Dieta rica em alimentos ultraprocessados está associada a riscos aumentados de mortalidade por todas as causas e por doenças cardiovasculares em indivíduos com doença cardiovascular
Estudo publicado no European Heart Journal teve como objetivo avaliar a associação da ingestão de alimentos ultraprocessados (AUP) e mortalidade1 entre indivíduos com história de doença cardiovascular (DCV) e analisar algumas vias biológicas que possivelmente relacionam a ingestão de AUP à morte.
Foi realizada uma análise longitudinal em 1.171 homens e mulheres (idade média: 67 ± 10 anos) com história de DCV, recrutados no Estudo Moli-sani (2005-10, Itália) e acompanhados por 10,6 anos (mediana).
A ingestão alimentar foi avaliada por meio de um questionário de frequência alimentar. AUP foram definidos pela classificação NOVA de acordo com o grau de processamento e categorizados em quartis da razão (%) entre os AUP (g/dia) e o total de alimentos consumidos (g/dia).
Os efeitos mediadores de 18 biomarcadores inflamatórios, metabólicos, cardiovasculares e renais foram avaliados usando um modelo de regressão logística dentro de uma estrutura contrafactual.
Em análises de Cox ajustadas por multivariáveis, maior ingestão de AUP (Q4, ≥11,3% do total de alimentos), em oposição à menor ingestão (Q1, AUP <4,7%), foi associada a maiores riscos de mortalidade1 por todas as causas (razão de risco [HR]: 1,38; intervalo de confiança [IC] de 95%: 1,00-1,91) e mortalidade1 por DCV (HR: 1,65; IC 95%: 1,07-2,55).
Uma relação linear dose-resposta de 1% de incremento na ingestão de AUP com mortalidade1 por todas as causas e mortalidade1 por DCV também foi observada.
Níveis alterados de cistatina C explicaram 18,3% e 16,6% da relação entre AUP (incremento de 1% na dieta) com mortalidade1 por todas as causas e mortalidade1 por DCV, respectivamente.
Leia sobre "Doenças cardiovasculares2", "O que é uma alimentação saudável" e "Sete passos para um coração3 saudável".
O estudo concluiu que uma dieta rica em alimentos ultraprocessados está associada a riscos aumentados de mortalidade1 por todas as causas e por doenças cardiovasculares2 entre indivíduos com eventos cardiovasculares prévios, possivelmente por meio de uma função renal4 alterada.
O consumo elevado de alimentos ultraprocessados representa um grande problema de saúde5 pública na prevenção secundária de doenças cardiovasculares2.
Fonte: European Heart Journal, publicação em 30 de novembro de 2021.