Aleitamento materno em prematuros durante a hospitalização melhora os resultados do neurodesenvolvimento na infância
Quais são as associações entre a alimentação com leite materno e os resultados cognitivos1, acadêmicos e comportamentais de bebês2 prematuros nascidos com menos de 33 semanas de gestação?
A alimentação com leite materno pode ter benefícios únicos no desenvolvimento neurológico de longo prazo em bebês2 muito prematuros. Nesse sentido, o objetivo deste estudo, publicado no JAMA Network Open, foi examinar até que ponto a alimentação com leite materno após o nascimento muito prematuro está associada a resultados cognitivos1, acadêmicos e comportamentais na idade escolar.
Este estudo de coorte3 prospectivo4 avaliou 586 bebês2 nascidos com menos de 33 semanas de gestação em 5 centros perinatais australianos e inscritos no estudo Ácido Docosahexaenóico para Melhoria dos Resultados do Neurodesenvolvimento (1º de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2005) que foram avaliados na idade corrigida de 7 anos. A análise estatística foi concluída em 19 de janeiro de 2022.
A exposição do estudo foi ingestão de leite materno, incluindo volume médio (mililitros por quilograma por dia) durante a internação neonatal e duração total (em meses).
Leia sobre "Aleitamento materno5", "Desenvolvimento infantil" e "Prematuridade e cuidados necessários".
Os resultados do neurodesenvolvimento aos 7 anos de idade foram:
- QI6 (Escala de Inteligência de Wechsler Abreviada)
- Desempenho acadêmico (Wide Range Achievement Test, Quarta Edição)
- Sintomas7 de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (Índice de TDAH de Conners Terceira Edição, relatado pelos pais)
- Função executiva8 (Inventário de Avaliação Comportamental do Funcionamento Executivo, relatado pelos pais)
- Comportamento (Questionário de Forças e Dificuldades, relatado pelos pais)
Um total de 586 bebês2 (média [DP] da idade gestacional ao nascimento, 29,6 [2,3] semanas; 314 do sexo masculino [53,6%]) nascidos de 486 mães (média [DP] de idade, 30,6 [5,5] anos; 447 [92,0%] brancas) foram incluídos.
A ingestão média (DP) de leite materno na unidade de terapia intensiva9 neonatal foi de 99 (48) mL/kg/dia, e a duração média (DP) do leite materno foi de 5,1 (5,4) meses. O QI6 médio (DP) em escala completa foi de 98,5 (13,3) pontos.
Após o ajuste de co-variáveis, a maior ingestão de leite materno durante a internação neonatal foi associada a um maior desempenho no QI6 (0,67 pontos por 25 mL/kg diários adicionais; IC 95%, 0,10-1,23 pontos), nas pontuações de leitura (1,14 pontos por 25 mL/kg diários; IC 95%, 0,39-1,89 pontos) e nas pontuações de matemática (0,76 pontos por 25 mL/kg diários; IC 95%, 0,14-1,37 pontos), e menos sintomas7 de TDAH (-1,08 pontos por 25 mL/kg diários; IC 95%, -1,96 a -0,20 pontos).
A maior duração da ingestão de leite materno foi associada a maiores pontuações de leitura (0,33 pontos por mês adicional; IC 95%, 0,03-0,63 pontos), ortografia (0,31 pontos por mês; IC 95%, 0,01-0,62 pontos) e matemática (0,30 pontos por mês; IC 95%, 0,03-0,58 pontos).
O leite materno não foi associado à melhora do QI6 em escala completa, QI6 verbal, função executiva8 ou comportamento.
A maioria das associações foi mais forte entre os bebês2 nascidos em idades gestacionais mais baixas, particularmente com menos de 30 semanas (valores de P para interação <0,01).
Neste estudo de coorte3 de prematuros, a alimentação com leite materno durante a hospitalização neonatal e após a alta foi associada a um melhor desempenho em idade escolar no QI6, melhor desempenho acadêmico e à redução dos sintomas7 de TDAH, principalmente entre os bebês2 nascidos com menos de 30 semanas de gestação.
Esses achados confirmam recomendações para fornecer leite materno a bebês2 muito prematuros hospitalizados com base em potenciais benefícios de longo prazo para o neurodesenvolvimento.
Veja também sobre "A importância do leite materno" e "Distúrbios de aprendizagem escolar".
Fonte: JAMA Network Open, publicação em 13 de julho de 2022.