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Problemas na placenta foram associados às aberrações cerebrais de recém-nascidos na cardiopatia congênita

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Entre os bebês1 com cardiopatia congênita2 grave, as anomalias neurológicas tenderam a agrupar-se naqueles que foram expostos a alguma patologia3 placentária enquanto ainda estavam no útero4, descobriu um estudo prospectivo5 unicêntrico publicado no Journal of the American Heart Association.

A gravidade da patologia3 placentária foi negativamente correlacionada com os volumes da substância cinzenta cortical, do cerebelo6 e do cérebro7 total da criança, com base em ressonâncias magnéticas cerebrais pré-operatórias realizadas em uma idade mediana pós-natal de 4 dias e idade pós-menstrual de 39,5 semanas.

As anormalidades placentárias observadas incluíram lesões8 de má perfusão vascular9 materna (46%), hemácias10 nucleadas (37%), lesões8 inflamatórias crônicas (35%), maturação tardia (30%) e peso placentário abaixo do percentil 10 (28%), relataram Manon Benders, MD, PhD, do Hospital Infantil Wilhelmina em Utrecht, Holanda, e colegas do CHD LifeSpan Study Group.

“Para resumir, as anomalias placentárias identificadas nesta coorte11 sugerem que a causa da patologia3 placentária na cardiopatia congênita2 é provavelmente multifatorial, incluindo lesões8 que têm origem no desenvolvimento, bem como lesões8 que surgem devido a alterações na hemodinâmica12 materna e fetal”, escreveram os autores.

Saiba mais sobre "Cardiopatias congênitas13", "Gestação semana a semana" e "Desenvolvimento infantil".

“Seus dados são os primeiros a apoiar a hipótese generalizada de que as anormalidades placentárias estão intrinsecamente interligadas com o desenvolvimento do cérebro7 na cardiopatia congênita”, escreveram Cynthia Ortinau, MD, da Universidade de Washington em St. Louis, e Jane Newburger, MD, do Boston Children's Hospital e da Harvard Medical School, em um editorial que acompanhou a publicação do estudo.

“Tomados em conjunto, estes dados sugerem que a disfunção placentária tem o maior impacto nas regiões do cérebro7 que se desenvolvem mais rapidamente no terceiro trimestre, quando as necessidades metabólicas são mais elevadas do que em outros períodos”, comentou a dupla.

Quanto à lesão14 cerebral em seu estudo, Benders e colegas relataram que os exames disponíveis não mostraram lesão14 cerebral isquêmica ou hemorrágica15 excessiva com maior gravidade da patologia3 placentária.

No entanto, isto pode dever-se ao fato de os autores não terem conseguido explicar vários possíveis mediadores de uma relação placenta-cérebro7, sugeriram os editorialistas. Os critérios de exclusão do estudo incluíram distúrbios genéticos ou cromossômicos, gestações múltiplas, idade gestacional ao nascer inferior a 36 semanas ou anomalias extracardíacas importantes.

Trabalhos anteriores estabeleceram que crianças com cardiopatia congênita2 fetal correm maior risco de lesão14 cerebral pós-natal e resultados adversos no desenvolvimento neurológico a longo prazo. Apesar da melhoria contínua no tratamento da cardiopatia congênita2 grave ao longo dos anos, as crianças afetadas “continuam em risco de sequelas16 de desenvolvimento neurológico, como problemas cognitivos17, motores e comportamentais, com taxas de incidência18 relatadas variando de 20% a 60%”, observaram Benders e colegas.

“Embora estas anomalias neurológicas tenham sido predominantemente atribuídas à vulnerabilidade cerebral no período neonatal crítico que envolve a cirurgia cardíaca, há evidências crescentes de que as aberrações cerebrais já se desenvolvem no útero”, escreveram.

“Nossas descobertas sublinham a importância do monitoramento da saúde19 placentária e da avaliação da placenta por um patologista20 perinatal experiente em gestações com cardiopatia congênita2 fetal”, afirmou a equipe de Benders. “Em última análise, ter como alvo a patologia3 placentária pode ser promissor como uma intervenção pré-natal para melhorar os resultados do desenvolvimento neurológico na cardiopatia congênita”.

No artigo publicado, os pesquisadores descrevem como a patologia3 placentária contribui para o desenvolvimento volumétrico cerebral prejudicado em neonatos21 com cardiopatia congênita2.

Eles relatam que os recém-nascidos com cardiopatia congênita2 correm o risco de ter um desenvolvimento cerebral prejudicado no útero4, predispondo as crianças a lesões8 cerebrais pós-natais e a resultados adversos no desenvolvimento neurológico a longo prazo.

Dado o papel vital da placenta no crescimento fetal, avaliou-se a incidência18 de patologia3 placentária na cardiopatia congênita2 fetal e explorou-se sua associação com volumes cerebrais totais e regionais, girificação e lesão14 cerebral após o nascimento.

