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Aplicativo para controle da pressão arterial mostrou-se promissor em um estudo de longo prazo inédito

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Uma nova pesquisa sugere que o uso de tecnologia móvel pode ajudar a melhorar a pressão arterial1 por um período de longo prazo, com maior engajamento com a tecnologia associada a maiores melhorias na pressão arterial1.

O estudo, que foi conduzido por pesquisadores da University of California, San Francisco (UCSF), fornece evidências sugerindo que o uso de tecnologia móvel resultou em 84% dos usuários com hipertensão2 estágio 2 reduzindo a pressão arterial1 em 3 anos, e também indica que maior engajamento com a tecnologia foi associado a um menor risco de sofrer de pressão arterial1 muito alta.

“Este é o primeiro estudo publicado e revisado por pares relatando a experiência de longo prazo de um aplicativo digital de saúde3 para gerenciamento de pressão arterial1, com uma magnitude de associação que é clinicamente significativa”, disse a pesquisadora principal Alexis Beatty, MD, cardiologista4 e professora associada da UCSF, em comunicado. “O nível de engajamento é algo que não vi em outros programas de gerenciamento digital da hipertensão2. O engajamento sustentado e as diminuições na pressão arterial sistólica5 de mais de 20 mmHg podem reduzir as chances de uma pessoa de ataque cardíaco, derrame6, doença renal7 e morte.”

Saiba mais sobre "O que vem a ser pressão arterial1", "Hipertensão Arterial8" e "Sintomas9 da hipertensão arterial8".

O estudo foi publicado no JAMA Network Open, e sua importância se dá pelo fato de que não estava claro, até então, se os programas de autogerenciamento da hipertensão2 com tecnologia móvel estão associados ao controle da pressão arterial1 (PA).

Assim, o objetivo do estudo foi examinar se o engajamento com um programa de autogerenciamento da hipertensão2 com um monitor de PA e um aplicativo de smartphone conectado com treinamento digital com base clínica foi associado ao controle da PA durante um período de acompanhamento de até 3 anos.

O estudo de coorte10 inscreveu adultos norte-americanos com PA elevada ou hipertensão2 entre 1º de janeiro de 2015 e 1º de julho de 2020. O programa de autogerenciamento da hipertensão2 foi fornecido por meio do plano de saúde3 do empregador do participante (ou de seu cônjuge).

A exposição do estudo foi o engajamento no programa, definido pelo número médio de sessões no aplicativo.

Os principais desfechos e medidas foram a PA sistólica e diastólica medida por um monitor de PA aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA, com categorias definidas como normal (PA sistólica, <120 mmHg), elevada (PA sistólica, 120-129 mmHg), hipertensão2 estágio 1 (PA sistólica, 130-139 mmHg) e hipertensão2 de estágio 2 (PA sistólica ≥140 mmHg). Outras medidas incluíram idade, sexo, depressão, ansiedade, diabetes11, colesterol12 alto, tabagismo, região geográfica, índice de privação da área, peso autorrelatado e atividade física medida por dispositivo (passos por dia).

Entre 28.189 participantes (idade mediana [IQR], 51 [43-58] anos; 9.424 mulheres [40,4%]; 13.902 homens [59,6%]), a mediana (IQR) da PA sistólica basal foi de 129,5 mmHg (120,5-139,6 mmHg) e a PA diastólica era 81,7 mmHg (75,7-88,4 mmHg).

A pressão arterial sistólica5 média em 1 ano melhorou pelo menos 1 categoria para 495 de 934 participantes (53,0%) com pressão basal elevada, 673 de 966 (69,7%) com hipertensão2 estágio 1 na base e 920 de 1075 (85,7%) com hipertensão2 estágio 2 na base.

Os participantes no programa por 3 anos tiveram uma redução média (EPM – erro padrão da média) da PA sistólica de 7,2 (0,4), 12,2 (0,7) e 20,9 (1,7) mmHg em comparação com a linha de base para aqueles começando com pressão elevada, hipertensão2 estágio 1 e estágio 2, respectivamente.

Maior engajamento foi associado a menor PA sistólica ao longo do tempo (grupo de alto engajamento: 131,2 mmHg; IC de 95%, 115,5-155,8 mmHg; grupo de engajamento médio: 133,4 mmHg; IC de 95%, 116,3-159,5 mmHg; grupo de baixo engajamento: 135,5 mmHg; IC de 95%, 117,3-164,8 mmHg; P <0,001); esses resultados persistiram após o ajuste para idade, sexo, depressão, ansiedade, diabetes11, colesterol12 alto, tabagismo, classificação do índice de privação da área e região dos EUA, que foi parcialmente mediado por maior atividade física.

Uma PA muito alta (PA sistólica >180 mmHg) foi observada 11.637 vezes em 3.778 participantes. Maior engajamento foi associado a menor risco de PA muito alta; a probabilidade estimada de uma PA muito alta foi maior no grupo de baixo engajamento (1,42%; IC 95%, 1,26%-1,59%) em comparação com o grupo de engajamento médio (0,79%; IC 95%, 0,71%-0,87% ; P <0,001) e o grupo de alto engajamento (0,53%; IC 95%, 0,45%-0,60%; P <0,001 para comparação com os dois grupos).

Os resultados deste estudo sugerem que um programa de autogerenciamento da hipertensão2 com tecnologia móvel pode apoiar o controle da pressão arterial1 a longo prazo e a detecção da pressão arterial1 muito alta. Esses programas podem melhorar o monitoramento e o controle da pressão arterial1 no mundo real.

Leia sobre "Os mecanismos de ação dos anti-hipertensivos" e "Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial1 (MAPA)".

 

Fontes:
JAMA Network Open, publicação em 15 de outubro de 2021.
Practical Cardiology, notícia publicada em 17 de outubro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Aplicativo para controle da pressão arterial mostrou-se promissor em um estudo de longo prazo inédito. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1404845/aplicativo-para-controle-da-pressao-arterial-mostrou-se-promissor-em-um-estudo-de-longo-prazo-inedito.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
2 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Cardiologista: Médico especializado em tratar pessoas com problemas cardíacos.
5 Pressão arterial sistólica: É a pressão mais elevada (pico) verificada nas artérias durante a fase de sístole do ciclo cardíaco, é também chamada de pressão máxima.
6 Derrame: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
7 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
8 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
9 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
10 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
11 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
12 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
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