Gostou do artigo? Compartilhe!

Exposição aos PFAS, os chamados "produtos químicos eternos", foi associada ao aumento do risco de hipertensão

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Pesquisas recentes já haviam estabelecido uma ligação entre a exposição a substâncias per e polifluoroalquil (PFAS), ou “produtos químicos eternos”, e aumento do risco de distúrbios endócrinos. Agora, um novo estudo financiado pelo National Institutes of Health (NIH) dos EUA e publicado na revista Hypertension sugere que a exposição a esses produtos químicos pode aumentar o risco de hipertensão1 incidente2 em mulheres.

Os resultados de uma análise dos dados do estudo multirracial e multiétnico Study of Women’s Health Across the Nation-Multi-Pollutant Study (SWAN-MPS), que incluiu mais de 11.000 pessoas-ano de dados de acompanhamento, indicam que mulheres nas concentrações de um terço mais altas de sulfonato de perfluorooctano (n-PFOS), ácido perfluorooctanoico (PFOA) e ácido acético N-etil perfluorooctano sulfonamida (EtFOSAA) apresentaram riscos 42%, 47% e 42% maiores, respectivamente, de desenvolver hipertensão1, em comparação com as mulheres nas concentrações de um terço mais baixas desses PFAS.

Leia sobre "Hipertensão Arterial3" e "Sinais4 de doenças cardíacas em mulheres".

“As mulheres parecem ser particularmente vulneráveis quando expostas a esses produtos químicos”, disse a investigadora principal Ning Ding, PhD, pós-doutoranda no departamento de epidemiologia da Escola de Saúde5 Pública da Universidade de Michigan, em uma declaração da American Heart Association. “Nosso estudo é o primeiro a examinar a associação entre ‘produtos químicos eternos’ e hipertensão1 em mulheres de meia-idade. A exposição pode ser um fator de risco6 subestimado para o risco de doenças cardiovasculares7 das mulheres”.

Substâncias perfluoroalquil e polifluoroalquil (PFAS) são produtos químicos sintéticos onipresentes que podem perturbar os controles da pressão arterial8; no entanto, a evidência humana para apoiar esta hipótese é escassa. Neste estudo, examinou-se a associação entre as concentrações séricas de PFAS e os riscos de desenvolver hipertensão1.

O estudo incluiu 1.058 mulheres de meia-idade inicialmente livres de hipertensão1 do estudo multirracial e multiétnico SWAN (Estudo da Saúde5 da Mulher em Todo o País) com consultas anuais de acompanhamento entre 1999 e 2017.

Hipertensão1 foi definida como pressão arterial8 sistólica ≥140 mmHg ou diastólica ≥90 mmHg ou recebendo tratamento anti-hipertensivo. Os modelos de riscos proporcionais de Cox foram utilizados para calcular as taxas de risco e ICs de 95%. A computação g quantílica foi implementada para avaliar o efeito conjunto de misturas de PFAS.

Durante 11.722 pessoas-ano de acompanhamento, 470 participantes desenvolveram hipertensão1 incidente2 (40,1 casos por 1.000 pessoas-ano).

Em comparação com o tercil mais baixo, as mulheres no tercil mais alto das concentrações séricas basais tiveram taxas de risco ajustadas de 1,42 (IC de 95%, 1,19-1,68) para sulfonato de perfluorooctano (P para tendência = 0,01), 1,47 (IC de 95%, 1,24-1,75) para ácido perfluorooctanoico linear (P para tendência = 0,01) e 1,42 (IC de 95%, 1,19-1,70) para ácido acético N-etil perfluorooctano sulfonamida (P tendência = 0,01).

Não foram observadas associações significativas para perfluorononanoato e perfluorohexano sulfonato.

Na análise de mistura, as mulheres no tercil mais alto das concentrações gerais de PFAS tiveram uma taxa de risco de 1,71 (IC 95%, 1,15-2,54; P para tendência = 0,008), em comparação com aquelas no tercil mais baixo.

O estudo concluiu que vários PFAS mostraram associações positivas com hipertensão1 incidente2 em mulheres. Esses achados sugerem que os PFAS podem ser um fator contribuinte subestimado para o risco de doença cardiovascular das mulheres.

Veja também sobre "Doenças cardiovasculares7" e "Sete passos para um coração9 saudável".

 

Fontes:
Hypertension, publicação em 13 de junho de 2022.
Practical Cardiology, notícia publicada em 15 de junho de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Exposição aos PFAS, os chamados "produtos químicos eternos", foi associada ao aumento do risco de hipertensão. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1419720/exposicao-aos-pfas-os-chamados-quot-produtos-quimicos-eternos-quot-foi-associada-ao-aumento-do-risco-de-hipertensao.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.

Complementos

1 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
2 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
3 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
4 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
5 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
6 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
7 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
8 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
9 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
Gostou do artigo? Compartilhe!