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A luz ultravioleta molda a evolução das células pré-cancerosas

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Os fatores que causam o desenvolvimento do câncer1 a partir de células2 pré-malignas em um único local anatômico estão se tornando mais claros. No entanto, o papel das pressões ambientais específicas do tecido3 que levam essas linhagens celulares (clones) a causar a disseminação da doença não é tão bem compreendido.

Dessa forma, ainda há muito a ser descoberto sobre como as células2 pré-malignas se tornam células2 cancerígenas. Agora, uma análise do desenvolvimento de um tipo de leucemia4 humana implica a luz ultravioleta no desencadeamento de uma forma rara de câncer1.

Escrevendo na Nature, Griffin et al. investigam o desenvolvimento de uma forma agressiva de leucemia4 chamada neoplasia5 de células dendríticas6 plasmocitoides blásticas (NCDPB), frequentemente diagnosticada pela presença de células2 malignas na pele7.

Os dados dos autores mostram que a migração de um tipo de célula8 imune através da pele7 leva ao acúmulo de danos no DNA associados à exposição à luz ultravioleta (UV). Esse dano precede a aquisição de mutações associadas à transformação em malignidade, indicando que o movimento de células2 pré-leucêmicas para a pele7 está envolvido nos estágios iniciais da NCDPB.

Leia sobre "Leucemias: o que são" e "Oncogênese - como se dá o processo de formação do câncer1".

No artigo, os pesquisadores descrevem como a radiação ultravioleta molda a transformação da leucemia4 de células dendríticas6 na pele7.

Eles relatam que os tumores geralmente surgem da progressão de clones precursores dentro de um único nicho anatômico. Na medula óssea9, os progenitores clonais podem sofrer transformação maligna em leucemia4 aguda ou se diferenciar em células2 imunes que contribuem para a patologia10 da doença nos tecidos periféricos.

Fora da medula11, esses clones são potencialmente expostos a uma variedade de processos mutacionais específicos do tecido3, embora as consequências disso não sejam claras.

Neste estudo investigou-se o desenvolvimento de neoplasia5 de células dendríticas6 plasmocitoides blásticas (NCDPB) – uma forma incomum de leucemia4 aguda que frequentemente se apresenta com células2 malignas isoladas na pele7.

Usando filogenômica tumoral e transcriptômica de célula8 única com genotipagem, descobriu-se que a NCDPB surge de precursores hematopoiéticos clonais (pré-malignos) na medula óssea9. Observou-se que os tumores de pele7 NCDPB se desenvolvem primeiro em locais anatômicos expostos ao sol e são distinguidos por mutações clonalmente expandidas induzidas pela radiação ultravioleta (UV).

Uma reconstrução das filogenias tumorais revela que o dano UV pode preceder a aquisição de alterações associadas à transformação maligna, implicando a exposição solar de células dendríticas6 plasmocitoides ou precursores comprometidos durante a patogênese12 da NCDPB.

Funcionalmente, descobriu-se que as mutações de perda de função em Tet2, a alteração pré-maligna mais comum na NCDPB, conferem resistência à morte celular induzida por UV em células dendríticas6 plasmocitoides, mas não em células dendríticas6 convencionais, sugerindo um papel supressor13 de tumor14 dependente do contexto para TET2.

Essas descobertas demonstram como exposições ambientais específicas de tecidos em locais anatômicos distantes podem moldar a evolução de clones pré-malignos para câncer1 disseminado.

Veja também sobre "Lesões15 pré-cancerosas da pele7" e "Prevenção do câncer1".

 

Fontes:
Nature, publicação em 07 de junho de 2023.
Nature, notícia publicada em 07 de junho de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. A luz ultravioleta molda a evolução das células pré-cancerosas. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1440460/a-luz-ultravioleta-molda-a-evolucao-das-celulas-pre-cancerosas.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.

Complementos

1 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
2 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
3 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
4 Leucemia: Doença maligna caracterizada pela proliferação anormal de elementos celulares que originam os glóbulos brancos (leucócitos). Como resultado, produz-se a substituição do tecido normal por células cancerosas, com conseqüente diminuição da capacidade imunológica, anemia, distúrbios da função plaquetária, etc.
5 Neoplasia: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
6 Células Dendríticas: Células especializadas do sistema hematopoético que possuem extensões semelhantes a ramos. São encontradas em todo o sistema linfático, e tecidos não linfóides, como PELE e o epitélio nos tratos intestinal, respiratório e reprodutivo. Elas prendem e processam ANTÍGENOS e os apresentam às CÉLULAS T, estimulando assim a IMUNIDADE MEDIADA POR CÉLULAS. São diferentes das CÉLULAS DENDRÍTICAS FOLICULARES não hematopoéticas, que têm morfologia e função do sistema imune semelhantes, exceto em relação à imunidade humoral (PRODUÇÃO DE ANTICORPOS).
7 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
8 Célula: Unidade funcional básica de todo tecido, capaz de se duplicar (porém algumas células muito especializadas, como os neurônios, não conseguem se duplicar), trocar substâncias com o meio externo à célula, etc. Possui subestruturas (organelas) distintas como núcleo, parede celular, membrana celular, mitocôndrias, etc. que são as responsáveis pela sobrevivência da mesma.
9 Medula Óssea: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
10 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
11 Medula: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
12 Patogênese: Modo de origem ou de evolução de qualquer processo mórbido; nosogenia, patogênese, patogenesia.
13 Supressor: 1. Que ou o que suprime. 2. Em genética, é o gene que torna o fenótipo idêntico àquele determinado pelo alelo não mutante (diz-se de mutação).
14 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
15 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
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