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Estudo fornece evidência que vacinação contra o HPV reduz o risco de vários tipos de câncer em homens e mulheres

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A vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) reduziu o risco de múltiplos tipos de câncer1 em homens e mulheres, mostrou um grande estudo de coorte2 retrospetivo apresentado na reunião anual da American Society of Clinical Oncology (ASCO) e publicado no Journal of Clinical Oncology.

O risco de câncer1 da cabeça3 e pescoço4 e de todos os cânceres associados ao HPV nos homens diminuiu em mais de 50%. Consistente com relatórios anteriores, a vacinação reduziu o risco de câncer1 do colo do útero5 em 29%, de lesões6 precursoras do câncer1 do colo do útero5 em 50-60% e de todos os cânceres relacionados com o HPV em mulheres em 27%. O risco de câncer1 de cabeça3 e pescoço4 nas mulheres diminuiu 33%, mas a diferença em comparação com mulheres não vacinadas não atingiu significância estatística.

Os dados estão entre os primeiros a mostrar uma associação entre a vacinação contra o HPV e um risco reduzido de múltiplos tipos de câncer1 e redução do risco de câncer1 em homens, relatou Jefferson DeKloe, estudante de medicina na Western Michigan University em Kalamazoo e pesquisador da Thomas Jefferson University na Filadélfia, durante uma coletiva de imprensa antes da reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.

Leia sobre "HPV (Papilomavírus humano) e verrugas genitais", "Prevenção do câncer1" e "Vacinas - como funcionam".

“A vacina7 contra o HPV é uma forma segura e eficaz de prevenir a infecção”, disse DeKloe. “Nosso estudo mostrou que pacientes com menos de 40 anos de idade que foram vacinados contra o HPV geralmente apresentam taxas mais baixas de câncer1 normalmente causado pelo HPV, incluindo câncer1 de orofaringe8 e câncer1 cervical”.

A presidente da ASCO, Lynn Schuchter, do Abramson Cancer1 Center da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, disse que o estudo forneceu novas informações importantes sobre a capacidade da vacina7 contra o HPV de proteger contra outras doenças malignas além do câncer1 cervical.

“Sabemos há muito tempo que tomar a vacina7 contra o HPV pode prevenir o desenvolvimento da infecção9 pelo HPV, sim, mas o mais importante, do câncer”, disse Schuchter. “Sabemos disso principalmente através do câncer1 do colo do útero5. Este é um estudo realmente importante que amplia a informação sobre o impacto. Esperava-se que a vacina7 contra o HPV diminuísse o risco de câncer1 em outras áreas associadas à infecção9 pelo HPV”.

À medida que a incidência10 de câncer1 da cabeça3 e pescoço4 (particularmente câncer1 da orofaringe8) associado ao tabagismo e ao álcool diminuiu, o câncer1 da orofaringe8 relacionado ao HPV emergiu como o principal tipo de doença.

“Este estudo realmente destaca a importância de se tomar a vacina7 contra o HPV”, disse Schuchter. “O objetivo é que as meninas e os meninos sejam vacinados para prevenir o desenvolvimento da infecção9 pelo HPV, e isso deverá diminuir o risco de câncer1, que é o que temos visto. Esta é uma informação realmente importante que continua a justificar a razão pela qual precisamos de meninos e meninas vacinados contra o HPV.”

No artigo publicado, os pesquisadores analisaram os efeitos da vacinação contra o HPV no desenvolvimento de cânceres relacionados ao HPV.

Eles relatam que vários estudos demonstraram a eficácia da vacina7 contra o Papilomavírus Humano (HPV) na redução do risco de câncer1 do colo do útero5. Dada a recente introdução da vacina7 contra o HPV, existem evidências limitadas que ligam a vacinação a uma menor probabilidade de desenvolver outros cânceres relacionados ao HPV.

Foi realizado um estudo de coorte2 retrospectivo11 utilizando uma população de pacientes selecionada da TriNetX United States Collaborative Network. Pacientes de 9 a 39 anos que compareceram a consultas médicas onde qualquer vacina7 foi administrada entre 01/01/2010 e 31/12/2023 foram divididos em duas coortes: pacientes vacinados contra HPV há pelo menos cinco anos e aqueles sem histórico de vacinação contra HPV.

