Estudo avalia mortalidade por Síndrome Congênita do Zika Vírus no Brasil, identificando alta taxa de mortalidade entre os nascidos vivos com a síndrome
A exposição pré-natal ao Zika vírus1 tem potenciais efeitos teratogênicos2, com amplo espectro de apresentação clínica denominada síndrome3 congênita4 do Zika. Os dados sobre a sobrevida5 entre crianças com síndrome3 congênita4 do Zika são limitados.
Neste estudo de coorte6 de base populacional, publicado pelo The New England Journal of Medicine, foram usados dados vinculados, coletados rotineiramente no Brasil, de janeiro de 2015 a dezembro de 2018, para estimar a mortalidade7 entre nascidos vivos com síndrome3 congênita4 do Zika em comparação com aqueles sem a síndrome3.
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Curvas de Kaplan-Meier e modelos de sobrevida5 foram avaliados com ajuste para fatores de confusão e com estratificação de acordo com idade gestacional, peso ao nascer e status de pequeno para idade gestacional.
Um total de 11.481.215 crianças nascidas vivas foram acompanhadas até os 36 meses de idade. A taxa de mortalidade7 foi de 52,6 óbitos (intervalo de confiança [IC] de 95%, 47,6 a 58,0) por 1.000 pessoas-ano entre os nascidos vivos com síndrome3 congênita4 do Zika, em comparação com 5,6 óbitos (IC 95%, 5,6 a 5,7) por 1.000 pessoas-ano entre aqueles sem a síndrome3.
A taxa de mortalidade7 entre os nascidos vivos com síndrome3 congênita4 do Zika, em comparação com aqueles sem a síndrome3, foi de 11,3 (IC 95%, 10,2 a 12,4).
Entre os bebês9 nascidos antes de 32 semanas de gestação ou com peso ao nascer inferior a 1.500 g, os riscos de morte foram semelhantes, independentemente do status da síndrome3 congênita4 do Zika.
Entre os bebês9 nascidos a termo, aqueles com síndrome3 congênita4 do Zika tiveram 14,3 vezes (IC 95%, 12,4 a 16,4) mais chances de morrer do que aqueles sem a síndrome3 (taxa de mortalidade7, 38,4 vs. 2,7 mortes por 1.000 pessoas-ano).
Entre os bebês9 com peso ao nascer de 2.500 g ou mais, aqueles com síndrome3 congênita4 do Zika foram 12,9 vezes (IC 95%, 10,9 a 15,3) mais propensos a morrer do que aqueles sem a síndrome3 (taxa de mortalidade7, 32,6 vs. 2,5 mortes por 1.000 pessoas-anos).
O fardo de anomalias congênitas10, doenças do sistema nervoso11 e doenças infecciosas como causas registradas de mortes foi maior entre os nascidos vivos com síndrome3 congênita4 do Zika do que entre aqueles sem a síndrome3.
O estudo concluiu que o risco de morte foi maior entre os nascidos vivos com síndrome3 congênita4 do Zika do que entre aqueles sem a síndrome3, e persistiu ao longo dos primeiros 3 anos de vida.
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Fonte: The New England Journal of Medicine, publicação em 24 de fevereiro de 2022.