DNA extracromossômico aparece antes do câncer se formar
Acreditava-se que um tipo de DNA circular não encontrado nos cromossomos1, chamado DNA extracromossômico, fosse encontrado exclusivamente no câncer2. Agora, sua descoberta em tecido3 não canceroso sugere que ele pode ter um papel ativo precoce na transformação maligna.
Sabe-se que o DNA extracromossômico pode ajudar no crescimento do câncer2 ao abrigar genes que promovem o câncer2 (oncogenes). A estrutura única do DNA extracromossômico e seu complexo proteico associado, chamado cromatina4, aumenta a eficiência de sua transcrição, e o padrão de herança desse DNA, resultando em muitas cópias em uma única célula5, suporta a rápida amplificação do conteúdo do oncogene e a evolução do tumor6.
Embora presente em muitos tipos de câncer2 humano, o DNA extracromossômico era considerado inexistente em tecidos normais. No novo estudo, publicado na revista Nature, pesquisadores relatam a descoberta de DNA extracromossômico em tecido3 esofágico não canceroso que está predisposto ao desenvolvimento de câncer2 e fornecem evidências de que esse DNA pode ajudar a tornar o tecido3 não canceroso em canceroso.
Leia sobre "Genética - conceitos básicos" e "Oncogênese - Como se dá o processo de formação do câncer2".
O artigo descreve o DNA extracromossômico na transformação cancerosa do esôfago7 de Barrett.
Os pesquisadores contextualizam que a amplificação do oncogene no DNA extracromossômico (DNAec) impulsiona a evolução dos tumores e sua resistência ao tratamento e está associada a resultados ruins para pacientes8 com câncer2.
Atualmente, não está claro se o DNAec é uma manifestação posterior de instabilidade genômica ou se pode ser um evento precoce na transição da displasia9 para o câncer2.
Neste estudo, para entender melhor o desenvolvimento do DNAec, analisou-se dados de sequenciamento do genoma completo de pacientes com adenocarcinoma10 esofágico (ACE) ou esôfago7 de Barrett. Esses dados incluíram 206 biópsias11 na vigilância do esôfago7 de Barrett e coortes de ACE da Universidade de Cambridge.
Também foram analisados dados de sequenciamento do genoma completo e histologia de biópsias11 que foram coletadas em várias regiões em 2 pontos no tempo de 80 pacientes em um estudo de caso-controle no Fred Hutchinson Cancer2 Center.
Nas coortes de Cambridge, a frequência de DNAec aumentou entre o ACE de estágio inicial (24%) e tardio (43%) associado ao esôfago7 de Barrett, sugerindo que o DNAec é formado durante a progressão do câncer2.
Na coorte12 do Fred Hutchinson Cancer2 Center, 33% dos pacientes que desenvolveram ACE tiveram pelo menos uma biópsia13 esofágica com DNAec antes ou no momento do diagnóstico14 de ACE. Em biópsias11 coletadas antes do diagnóstico14 de câncer2, níveis mais altos de DNAec estavam presentes em amostras de pacientes que desenvolveram ACE posteriormente do que em amostras daqueles que não desenvolveram.
Descobriu-se que os DNAecs continham diversas coleções de oncogenes e genes imunomoduladores. Além disso, os DNAecs mostraram aumentos no número de cópias e na complexidade estrutural em estágios mais avançados da doença.
Os achados mostram que o DNA extracromossômico pode se desenvolver no início da transição da displasia9 de alto grau para o câncer2, e que os DNAs extracromossômicos se formam progressivamente e evoluem sob seleção positiva.
Veja também sobre "Adenocarcinoma10: o que é" e "Câncer2 de esôfago7".
Fonte: Nature, publicação em 12 de abril de 2023.