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Transtornos mentais, especialmente os transtornos por uso de substâncias, foram associados a uma expectativa de vida substancialmente reduzida

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Os transtornos mentais estão associados à mortalidade1 prematura. Há pesquisas crescentes que examinam a expectativa de vida2 e os anos potenciais de vida perdidos (APVP) para quantificar o impacto da doença na sobrevivência3 de pessoas com transtornos mentais.

Neste estudo publicado no jornal científico eClinicalMedicine, o objetivo foi sintetizar sistematicamente estudos para estimar a expectativa de vida2 e os APVP em pessoas com qualquer transtorno mental específico em um amplo espectro de diagnósticos.

Leia sobre "Saúde4 mental", "Principais transtornos mentais" e "Sinais5 que apontam para a dependência às drogas".

Nesta revisão sistemática e metanálise, foram pesquisadas as bases de dados Embase, MEDLINE, PsychINFO, WOS desde o início até 31 de julho de 2023, para estudos publicados que relatassem expectativa de vida2 e/ou APVP para transtornos mentais.

Os critérios de inclusão no estudo foram: pacientes de todas as idades com algum transtorno mental; dados relatados sobre expectativa de vida2 e/ou APVP de uma coorte6 de transtornos mentais em relação à população em geral ou a um grupo de comparação sem transtornos mentais; e estudos de coorte7. Foram excluídos estudos que não fossem de coorte6, publicações contendo dados não revisados por pares ou aqueles restritos a subgrupos populacionais.

As estimativas de sobrevivência3, ou seja, expectativa de vida2 e APVP, foram agrupadas (com base em dados resumidos extraídos dos estudos incluídos) utilizando modelos de efeitos aleatórios. Análises de subgrupos e análises de meta-regressão de efeitos aleatórios foram realizadas para explorar fontes de heterogeneidade. A avaliação do risco de viés foi avaliada pela Escala Newcastle-Ottawa.

Dos 35.865 estudos identificados na pesquisa, 109 estudos de 24 países ou regiões, incluindo 12.171.909 pacientes com transtornos mentais, foram elegíveis para análise (54 para expectativa de vida2 e 109 para APVP).

A expectativa de vida2 agrupada para transtornos mentais foi de 63,85 anos (IC 95% 62,63-65,06; I² = 100,0%) e os APVP agrupados foi de 14,66 anos (IC 95% 13,88-15,98; I² = 100,0%).

Análises estratificadas por transtornos revelaram que os transtornos por uso de substâncias tinham a menor expectativa de vida2 (57,07 anos [IC 95% 54,47-59,67]), enquanto os transtornos neuróticos tinham a expectativa de vida2 mais longa (69,51 anos [IC 95% 67,26-71,76]).

Os transtornos por uso de substâncias exibiram os maiores APVP (20,38 anos [IC 95% 18,65-22,11]), seguidos por transtornos alimentares (16,64 anos [IC 95% 7,45-25,82]), transtornos do espectro da esquizofrenia8 (15,37 anos [IC 95% 14,18-16,55]) e transtornos de personalidade (15,35 anos [IC 95% 12,80-17,89]).

Os APVP atribuíveis a mortes naturais e não naturais em transtornos mentais foram de 4,38 anos (IC 95% 3,15-5,61) e 8,11 anos (IC 95% 6,10-10,13; suicídio: 8,31 anos [IC 95% 6,43-10,19]), respectivamente.

Análises estratificadas por período de estudo sugeriram que a lacuna de longevidade persistiu ao longo do tempo. Foi observada heterogeneidade significativa entre estudos.

O estudo concluiu que os transtornos mentais estão associados à redução substancial da expectativa de vida2, que é de natureza transdiagnóstica, abrangendo uma ampla gama de diagnósticos. A implementação de abordagens de intervenção abrangentes e multiníveis é urgentemente necessária para corrigir as desigualdades ao longo da vida das pessoas com transtornos mentais.

Veja também sobre "Longevidade - o que é", "Alcoolismo" e "Como manter mais baixo o risco do consumo de bebidas alcoólicas".

 

Fonte: eClinicalMedicine, Vol. 65, Nº 102294, em novembro de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. Transtornos mentais, especialmente os transtornos por uso de substâncias, foram associados a uma expectativa de vida substancialmente reduzida. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1461942/transtornos-mentais-especialmente-os-transtornos-por-uso-de-substancias-foram-associados-a-uma-expectativa-de-vida-substancialmente-reduzida.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.

Complementos

1 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
2 Expectativa de vida: A expectativa de vida ao nascer é o número de anos que se calcula que um recém-nascido pode viver caso as taxas de mortalidade registradas da população residente, no ano de seu nascimento, permaneçam as mesmas ao longo de sua vida.
3 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
6 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
7 Estudos de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
8 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
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