Placentas de 96 gestações únicas a termo com cardiopatia congênita2 fetal grave foram analisadas prospectivamente quanto a patologia3 macroscópica e microscópica. Aplicou-se uma pontuação de gravidade da patologia3 placentária para relacionar anormalidades placentárias ao resultado neurológico. A ressonância magnética22 pré-cirúrgica pós-natal foi usada para analisar volumes cerebrais, girificação e lesões8 cerebrais.

As análises placentárias revelaram as seguintes anormalidades: lesões8 de má perfusão vascular9 materna em 46%, hemácias10 nucleadas em 37%, lesões8 inflamatórias crônicas em 35%, maturação tardia em 30% e peso placentário abaixo do percentil 10 em 28%.

A gravidade da patologia3 placentária foi negativamente correlacionada com os volumes de substância cinzenta cortical, substância cinzenta profunda, tronco cerebral23, cerebelo6 e cérebro7 total (r = -0,25 a -0,31, todos P <0,05).

Ao corrigir a idade pós-menstrual na ressonância magnética22 em regressão linear, essa associação permaneceu significativa para os volumes da substância cinzenta cortical, do cerebelo6 e do cérebro7 total (R² ajustado = 0,25-0,47, todos P <0,05).

O estudo concluiu que a patologia3 placentária ocorre frequentemente em neonatos21 com cardiopatia congênita2 grave e pode contribuir para o comprometimento do desenvolvimento cerebral, indicado pela associação entre a gravidade da patologia3 placentária e reduções nos volumes pós-natais corticais, cerebelares e cerebrais totais.

Leia sobre "Atrasos do desenvolvimento", "Atrofia24 cerebral" e "Ecocardiograma25 fetal".

 

Fontes:
Journal of the American Heart Association, Vol. 13, Nº 5, em março de 2024.
MedPage Today, notícia publicada em 01 de março de 2024.

 

NEWS.MED.BR, 2024. Problemas na placenta foram associados às aberrações cerebrais de recém-nascidos na cardiopatia congênita. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1467642/problemas-na-placenta-foram-associados-as-aberracoes-cerebrais-de-recem-nascidos-na-cardiopatia-congenita.htm>. Acesso em: 13 nov. 2024.

Complementos

1 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
2 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
3 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
4 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
5 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
6 Cerebelo: Parte do encéfalo que fica atrás do TRONCO ENCEFÁLICO, na base posterior do crânio (FOSSA CRANIANA POSTERIOR). Também conhecido como “encéfalo pequeno“, com convoluções semelhantes àquelas do CÓRTEX CEREBRAL, substância branca interna e núcleos cerebelares profundos. Sua função é coordenar movimentos voluntários, manter o equilíbrio e aprender habilidades motoras.
7 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
8 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
9 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
10 Hemácias: Também chamadas de glóbulos vermelhos, eritrócitos ou células vermelhas. São produzidas no interior dos ossos a partir de células da medula óssea vermelha e estão presentes no sangue em número de cerca de 4,5 a 6,5 milhões por milímetro cúbico, em condições normais.
11 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
12 Hemodinâmica: Ramo da fisiologia que estuda as leis reguladoras da circulação do sangue nos vasos sanguíneos tais como velocidade, pressão etc.
13 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
14 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
15 Hemorrágica: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
16 Sequelas: 1. Na medicina, é a anomalia consequente a uma moléstia, da qual deriva direta ou indiretamente. 2. Ato ou efeito de seguir. 3. Grupo de pessoas que seguem o interesse de alguém; bando. 4. Efeito de uma causa; consequência, resultado. 5. Ato ou efeito de dar seguimento a algo que foi iniciado; sequência, continuação. 6. Sequência ou cadeia de fatos, coisas, objetos; série, sucessão. 7. Possibilidade de acompanhar a coisa onerada nas mãos de qualquer detentor e exercer sobre ela as prerrogativas de seu direito.
17 Cognitivos: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
18 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
19 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
20 Patologista: Estudioso ou especialista em patologia, que é a especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo.
21 Neonatos: Refere-se a bebês nos seus primeiros 28 dias (mês) de vida. O termo “recentemente-nascido“ refere-se especificamente aos primeiros minutos ou horas que se seguem ao nascimento. Esse termo é utilizado para enfocar os conhecimentos e treinamento da ressuscitação imediatamente após o nascimento e durante as primeiras horas de vida.
22 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
23 Tronco Cerebral: Parte do encéfalo que conecta os hemisférios cerebrais à medula espinhal. É formado por MESENCÉFALO, PONTE e MEDULA OBLONGA.
24 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
25 Ecocardiograma: Método diagnóstico não invasivo que permite visualizar a morfologia e o funcionamento cardíaco, através da emissão e captação de ultra-sons.
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