Uma reação intestinal influencia a eficácia da quimioterapia no câncer de pâncreas
A descoberta de que moléculas produzidas por microrganismos intestinais podem afetar as células1 imunológicas e, portanto, o sucesso da quimioterapia2 para o câncer3 de pâncreas4 aponta o caminho para o uso de intervenções nutricionais para melhorar os resultados.
Os achados são de um estudo publicado na revista Nature.
Leia sobre "Microbioma5 intestinal humano" e "Câncer3 de pâncreas4".
A quimioterapia2 é o tratamento mais comum para o câncer3 de pâncreas4 que se espalhou para outros locais do corpo (metástase6). No entanto, esse tratamento falha se o tumor7 se tornar resistente a essa terapia.
Embora estejam surgindo novos regimes terapêuticos que usam combinações de tratamentos, os resultados permanecem insatisfatórios. Se fossem identificadas intervenções dietéticas que pudessem reduzir o surgimento de resistência à quimioterapia2, e essas intervenções tivessem funcionado em ensaios clínicos8, elas poderiam oferecer uma abordagem terapêutica9 prontamente disponível.
No artigo publicado, pesquisadores apresentam dados de estudos em humanos e camundongos sugerindo que certos microrganismos intestinais produzem moléculas que restauram a resposta dos tumores à quimioterapia2.
Eles relatam como o ácido indol-3-acético derivado da microbiota10 influencia a eficácia da quimioterapia2 no câncer3 de pâncreas4.
Acredita-se que o adenocarcinoma11 ductal pancreático (ACDP) será o segundo câncer3 mais letal até 2040, devido à alta incidência12 de doença metastática13 e respostas limitadas ao tratamento. Menos da metade de todos os pacientes respondem ao tratamento primário para ACDP, quimioterapia2, e alterações genéticas por si só não podem explicar isso. A dieta é um fator ambiental que pode influenciar a resposta às terapias, mas seu papel no ACDP não é claro.
Neste estudo, usando sequenciamento metagenômico shotgun14 e triagem metabolômica, mostrou-se que o ácido indol-3-acético (AIA), um metabólito15 do triptofano derivado da microbiota10, é enriquecido em pacientes que respondem ao tratamento.
Transplante de microbiota10 fecal, manipulação dietética de curto prazo de triptofano e administração oral de AIA aumentam a eficácia da quimioterapia2 em modelos de camundongos gnotobióticos humanizados de ACDP.
Usando uma combinação de experimentos de perda e ganho de função, mostrou-se que a eficácia do AIA e da quimioterapia2 é licenciada pela mieloperoxidase derivada de neutrófilos16. A mieloperoxidase oxida o AIA, que em combinação com a quimioterapia2 induz uma regulação negativa das enzimas degradadoras de espécies reativas de oxigênio (ERO) glutationa peroxidase 3 e glutationa peroxidase 7.
Tudo isso resulta no acúmulo de ERO e na regulação negativa da autofagia em células1 cancerígenas, o que compromete sua aptidão metabólica e, em última instância, sua proliferação.
Em humanos, observou-se uma correlação significativa entre os níveis de AIA e a eficácia da terapia em duas coortes independentes de ACDP.
Em resumo, identificou-se um metabólito15 derivado da microbiota10 que tem implicações clínicas no tratamento do adenocarcinoma11 ductal pancreático e forneceu-se uma motivação para considerar intervenções nutricionais durante o tratamento de pacientes com câncer3.
Veja também sobre "O que são metástases17" e "Quimioterapia2".
Fontes:
Nature, publicação em 22 de fevereiro de 2023.
Nature, notícia publicada em 22 de fevereiro de 2023.