Gostou do artigo? Compartilhe!

Terapia com exercícios para ruptura do menisco se mostrou não inferior à meniscectomia parcial artroscópica

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

A fisioterapia1 baseada em exercícios permaneceu não inferior à meniscectomia parcial artroscópica para o tratamento de lesões2 meniscais degenerativas3, de acordo com dados de longo prazo do estudo ESCAPE, publicados no JAMA Network Open, sugerindo que a fisioterapia1 deve ser o tratamento preferencial em relação à cirurgia.

Na marca de 5 anos, a função do joelho relatada pelo paciente após 16 sessões de fisioterapia1 não foi inferior à observada após a cirurgia, com uma diferença entre os grupos de 3,5 pontos no Formulário de Avaliação Subjetiva do Joelho do Comitê Internacional de Documentação do Joelho de 100 pontos na análise de intenção de tratar.

“A cirurgia foi descrita como o último placebo”, de acordo com os cirurgiões ortopédicos Brian Hallstrom, MD, e Ramzy Meremikwu, MD, ambos da Universidade de Michigan em Ann Arbor.

“Embora tenha havido vários ensaios clínicos4 randomizados que não mostraram eficácia da artroscopia5 do joelho para osteoartrite6 do joelho ou desbridamento7 de meniscos8 degenerativos9 parciais, ainda estamos estudando esses tratamentos, talvez buscando um resultado diferente”, escreveu a dupla em um editorial que acompanhou o estudo.

Hallstrom e Meremikwu também enfatizaram que a cirurgia do joelho “não é benigna”, pois o procedimento é caro e está associado à progressão acelerada da osteoartrite6 do joelho.

Leia sobre "Problemas nos joelhos" e "Artroscopia5 do joelho".

No artigo publicado, os pesquisadores relatam que há uma escassez de evidências de alta qualidade sobre os efeitos a longo prazo (ou seja, 3-5 anos e além) da meniscectomia parcial artroscópica versus fisioterapia1 baseada em exercícios para pacientes10 com ruptura do menisco11 degenerativa12.

O objetivo do estudo, portanto, foi comparar a eficácia de 5 anos da meniscectomia parcial artroscópica e da fisioterapia1 baseada em exercícios na função do joelho relatada pelo paciente e na progressão da osteoartrite6 do joelho em pacientes com lesão13 meniscal degenerativa12.

Um ensaio clínico randomizado14 multicêntrico de não inferioridade foi realizado nos departamentos ortopédicos de 9 hospitais na Holanda. Um total de 321 pacientes com idades entre 45 e 70 anos com ruptura meniscal degenerativa12 participaram. A coleta de dados ocorreu entre 12 de julho de 2013 e 4 de dezembro de 2020.

Os pacientes foram alocados aleatoriamente para meniscectomia parcial artroscópica ou 16 sessões de fisioterapia1 baseada em exercícios.

O desfecho primário foi a função do joelho relatada pelo paciente (Formulário de Avaliação Subjetiva do Joelho do Comitê Internacional de Documentação do Joelho [intervalo, 0 {pior} a 100 {melhor}]) durante 5 anos de acompanhamento com base no princípio da intenção de tratar, com um limiar de não inferioridade de 11 pontos.

O desfecho secundário foi a progressão da osteoartrite6 do joelho mostrada em imagens radiográficas em ambos os grupos de tratamento.

Dos 321 pacientes (média [DP] idade, 58 [6,6] anos; 161 mulheres [50,2%]), 278 pacientes (87,1%) completaram o acompanhamento de 5 anos com tempo médio de acompanhamento de 61,8 meses (intervalo, 58,8-69,5 meses).

Da linha de base até o acompanhamento de 5 anos, a melhora média (DP) foi de 29,6 (18,7) pontos no grupo de cirurgia e 25,1 (17,8) pontos no grupo de fisioterapia1. A diferença bruta entre os grupos foi de 3,5 pontos (IC 95%, 0,7-6,3 pontos; P <0,001 para não inferioridade). O IC de 95% não ultrapassou o limite de não inferioridade de 11 pontos.

Taxas comparáveis de progressão da osteoartrite6 do joelho demonstrada radiograficamente foram observadas entre os dois tratamentos.

Neste ensaio clínico randomizado14 de não inferioridade após 5 anos, a fisioterapia1 baseada em exercícios permaneceu não inferior à meniscectomia parcial artroscópica para a função do joelho relatada pelo paciente.

A fisioterapia1 deve, portanto, ser o tratamento preferido em relação à cirurgia para lesões2 meniscais degenerativas3. Esses resultados podem auxiliar no desenvolvimento e atualização das recomendações atuais das diretrizes sobre o tratamento de pacientes com lesão13 meniscal degenerativa12.

Veja também sobre "Ruptura de menisco11", "Como é a fisioterapia1" e "Dor nos joelhos".

 

Fontes:
JAMA Network Open, publicação em 08 de julho de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 08 de julho de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Terapia com exercícios para ruptura do menisco se mostrou não inferior à meniscectomia parcial artroscópica. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1421005/terapia-com-exercicios-para-ruptura-do-menisco-se-mostrou-nao-inferior-a-meniscectomia-parcial-artroscopica.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.

Complementos

1 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
2 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
3 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
4 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
5 Artroscopia: Procedimento invasivo que permite examinar o interior de uma articulação utilizando um dispositivo especialmente projetado para tal, que utiliza uma fonte de luz externa e fibra óptica para transmitir as imagens produzidas (artroscópio). Através deste podem também ser realizados diferentes tratamentos cirúrgicos.
6 Osteoartrite: Termo geral que se emprega para referir-se ao processo degenerativo da cartilagem articular, manifestado por dor ao movimento, derrame articular, etc. Também denominado artrose.
7 Desbridamento: Retirada de tecido desvitalizado (necrosado) ou de corpo estranho de uma ferida.
8 Meniscos: 1. Figura composta por uma parte côncava e outra convexa; objeto em forma de crescente, de meia-lua. 2. Na anatomia geral, é uma lâmina fibrocartilaginosa, em forma de crescente, interposta entre duas superfícies articulares (como o joelho) para facilitar seu deslizamento. 3. Na física dos fluidos, é a superfície de um líquido contido em um tubo capilar, côncava ou convexa segundo a tensão superficial. 4. Em óptica, é uma lente de forma convexo-côncava ou côncavo-convexa, cujas bordas têm espessura menor que a parte central.
9 Degenerativos: Relativos a ou que provocam degeneração.
10 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
11 Menisco: 1. Figura composta por uma parte côncava e outra convexa; objeto em forma de crescente, de meia-lua. 2. Na anatomia geral, é uma lâmina fibrocartilaginosa, em forma de crescente, interposta entre duas superfícies articulares (como o joelho) para facilitar seu deslizamento. 3. Na física dos fluidos, é a superfície de um líquido contido em um tubo capilar, côncava ou convexa segundo a tensão superficial. 4. Em óptica, é uma lente de forma convexo-côncava ou côncavo-convexa, cujas bordas têm espessura menor que a parte central.
12 Degenerativa: Relativa a ou que provoca degeneração.
13 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
14 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
Gostou do artigo? Compartilhe!