade foi categorizada como IMC8 persistente menor que 25, alteração do IMC8 de 25 ou mais para menos de 25, alteração do IMC8 de menos de 25 para 25 ou mais e IMC8 persistente de 25 ou mais.

Principais Desfechos e Medidas: Doenças crônicas incidentes21, incluindo diabetes tipo 212, infarto do miocárdio22, acidente vascular cerebral23, câncer4, asma5 ou doença pulmonar obstrutiva crônica, foram avaliadas no WHII e no FPS, e a mortalidade6 por todas as causas foi avaliada no HBS. Esses desfechos foram obtidos de registros eletrônicos de saúde3 vinculados em registros nacionais de saúde3.

Resultados: Foram 23.149 participantes, incluindo 4.118 homens e mulheres (idade mediana [IQR] na primeira visita, 39 [37-42] anos; 2.968 homens [72,1%]) do WHII, 2.335 homens (idade mediana [IQR] na primeira visita, 42 [38-45] anos) do HBS e 16.696 homens e mulheres (idade mediana [IQR] na primeira visita, 39 [34-43] anos; 13.785 mulheres [82,6%]) do FPS. Durante um acompanhamento mediano (IQR) de 22,8 (16,9-23,3) anos, após ajuste para tabagismo, pressão arterial10 sistólica e colesterol24 sérico na primeira avaliação, os participantes do WHII com perda de peso apresentaram menor risco de desenvolver doenças crônicas (razão de risco [HR], 0,52; IC 95%, 0,35-0,78) em comparação com os participantes com sobrepeso9 persistente. Esse achado foi replicado após a exclusão do diabetes7 do desfecho (HR, 0,58; IC 95%, 0,37-0,90). A HR correspondente no FPS foi de 0,43 (IC 95%, 0,29-0,66) em um acompanhamento mediano (IQR) de 12,2 (8,2-12,2) anos. No HBS, a perda de peso foi associada à diminuição da mortalidade6 (HR, 0,81; IC 95%, 0,68-0,96) durante um acompanhamento prolongado (mediana [IQR], 35 [24-43] anos).

Conclusões e Relevância: Neste estudo, conduzido quando as intervenções cirúrgicas e farmacológicas para perda de peso eram quase inexistentes, a perda de peso sustentada na meia-idade, em comparação com o sobrepeso9 persistente, foi associada à diminuição do risco de doenças crônicas além do diabetes tipo 212 e à diminuição da mortalidade6 por todas as causas.

Veja também sobre "Repercussões cardíacas da obesidade2" e "Dietas para emagrecer: como ter o peso corporal ideal".

 

Fontes:
JAMA Network Open, Vol. 8, N° 5, em 27 de maio de 2025.
Medscape, notícia publicada em 17 de junho de 2025.

 

NEWS.MED.BR, 2025. Perder peso aos 40 ou 50 anos reduz significativamente o risco de doenças crônicas. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1491590/perder-peso-aos-40-ou-50-anos-reduz-significativamente-o-risco-de-doencas-cronicas.htm>. Acesso em: 8 jul. 2025.

Complementos

1 Timo:
2 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
5 Asma: Doença das vias aéreas inferiores (brônquios), caracterizada por uma diminuição aguda do calibre bronquial em resposta a um estímulo ambiental. Isto produz obstrução e dificuldade respiratória que pode ser revertida de forma espontânea ou com tratamento médico.
6 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
7 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
8 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
9 Sobrepeso: Peso acima do normal, índice de massa corporal entre 25 e 29,9.
10 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
11 Menopausa: Estado fisiológico caracterizado pela interrupção dos ciclos menstruais normais, acompanhada de alterações hormonais em mulheres após os 45 anos.
12 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
13 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
14 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
15 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
16 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
17 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
18 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
19 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
20 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
21 Incidentes: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
22 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
23 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
24 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).

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