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Estudo comparou os efeitos de diferentes intervenções farmacológicas para o manejo agudo e a longo prazo do transtorno de insônia em adultos

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Intervenções comportamentais, cognitivas e farmacológicas podem ser eficazes para a insônia. No entanto, devido a recursos inadequados, os medicamentos são mais utilizados em todo o mundo.

O objetivo deste estudo, publicado pelo The Lancet, foi estimar a eficácia comparativa dos tratamentos farmacológicos para o tratamento agudo1 e a longo prazo de adultos com transtorno de insônia.

Nesta revisão sistemática e metanálise de rede, pesquisou-se as bases de dados Cochrane Central Register of Controlled Trials, MEDLINE, PubMed, Embase, PsycINFO, Plataforma Internacional de Registro de Ensaios Clínicos2 da OMS, ClinicalTrials.gov e sites de agências reguladoras desde o início dos bancos de dados até 25 de novembro de 2021, para identificar ensaios clínicos2 randomizados publicados e não publicados.

Foram incluídos estudos comparando tratamentos farmacológicos ou placebo3 como monoterapia para o tratamento de adultos (≥18 anos) com transtorno de insônia. Avaliou-se a certeza da evidência usando o framework de confiança na metanálise de rede (CINeMA).

Leia sobre "Insônia - informações básicas" e "Distúrbios do sono".

Os desfechos primários foram eficácia (ou seja, qualidade do sono medida por qualquer escala de autoavaliação), descontinuação do tratamento por qualquer motivo e devido a efeitos colaterais4 especificamente e segurança (ou seja, número de pacientes com pelo menos um evento adverso), tanto para tratamento agudo1 quanto a longo prazo.

Estimou-se as diferenças médias padronizadas (DMPs) resumidas e odds ratios (ORs) usando metanálise par a par e de rede com efeitos aleatórios.

Foram incluídos 170 estudos (36 intervenções e 47.950 participantes) na revisão sistemática e 154 estudos duplo-cegos, randomizados controlados (30 intervenções e 44.089 participantes) foram elegíveis para a metanálise da rede.

Em termos de tratamento agudo1, benzodiazepínicos, doxilamina, eszopiclona, lemborexant, seltorexant, zolpidem e zopiclona foram mais eficazes do que placebo3 (intervalo de DMP: 0,36-0,83 [estimativas de certeza do CINeMA: alta a moderada]).

Benzodiazepínicos, eszopiclona, zolpidem e zopiclona foram mais eficazes do que melatonina, ramelteona e zaleplon (DMP 0,27-0,71 [moderada a muito baixa]).

Benzodiazepínicos de ação intermediária, benzodiazepínicos de ação prolongada e eszopiclona tiveram menos interrupções devido a qualquer causa do que ramelteona (OR 0,72 [IC 95% 0,52-0,99; moderada], 0,70 [0,51-0,95; moderada] e 0,71 [0,52-0,98; moderada], respectivamente).

Zopiclona e zolpidem causaram mais desistências devido a eventos adversos do que placebo3 (zopiclona: OR 2,00 [IC 95% 1,28-3,13; muito baixa]; zolpidem: 1,79 [1,25-2,50; moderada]); e zopiclona causou mais desistências do que eszopiclona (OR 1,82 [IC 95% 1,01-3,33; baixa]), daridorexant (3,45 [1,41-8,33; baixa) e suvorexant (3,13 [1,47-6,67; baixa]).

Para o número de indivíduos com efeitos colaterais4 no desfecho do estudo, benzodiazepínicos, eszopiclona, zolpidem e zopiclona foram piores que placebo3, doxepina, seltorexant e zaleplon (intervalo de OR 1,27-2,78 [alta a muito baixa]).

Para tratamento a longo prazo, eszopiclona e lemborexant foram mais eficazes do que placebo3 (eszopiclona: DMP 0,63 [IC 95% 0,36-0,90; muito baixa]; lemborexant: 0,41 [0,04-0,78; muito baixa]) e eszopiclona foi mais eficaz do que ramelteona (0,63 [0,16-1,10; muito baixa]) e zolpidem (0,60 [0,00-1,20; muito baixa]).

Comparados com ramelteona, eszopiclona e zolpidem tiveram uma taxa mais baixa de descontinuações por todas as causas (eszopiclona: OR 0,43 [IC 95% 0,20-0,93; muito baixa]; zolpidem: 0,43 [0,19-0,95; muito baixa]); no entanto, o zolpidem foi associado a um maior número de desistências devido a efeitos colaterais4 do que o placebo3 (OR 2,00 [IC 95% 1,11-3,70; muito baixa]).

No geral, a eszopiclona e o lemborexant tiveram um perfil favorável, mas a eszopiclona pode causar eventos adversos substanciais e os dados de segurança do lemborexant foram inconclusivos.

Doxepina, seltorexant e zaleplon foram bem tolerados, mas os dados sobre eficácia e outros resultados importantes eram escassos e não permitem conclusões firmes.

Muitos medicamentos licenciados (incluindo benzodiazepínicos, daridorexant, suvorexant e trazodona) podem ser eficazes no tratamento agudo1 da insônia, mas estão associados à baixa tolerabilidade ou não estão disponíveis informações sobre os efeitos a longo prazo.

Melatonina, ramelteona e medicamentos não licenciados não mostraram benefícios materiais gerais.

Esses resultados devem servir à prática clínica baseada em evidências.

Veja também: "O que saber sobre os benzodiazepínicos", "Melatonina: quando deve ser usada" e "Usos e abusos dos tranquilizantes".

 

Fonte: The Lancet, Vol. 400, Nº 10347, em 16 de julho de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Estudo comparou os efeitos de diferentes intervenções farmacológicas para o manejo agudo e a longo prazo do transtorno de insônia em adultos. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1421535/estudo-comparou-os-efeitos-de-diferentes-intervencoes-farmacologicas-para-o-manejo-agudo-e-a-longo-prazo-do-transtorno-de-insonia-em-adultos.htm>. Acesso em: 23 abr. 2024.

Complementos

1 Agudo: Descreve algo que acontece repentinamente e por curto período de tempo. O oposto de crônico.
2 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
3 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
4 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
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