Mapas espaciais do melanoma revelam como as células individuais interagem à medida que o câncer progride
O melanoma1 é um câncer2 um tanto incomum – que floresce diante de nossos olhos3, muitas vezes na pele4 exposta ao sol, e pode rapidamente se tornar mortal, pois vira nossa própria pele4 contra nós e se espalha para outros órgãos.
Felizmente, quando detectado precocemente, o melanoma1 geralmente pode ser curado com cirurgia simples, e agora existem tratamentos melhores para casos avançados, incluindo imunoterapias que preparam o sistema imunológico5 do paciente para combater o câncer2.
No entanto, muito permanece desconhecido sobre o melanoma1, incluindo os detalhes de como ele se desenvolve nos estágios iniciais e como melhor identificar e tratar os casos iniciais mais perigosos.
Agora, uma equipe da Harvard Medical School (HMS) criou mapas espaciais no nível de uma única célula6 que revelam, em detalhes sem precedentes, como as células7 de melanoma1 e células7 próximas, incluindo células7 imunes, interagem à medida que um tumor8 se desenvolve.
Os mapas, descritos no estudo publicado na revista Cancer2 Discovery, oferecem nova compreensão sobre como as interações entre as células7 mudam à medida que o melanoma1 avança e como as células7 cancerígenas suprimem o sistema imunológico5 à medida que assumem o controle.
“O objetivo principal era entender os eventos iniciais no melanoma1 que levam ao desenvolvimento de um tumor”, disse o principal autor Ajit Nirmal, pesquisador da Harvard Medical School.
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A equipe da HMS está construindo os mapas em um atlas9 de melanoma1 que estará disponível gratuitamente para a comunidade científica como parte da Rede de Atlas9 de Tumores Humanos do Instituto Nacional do Câncer2 dos Estados Unidos. Eles esperam que, eventualmente, o atlas9 possa servir como um ponto de partida para os cientistas estudarem como prevenir o melanoma1 e como tratá-lo em seus estágios iniciais antes que se torne um câncer2 completo. O objetivo final desses esforços é ajudar os médicos a diagnosticar o melanoma1 e ajudá-los a prescrever tratamentos personalizados com base no perfil individual do tumor8 de cada paciente.
“Esta foi uma oportunidade para estudar o melanoma1 em seu início e coletar um recurso de informações que podemos compartilhar com a comunidade”, disse Sandro Santagata, professor associado de patologia10 da HMS no Brigham and Women's Hospital e co-autor sênior11 do artigo junto com Peter Sorger, professor de farmacologia12 de sistemas da HMS.
No artigo publicado, os pesquisadores descrevem a paisagem espacial da progressão e imunoedição no melanoma1 primário em resolução de célula6 única.
O melanoma1 cutâneo13 é uma neoplasia14 altamente imunogênica, curável cirurgicamente em estágios iniciais, mas com risco de vida quando metastático. Neste estudo, eles integraram imagens high-plex, microscopia 3D de alta resolução e transcriptômica de microrregião espacialmente resolvida para estudar a evasão imunológica e a imunoedição no melanoma1 primário.
Foi descoberto que as vizinhanças celulares recorrentes envolvendo células7 tumorais, imunes e estromais mudam significativamente ao longo de um eixo de progressão envolvendo estados precursores, melanoma1 in situ15 e tumor8 invasivo.
Marcas de imunossupressão16 já são detectáveis em regiões precursoras. Quando os tumores se tornam localmente invasivos, forma-se um ambiente supressivo consolidado e espacialmente restrito ao longo da fronteira tumor8-estroma17.
Esse ambiente é estabelecido por gradientes de citocinas18 que promovem a expressão de MHC-II e IDO1, e por contatos celulares mediados por PD1-PDL1 envolvendo macrófagos19, células dendríticas20 e células7 T. A poucos milímetros de distância, células7 T citotóxicas fazem sinapse com células7 de melanoma1 em campos de regressão tumoral. Assim, a invasão e a imunoedição podem coexistir com poucos milímetros uma da outra em um único espécime.
“Conseguimos ver tudo, desde pele4 normal a lesões21 iniciais e melanoma1 invasivo, às vezes tudo em um pedaço de tecido”, disse Santagata. “Você acaba com este mapa de como o melanoma1 está se desenvolvendo bem na sua frente.”
Os mapas revelam o que Santagata descreve como “a batalha entre células7 tumorais e células7 imunes” que resulta no melanoma1 sucumbindo quando as células7 imunes são vitoriosas, e o melanoma1 progredindo quando as células7 tumorais vencem.
Especificamente, os mapas mostraram que nos estágios iniciais do melanoma1, as chamadas lesões21 precursoras eram compostas por tipos e proporções de células7 semelhantes à pele4 normal, mas essas células7 tinham um padrão de interação drasticamente diferente, que incluía sinais22 de imunossupressão16.
“Isso indica que provavelmente há algum nível de reestruturação no microambiente do tumor8 que poderia ajudar no desenvolvimento do tumor”, disse Nirmal.
Em conjunto, as descobertas demonstram que “esses ambientes locais envolvem muito mais interações físicas entre as células7 do que poderíamos imaginar”, disse Sorger. “As células7 estão, na verdade, em uma rede de comunicação incrivelmente densa.”
“As vizinhanças das células7 tumorais e as interações entre as células7 nos dizem como o tumor8 pode progredir, e essa é uma forma totalmente nova de biomarcador que não foi aplicada antes”, acrescentou Santagata. “Com esses novos mapas espaciais, temos a capacidade de vincular interações celulares com comportamento fisiológico23 e, eventualmente, resultados clínicos”.
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Fontes:
Cancer2 Discovery, publicação em 11 de abril de 2022.
Harvard Medical School, notícia publicada em 14 de abril de 2022.