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Nova pesquisa sugere que caminhar pode ajudar a prevenir novas crises de dor no joelho em pessoas com osteoartrite

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Um novo estudo promissor, publicado na revista científica Arthritis & Rheumatology, sugere que caminhar pode evitar a dor no joelho para pessoas com osteoartrite1.

Os pesquisadores entrevistaram mais de 1.000 pessoas com 50 anos ou mais com osteoartrite1 do joelho, o tipo mais comum de artrite2. Alguns tinham dor persistente no início, enquanto outros não. Após quatro anos, aqueles que começaram sem dores frequentes no joelho e caminharam para se exercitar pelo menos 10 vezes tiveram menos probabilidade de experimentar novos episódios regulares de rigidez ou dores ao redor dos joelhos e tiveram menos danos estruturais nos joelhos. O estudo sugeriu que as pessoas com osteoartrite1 do joelho que têm pernas tortas podem particularmente se beneficiar da caminhada.

A pesquisa oferece o potencial de uma maneira fácil – e gratuita – de combater um dos culpados mais comuns de dor no joelho entre adultos mais velhos.

As descobertas representam “uma mudança de paradigma”, disse a Dra. Grace Hsiao-Wei Lo, professora assistente do Baylor College of Medicine em Houston e principal autora do estudo. “Todo mundo está sempre procurando algum tipo de medicamento. Isso destaca a importância e a probabilidade de que as intervenções para a osteoartrite1 possam ser algo diferente, incluindo o bom e velho exercício.” A pesquisa sugere que o exercício pode ajudar a controlar a osteoartrite1 em outras articulações3, acrescentou ela, como nos quadris, mãos4 e pés.

Saiba mais sobre "Como é a osteoartrite1" e "Dor nos joelhos: o que deve ser feito".

Durante décadas, os especialistas em saúde5 viram a caminhada principalmente como uma forma de melhorar a saúde5 cardiovascular. Nos últimos anos, porém, os médicos procuraram exercícios de baixo impacto para tratar condições como depressão, comprometimento cognitivo6 e osteoartrite1 leve. Mas o novo estudo mostra que a caminhada também pode atuar como uma medida preventiva, e sugere que as pessoas que correm maior risco de desenvolver a doença podem querer incorporar uma caminhada regular em sua rotina.

O objetivo do estudo era avaliar a relação entre caminhada para exercício e progressão sintomática7 e estrutural em pacientes com osteoartrite1 do joelho.

O estudo começou em 2004 e documentou a dor no joelho dos participantes, usando radiografias para avaliar sua osteoartrite1. Os pesquisadores então pediram aos participantes que documentassem seus hábitos de exercício e revisassem seus sintomas8 em consultas regulares de acompanhamento, perguntando com que frequência seus joelhos doíam.

Foi avaliada uma coorte9 aninhada de participantes com 50 anos ou mais dentro da Osteoarthritis Initiative, um estudo observacional baseado na comunidade que recrutou participantes de 2004 a 2006.

Os pesquisadores se concentraram em 4 resultados dicotômicos da linha de base até as consultas de 48 meses usando dor no joelho frequente e gravidade radiográfica em radiografias de joelho semiflexionadas póstero-anteriores: 1) nova dor no joelho frequente, 2) piora do grau de Kellgren-Lawrence, 3) estreitamento do espaço articular medial e 4) melhora da dor frequente no joelho.

Utilizou-se uma versão modificada do Historical Physical Activity Survey Instrument para verificar a caminhada para exercício após os 50 anos de idade, administrado na consulta de 96 meses (2012-2014).

Dos 1.212 participantes, 73% caminharam para exercício, 45% eram do sexo masculino, idade média = 63,2 (7,9) anos e índice de massa corporal10 médio = 29,4 (4,6) kg/m². Novas dores no joelho frequentes e estreitamento do espaço articular medial foram menos comuns naqueles que caminharam ([OR 0,6; IC 95% 0,4-0,8] e [OR 0,8; IC 95% 0,6-1,0], respectivamente).

Após quatro anos, 37% dos participantes do estudo que não caminharam para se exercitar (sem incluir a ida ocasional até o trem ou ao supermercado) desenvolveram dores no joelho novas e frequentes, em comparação com 26% dos que caminharam.

O estudo concluiu que, em indivíduos com mais de 50 anos de idade com osteoartrite1 de joelho, a caminhada para exercício foi associada ao menor desenvolvimento de dor no joelho frequente.

Esses achados apoiam que a caminhada para exercício deve ser incentivada para pessoas com osteoartrite1 do joelho. Além disso, oferecem uma prova de conceito11 de que caminhar para exercício pode modificar a doença, o que merece mais estudos.

Leia sobre "Caminhada: o que saber sobre ela", "Artrite2: por que acontece" e "Problemas nos joelhos".

 

Fontes:
Arthritis & Rheumatology, publicação em 08 de junho de 2022.
The New York Times, notícia publicada em 08 de junho de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Nova pesquisa sugere que caminhar pode ajudar a prevenir novas crises de dor no joelho em pessoas com osteoartrite. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1419020/nova-pesquisa-sugere-que-caminhar-pode-ajudar-a-prevenir-novas-crises-de-dor-no-joelho-em-pessoas-com-osteoartrite.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Osteoartrite: Termo geral que se emprega para referir-se ao processo degenerativo da cartilagem articular, manifestado por dor ao movimento, derrame articular, etc. Também denominado artrose.
2 Artrite: Inflamação de uma articulação, caracterizada por dor, aumento da temperatura, dificuldade de movimentação, inchaço e vermelhidão da área afetada.
3 Articulações:
4 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
5 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
6 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
7 Sintomática: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
8 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
10 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
11 Prova de conceito: Prova de conceito (PoC ou Proof of Concept) é um termo utilizado para denominar um modelo prático que possa provar o conceito (teórico) estabelecido por uma pesquisa ou artigo técnico. Ela pode ser considerada uma implementação, em geral resumida ou incompleta, de um método ou de uma ideia, realizada com o propósito de verificar se o conceito ou a teoria em questão é susceptível de ser explorado de maneira útil.
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