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Paracetamol contendo sódio foi associado a riscos cardíacos e de morte

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O acetaminofeno (paracetamol) contendo sódio foi associado ao aumento do risco cardiovascular e de mortalidade1 em pessoas idosas, de acordo com um relatório que soa o alarme sobre os perigos potenciais de medicamentos de ação rápida tanto prescritos quanto de venda livre.

Um grande banco de dados do Reino Unido de registros eletrônicos de saúde2 revelou um excesso significativo na incidência3 de 1 ano de infarto do miocárdio4, acidente vascular cerebral5 e insuficiência cardíaca6 associada ao uso de terapia com acetaminofeno contendo sódio em comparação com formulações padrão:

  • Um aumento relativo de 59% no risco para aqueles com hipertensão7 (5,6% vs 4,6%)
  • Um aumento relativo de 45% no risco para aqueles sem hipertensão7 (4,4% vs 3,7%)

O risco de mortalidade1 por todas as causas ao longo de 1 ano foi duas vezes maior nos pacientes com hipertensão7 que tomaram acetaminofeno contendo sódio e 87% elevado em usuários sem hipertensão7. O risco aumentou na medida em que mais prescrições e períodos mais longos de uso desses medicamentos foram observados, de acordo com os autores do estudo.

Riscos semelhantes foram observados para os subgrupos de pacientes que também usam ibuprofeno ou ranitidina contendo sódio, relatou o epidemiologista Yuqing Zhang, do Massachusetts General Hospital e da Harvard Medical School, e colegas no estudo publicado no European Heart Journal.

Saiba mais sobre "Os perigos da automedicação8", "Hipertensão Arterial9" e "Doenças cardiovasculares10".

“Os medicamentos contendo sódio são uma importante fonte de ingestão de sódio que pode ser facilmente ignorada”, escreveram os autores do estudo. “Dado que o alívio da dor do acetaminofeno não contendo sódio é semelhante ao do acetaminofeno contendo sódio, nossos resultados sugerem revisitar o perfil de segurança do uso de acetaminofeno efervescente e solúvel”.

Enquanto as formulações tradicionais em forma de comprimido, suspensão oral ou cápsula não contêm sódio, preparações de medicamentos efervescentes ou solúveis dependem dele para desintegração de ação rápida.

Estudos anteriores já haviam descoberto que a alta ingestão de sódio está associada a riscos aumentados de doença cardiovascular (DCV) e mortalidade1 por todas as causas entre indivíduos com hipertensão7; achados sobre o efeito da ingestão entre indivíduos sem hipertensão7 têm sido ambíguos.

O objetivo neste estudo foi comparar os riscos de doença cardiovascular incidente11 e mortalidade1 por todas as causas entre os iniciadores de paracetamol contendo sódio com o risco em iniciadores de formulações que não contém sódio do mesmo medicamento, de acordo com o histórico de hipertensão7.

Usando a The Health Improvement Network, foram realizados dois estudos de coorte12 entre indivíduos com e sem hipertensão7. Examinou-se a relação de acetaminofeno contendo sódio com o risco de cada desfecho durante 1 ano de acompanhamento usando modelos estruturais marginais com uma ponderação de probabilidade inversa para ajustar para fatores de confusão variáveis no tempo.

Os desfechos foram DCV incidente11 (infarto do miocárdio4, acidente vascular cerebral5 e insuficiência cardíaca6) e mortalidade1 por todas as causas.

Entre os indivíduos com hipertensão7 (idade média: 73,4 anos), 122 DCVs ocorreram entre 4.532 iniciadores de paracetamol contendo sódio (risco de 1 ano: 5,6%) e 3.051 entre 146.866 iniciadores de paracetamol sem sódio (risco de 1 ano: 4,6%). A razão de risco (HR) média ponderada foi de 1,59 (intervalo de confiança [IC] de 95% 1,32-1,92).

Entre os indivíduos sem hipertensão7 (idade média: 71,0 anos), 105 DCVs ocorreram entre 5.351 iniciadores de paracetamol contendo sódio (risco de 1 ano: 4,4%) e 2.079 entre 141.948 iniciadores de paracetamol sem sódio (risco de 1 ano: 3,7%), com uma HR média ponderada de 1,45 (IC 95% 1,18-1,79).

Os resultados de desfechos específicos de DCV e mortalidade1 por todas as causas foram semelhantes.

O estudo concluiu que o início de paracetamol contendo sódio foi associado a riscos aumentados de doença cardiovascular e mortalidade1 por todas as causas entre indivíduos com ou sem hipertensão7.

Esses achados sugerem que os indivíduos devem evitar a ingestão excessiva desnecessária de sódio por meio do uso de acetaminofeno contendo sódio.

Leia sobre "Estratégias para reduzir o sal na dieta" e "Informações importantes sobre medicamentos".

 

Fontes:
European Heart Journal, publicação em 24 de fevereiro de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 24 de fevereiro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Paracetamol contendo sódio foi associado a riscos cardíacos e de morte. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1412820/paracetamol-contendo-sodio-foi-associado-a-riscos-cardiacos-e-de-morte.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
4 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
5 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
6 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
7 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
8 Automedicação: Automedicação é a prática de tomar remédios sem a prescrição, orientação e supervisão médicas.
9 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
10 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
11 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
12 Estudos de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
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