Risco de demência é maior em pessoas com sinais anteriores de sofrimento psicológico
O risco de demência1 foi maior em pessoas que apresentaram sinais2 de sofrimento psicológico mais cedo na vida, segundo um estudo de coorte3 na Finlândia, publicado no JAMA Network Open.
Em mais de 67.000 pessoas com idade média de 45 anos, os sintomas4 de sofrimento autorrelatados – notadamente, estresse e exaustão – foram associados a um aumento de 17% a 24% no risco de demência1 durante um período de acompanhamento de 25 anos, relataram Sonja Sulkava MD, PhD, do Instituto Finlandês de Saúde5 e Bem-Estar em Helsinki, e co-autores.
Esses sintomas4 autorrelatados foram associados a um aumento de 8% a 12% na demência1 ao longo da vida após contabilizar o risco competitivo de morte, que era mais comum do que a demência1 ao longo do tempo.
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“Nosso estudo sugere que sintomas4 de sofrimento psicológico como exaustão, humor depressivo e experiência de estresse são fatores de risco para demência1, e não apenas sintomas4 prodrômicos7 de transtorno de demência1 subjacente”, escreveu Sulkava em um e-mail ao MedPage Today.
“Estudos anteriores mostraram uma associação entre sintomas4 de sofrimento psicológico e demência1, mas a natureza da associação ainda não está clara”, escreveu Sulkava. “Esclarecemos essa conexão usando um grande conjunto de dados populacionais com 10 a 45 anos de acompanhamento e modelagem cuidadosa de morte por outras causas”.
O objetivo do estudo foi examinar a associação de sofrimento psicológico com risco etiológico8 de demência1 e incidência9 de demência1 na presença de risco competitivo de morte.
O estudo de coorte3 consistiu em pesquisas transversais do Estudo Nacional FINRISK de base populacional coletadas em 1972, 1977, 1982, 1987, 1992, 1997, 2002 e 2007 na Finlândia com acompanhamento baseado em registro; e a coorte10 foi vinculada aos dados do Registro de Saúde5 Finlandês para demência1 e mortalidade11 para cada participante até 31 de dezembro de 2017.
Os participantes incluíram indivíduos sem demência1 que tinham dados de exposição completos. Os dados foram analisados de maio de 2019 a abril de 2022.
A exposição do estudo foi sintomas4 autorrelatados de sofrimento psicológico: estresse (mais do que outras pessoas), humor depressivo, exaustão e nervosismo (muitas vezes, às vezes, nunca).
O principal desfecho foi demência1 por todas as causas incidente12, verificada por meio da vinculação aos registros nacionais de saúde5. Utilizou-se o modelo de risco de causa específica de Poisson (enfatizando o risco etiológico8) e o modelo de risco de subdistribuição Fine-Gray13 (enfatizando o efeito na incidência9) considerando demência1 e morte sem demência1 como riscos competitivos.
Avaliou-se as covariáveis de idade, sexo, ano basal, tempo de acompanhamento, escolaridade, índice de massa corporal14, tabagismo, diabetes15, pressão arterial sistólica16, colesterol17 e atividade física. A análise de sensibilidade foi realizada para reduzir o viés de causalidade reversa, excluindo indivíduos com seguimento inferior a 10 anos.
Entre 67.688 participantes (34.968 [51,7%] mulheres; faixa etária de 25 a 74 anos; idade média [DP] de 45,4 anos), 7.935 receberam diagnóstico18 de demência1 durante um acompanhamento médio de 25,4 anos (variação de 10 a 45 anos).
O sofrimento psicológico foi significativamente associado à demência1 por todas as causas em um modelo multivariado de Poisson, com taxas de incidência9 de 1,17 (IC 95%, 1,08-1,26) para exaustão a 1,24 (IC 95%, 1,11-1,38) para estresse, e permaneceu significativo em análises de sensibilidade.
Um modelo Fine-Gray13 mostrou associações significativas (com taxas de risco de 1,08 [IC 95%, 1,01-1,17] para exaustão a 1,12 [IC 95%, 1,00-1,25] para estresse) para outros sintomas4 além do humor depressivo (taxa de risco, 1,08 [IC 95%, 0,98-1,20]).
Todos os sintomas4 mostraram associações significativas com risco competitivo de morte em ambos os modelos.
Neste estudo de coorte3, os sintomas4 de sofrimento psicológico foram significativamente associados ao aumento do risco de demência1 por todas as causas no modelo que enfatiza o risco etiológico8. Associações com incidência9 real de demência1 foram diminuídas pelo risco competitivo de morte.
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Fontes:
JAMA Network Open, publicação em 15 de dezembro de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 16 de dezembro de 2022.