Os desfechos foram malignidades nos seguintes locais: cabeça3 e pescoço4 (CCP), colo do útero5, ânus12 e canal anal13, pênis14, vulva15 e vagina16. Pacientes sem história prévia de displasia17 cervical submetidas a exame de Papanicolau18 foram observadas para citologia atípica. A correspondência por escore de propensão foi realizada para combinar coortes por idade, raça/etnia, uso de tabaco e IMC19.

Os homens vacinados contra o HPV (n = 760.540) apresentaram chances diminuídas de cânceres relacionados ao HPV (razão de chances [OR] = 0,46, intervalo de confiança [IC] de 95% = 0,29-0,72, valor-p = 0,001). Esse achado foi impulsionado principalmente por uma redução significativa no CCP (OR = 0,44, IC = 0,26-0,73, p = 0,0016).

Mulheres vacinadas contra o HPV (n = 945.999) tiveram chances mais baixas de câncer1 cervical (OR = 0,71, IC = 0,52-0,96, valor-p = 0,027) e cânceres relacionados ao HPV em geral (OR = 0,73, IC = 0,57-0,94, p = 0,013). As chances de CCP (OR = 0,67, IC = 0,42-1,1, p = 0,10) e câncer1 vulvar/vaginal (OR = 1,67, IC = 0,81-3,41, p = 0,16) não foram significativamente diferentes nas mulheres vacinadas em comparação aos controles.

As mulheres vacinadas tiveram menor probabilidade de desenvolver lesões6 intraepiteliais escamosas de alto grau (HSIL), (OR = 0,44, IC = 0,30-0,65, p <0,0001) e carcinoma20 in-situ (OR = 0,422, IC = 0,25-0,72, p = 0,002).

Estes resultados sugerem evidências precoces de eficácia da vacina7 na prevenção do desenvolvimento de vários tipos de doenças malignas e displasia17 pré-maligna causadas pelo HPV.

Veja também sobre "Câncer1 do colo do útero5", "Câncer1 de Cabeça3 e Pescoço4" e "Doenças Sexualmente Transmissíveis".

 

Fontes:
Journal of Clinical Oncology, Vol. 42, Nº 16, em 29 de maio de 2024.
MedPage Today, notícia publicada em 24 de maio de 2024.

 

NEWS.MED.BR, 2024. Estudo fornece evidência que vacinação contra o HPV reduz o risco de vários tipos de câncer em homens e mulheres. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1476182/estudo-fornece-evidencia-que-vacinacao-contra-o-hpv-reduz-o-risco-de-varios-tipos-de-cancer-em-homens-e-mulheres.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.

Complementos

1 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
2 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
3 Cabeça:
4 Pescoço:
5 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
6 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
7 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
8 Orofaringe: Parte mediana da faringe, entre a boca e a rinofaringe.
9 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
10 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
11 Retrospectivo: Relativo a fatos passados, que se volta para o passado.
12 Ânus: Segmento terminal do INTESTINO GROSSO, começando na ampola do RETO e terminando no ânus.
13 Canal Anal: Segmento terminal do INTESTINO GROSSO, começando na ampola do RETO e terminando no ânus.
14 Pênis: Órgão reprodutor externo masculino. É composto por uma massa de tecido erétil encerrada em três compartimentos cilíndricos fibrosos. Dois destes compartimentos, os corpos cavernosos, ficam lado a lado ao longo da parte superior do órgão. O terceiro compartimento (na parte inferior), o corpo esponjoso, abriga a uretra.
15 Vulva: Genitália externa da mulher, compreendendo o CLITÓRIS, os lábios, o vestíbulo e suas glândulas.
16 Vagina: Canal genital, na mulher, que se estende do ÚTERO à VULVA. (Tradução livre do original
17 Displasia: Desenvolvimento ou crescimento anormal de um tecido ou órgão.
18 Papanicolau: Método de coloração para amostras de tecido, particularmente difundido por sua utilização na detecção precoce do câncer de colo uterino.
19 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
20 Carcinoma: Tumor maligno ou câncer, derivado do tecido epitelial.
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