Medicamento para enxaqueca que trata dor de cabeça também alivia sintomas como tontura
Um medicamento chamado ubrogepant, já usado para tratar enxaquecas1, demonstrou reduzir os sintomas2 não relacionados à dor de cabeça3 que frequentemente surgem nas horas que antecedem a enxaqueca4 em si, tornando-se o primeiro medicamento conhecido por atuar nesses sintomas2 iniciais.
Antes da dor de cabeça3 debilitante da enxaqueca4 se instalar, muitas pessoas passam por uma fase de pródromo5, na qual apresentam sinais6 de alerta, como sensibilidade à luz ou ao som, tontura7 e rigidez no pescoço8, que podem causar considerável interrupção na vida diária.
O ubrogepant não apenas aliviou a dor de cabeça3 da enxaqueca4, como também aliviou os sintomas2 como rigidez no pescoço8 e fadiga9, se tomado precocemente.
Os desenvolvedores de medicamentos para enxaqueca4 até então sempre se concentraram no tratamento da dor de cabeça3 em si, e nenhuma terapia foi eficaz no alívio desses sintomas2 iniciais.
Mas o ubrogepant demonstrou ser promissor na interrupção das dores de cabeça3 da enxaqueca4 se tomado logo quando os primeiros sintomas2 aparecem, o que levou Peter Goadsby, do King's College London, e seus colegas a analisar se ele também pode aliviar esses sintomas2 inicias. Os resultados foram publicados na revista Nature Medicine.
Leia sobre "O que é enxaqueca4" e "Enxaqueca4 hemiplégica".
Eles realizaram um estudo com 477 pessoas, com idades entre 18 e 75 anos, que tinham histórico de enxaquecas1. Metade dos participantes tomou uma dose de 100 miligramas de ubrogepant quando sentiu sintomas2 que sugeriam que uma enxaqueca4 estava a caminho, enquanto a outra metade, sem saber, tomou um placebo10. Então, na próxima vez em que os sintomas2 prodrômicos11 apareceram, os participantes tomaram o comprimido oposto.
Após tomarem ubrogepant, eles relataram melhora na capacidade de concentração uma hora depois, bem como redução da sensibilidade à luz duas horas depois, e menos fadiga9 e dor no pescoço8 três horas depois, em comparação com o que sentiram ao tomar o placebo10. Os participantes relataram que a tontura7 e a sensibilidade ao som também diminuíram quando tomaram ubrogepant.
“Se tomassem ubrogepant, as pessoas tinham maior probabilidade de apresentar uma redução nos sintomas2 não dolorosos, mesmo antes do início da dor”, diz Goadsby.
O estudo não investigou o efeito do medicamento na aura, outra característica inicial da enxaqueca4 que envolve distúrbios sensoriais que podem afetar a visão12, como luzes piscantes e pontos cegos.
“Dado que os sintomas2 prodrômicos11 comuns costumam ser funcionalmente incapacitantes, o potencial de intervir mais cedo na cascata da enxaqueca4 é clinicamente significativo”, afirma Parisa Gazerani, da Universidade Metropolitana de Oslo, na Noruega. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar sua ampla aplicabilidade, acrescenta.
“Esta pesquisa mostra o potencial dos tratamentos para enxaqueca4 para reduzir esses sintomas2 iniciais, além de prevenir o estágio principal da dor de cabeça3 de uma crise”, afirma Rob Music, que lidera o Migraine Trust no Reino Unido. “Estamos ansiosos para ver mais pesquisas nessa área para ajudar a reduzir o impacto da enxaqueca4 para a 1 em cada 7 pessoas que vivem com a doença.”
No artigo publicado, os pesquisadores relatam os resultados da análise exploratória do estudo randomizado13 de fase 3 PRODROME, que avaliou o ubrogepant para o tratamento dos sintomas2 prodrômicos11 da enxaqueca4.
O PRODROME foi um estudo de fase 3, duplo-cego, cruzado e controlado por placebo10, que avaliou se ubrogepant 100 mg, um antagonista14 do receptor de peptídeo relacionado ao gene da calcitonina15, administrado durante a fase premonitória (prodrômica) da enxaqueca4, preveniu o desenvolvimento de cefaleia16 e resolveu os sintomas2 prodrômicos11.
Eventos prodrômicos11 qualificadores foram definidos como crises com sintomas2 nas quais o participante estava confiante de que a cefaleia16 ocorreria dentro de 1 a 6 horas. Dos 1.087 participantes selecionados, 477 formaram a população de análise de eficácia.
Os resultados foram coletados ao longo de 48 horas, mostrando, por exemplo:
- 2 horas após a dose, ausência de fotofobia17 em 19,5% e 12,5% dos eventos tratados com ubrogepant e placebo10, respectivamente (razão de chances [OR] = 1,72; intervalo de confiança [IC] de 95% = 1,13-2,61);
- 3 horas após a dose, a ausência de fadiga9 ocorreu em 27,3% e 16,8% (OR = 1,85; IC de 95% = 1,17-2,92) e ausência de dor no pescoço8 em 28,9% e 15,9% (OR = 2,04; IC de 95% = 1,25-3,32) dos eventos;
- 4 horas após a dose, ausência de fonofobia em 50,7% e 35,8% (OR = 1,97; IC 95% = 1,38-2,80) dos eventos;
- e 24 horas após a dose, ausência de tontura7 em 88,5% e 82,3% (OR = 1,82; IC 95% = 1,00-3,30) dos eventos.
Em 1h e 6h após a dose, respectivamente, a ausência de dificuldade de concentração ocorreu em 8,7% e 2,1% (OR = 4,26; IC de 95% = 1,17-15,54) e a ausência de dificuldade de pensamento ocorreu em 56,9% e 41,8% (OR = 2,05; IC de 95% = 1,14-3,71)) dos eventos.
O estudo concluiu que o tratamento com ubrogepant durante a fase prodrômica pode melhorar os sintomas2 prodrômicos11 comuns, com melhorias possivelmente já 1h após a dose.
Veja também sobre "Mitos e verdades sobre dor de cabeça3", "Concentração mental" e "Tontura7: o que é importante saber".
Fontes:
Nature Medicine, publicação em 12 de maio de 2025.
New Scientist, notícia publicada em 12 de maio de 2025.