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Estudo aponta diferenças entre os sexos no reconhecimento, monitoramento e manejo da doença renal crônica

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Neste estudo de pessoas com provável doença renal1 crônica (DRC) acessando cuidados de saúde2, observou-se diferenças profundas entre os sexos na detecção, reconhecimento e monitoramento que persistiram ao longo do tempo: as mulheres eram menos propensas a receber um diagnóstico3 de DRC, visitar um nefrologista4, ter sua creatinina5 e albumina6 medidas ou receber terapias recomendadas pelas diretrizes.

As diferenças na comorbidade7 não explicaram essas discrepâncias e foram semelhantes entre os grupos de alto risco, entre os pacientes com indicações baseadas em evidências para medicamentos e entre os pacientes com DRC confirmada no reteste.

Os pesquisadores destacam que esforços para melhorar e garantir cuidados de saúde2 equitativos entre os sexos podem ter implicações importantes para a justiça e podem reduzir o ônus da DRC.

Saiba mais sobre "Insuficiência renal8 crônica" e "Avaliação da função renal1".

No artigo, publicado no Journal of the American Society of Nephrology, eles contextualizam que diferenças entre os sexos relatadas na etiologia9, prevalência10 populacional, taxas de progressão e resultados de saúde2 de pessoas com DRC talvez possam ser explicadas por diferenças nos cuidados de saúde2.

Eles então avaliaram o sexo como a variável de interesse em um estudo baseado em cuidados de saúde2 de adultos (n = 227.847) com pelo menos uma medição de taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) ambulatorial <60 ml/min por 1,73 m² denotando provável DRC em Estocolmo de 2009 a 2017.

Foram calculados os odds ratios para diagnóstico3 de DRC e fornecimento de inibidores do sistema renina-angiotensina (iSRA) e estatinas na inclusão, e hazard ratios para diagnóstico3 de DRC, visita a um nefrologista4 ou monitoramento de creatinina5 e albuminúria11 durante o acompanhamento.

Foram identificados 227.847 sujeitos, dos quais 126.289 eram mulheres (55%). Na inclusão, as mulheres tinham menores chances de receber um código diagnóstico3 para DRC e eram menos propensas a receber iSRA e estatinas, apesar de terem indicações recomendadas pelas diretrizes.

Nas análises de tempo-para-evento, as mulheres eram menos propensas a receber um diagnóstico3 de DRC (HR, 0,43; IC 95%, 0,42 a 0,45) e visitar um nefrologista4 (HR, 0,46; IC 95%, 0,43 a 0,48), independentemente de gravidade da doença, presença de albuminúria11 ou critérios de encaminhamento.

As mulheres também eram menos propensas a realizar monitoramento de creatinina5 ou albuminúria11, incluindo aquelas com diabetes12 ou hipertensão13.

Essas diferenças permaneceram após o ajuste para comorbidades14, albuminúria11 e maior desempenho educacional e entre os indivíduos com DRC confirmada no reteste.

Embora em termos absolutos todos os indicadores de cuidados de nefrologia tenham melhorado gradualmente ao longo do tempo, a lacuna observada entre os sexos persistiu.

O estudo concluiu, assim, que houve diferenças profundas entre os sexos na detecção, reconhecimento, monitoramento, encaminhamento e manejo da doença renal1 crônica. A disparidade também foi observada em pessoas de alto risco e entre aquelas que tinham indicações recomendadas pelas diretrizes.

Leia sobre "Depuração da creatinina5" e "Albuminúria11 - o que ela pode representar".

 

Fonte: Journal of the American Society of Nephrology, publicação em 12 de setembro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Estudo aponta diferenças entre os sexos no reconhecimento, monitoramento e manejo da doença renal crônica. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1425590/estudo-aponta-diferencas-entre-os-sexos-no-reconhecimento-monitoramento-e-manejo-da-doenca-renal-cronica.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
4 Nefrologista: Médico especialista em tratar pessoas com doenças ou problemas renais.
5 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
6 Albumina: Proteína encontrada no plasma, com importantes funções, como equilíbrio osmótico, transporte de substâncias, etc.
7 Comorbidade: Coexistência de transtornos ou doenças.
8 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
9 Etiologia: 1. Ramo do conhecimento cujo objeto é a pesquisa e a determinação das causas e origens de um determinado fenômeno. 2. Estudo das causas das doenças.
10 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
11 Albuminúria: Presença de albumina na urina. A albuminúria pode ser um sinal de nefropatia diabética (doença nos rins causada pelas complicações do diabetes mal controlado) ou aparecer em infecções urinárias.
12 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
13 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
14 Comorbidades: Coexistência de transtornos ou doenças.
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