Evidências de infecção natural pelo vírus da Zika em primatas não humanos no Brasil
Na África, os primatas do velho mundo [do inglês Old World Primates (OWP)] estão envolvidos na manutenção da circulação1 silvestre do vírus2 ZIKV (vírus2 da Zika). No entanto, no Brasil, os hospedeiros do ciclo silvestre permanecem desconhecidos.
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A hipótese de uma equipe chefiada por Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, é que os primatas do novo mundo (do inglês New World Primates, NWP ou Neotropical NHPs) de vida livre podem desempenhar um papel importante na dinâmica urbana/periurbana do ZIKV.
Foi realizada uma investigação do vírus2 da Zika em NHPs em duas cidades no Brasil, São José do Rio Preto (São Paulo) e Belo Horizonte (Minas Gerais). O estudo foi publicado no Scientific Reports, do grupo Nature. Foram identificados NHPs positivos para ZIKV e as sequências obtidas foram filogeneticamente relacionadas com a linhagem americana do ZIKV.
Além disso, os estudiosos inocularam quatro saguis da espécie Callithrix penicillata com ZIKV e os resultados demonstraram que os saguis tinham uma viremia sustentada. A infecção3 natural e experimental de NHPs com ZIKV suporta a hipótese de que os NHPs podem ser um hospedeiro vertebrado importante na manutenção da transmissão/circulação1 do ZIKV em ambientes tropicais urbanos. Este achado mostra que o vírus2 Zika pode ter um ciclo silvestre no país, o que fala a favor de existir um reservatório natural a partir do qual o vírus2 da Zika pode reinfectar humanos com mais frequência.
Mais estudos são necessários para entender o papel que esses primatas podem desempenhar na manutenção do ciclo urbano do ZIKV e como eles podem ser um canal no estabelecimento de um ciclo de transmissão enzoótica4 na América Latina.
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Fonte: Scientific Reports, volume 8, número do artigo 16034 (2018)